Vereadores temem acidente na Lamil em Pará de Minas e cobram fiscalização; empresa se manifesta

Em novembro do ano de 2015 uma tragédia sem precedentes atingiu o Brasil. Uma barragem da mineradora Samarco, controlada pela Vale e BHP Billiton, rompeu no município de Mariana, matando 19 pessoas, destruindo o distrito de Bento Rodrigues, e a lama causou um dano ambiental inimaginável. Os rejeitos caíram na bacia do Rio Doce, contaminando a água, e foi parar no Oceano Atlântico.

Após esse desastre a esperança era que integrantes dos governos estadual e federal, agência reguladora do setor de mineração, fiscais e as próprias mineradoras tomassem as medidas cabíveis para evitar que a tragédia se repetisse. Mas não fizeram nada disso, mesmo que insistam em dizer o contrário.

Isso pode ser comprovado com outra tragédia na barragem de outra mina da mineradora Vale, no município de Brumadinho, no dia 25 de janeiro de 2019. A lama já matou 169 pessoas e outras 160 estão desaparecidas. Também destruiu propriedades rurais, casas, pousadas e os sonhos de centenas de famílias que viram suas histórias construídas durante uma vida inteira transformadas em lama pelos rejeitos da barragem da Vale.

Para piorar os sedimentos da barragem também caíram no Rio Paraopeba, que a exemplo do Rio Doce, está “morto” como atestam ambientalistas e o próprio Governo de Minas Gerais que em nota emitida em 31 de janeiro atesta que a água daquele manancial oferece riscos a saúde humana e animal. Também recomendou que todos mantenham distância de 100 metros de suas margens.

Os rejeitos também provocaram impactos muito fortes no município de Pará de Minas. A captação da água no Rio Paraopeba, no distrito de Córrego do Barro, para abastecer a cidade foi suspensa na noite de 29 de janeiro pela concessionária Águas de Pará de Minas.

A população teme novo racionamento de água como no ápice da falta d’água nos anos de 2013 e 2014, mas temem muito mais por sua saúde. Os cidadãos paraminenses não querem nem ouvir falar em retomar a captação de água no Rio Paraopeba, mesmo se um dia, não se sabe quando e se isso ocorrerá, vier um laudo atestando a qualidade da água bruta para tratamento. Tanto que o município já avalia a construção de nova adutora para captação de água, uma vez que não é segredo para ninguém que o Ribeirão Paciência, Córrego dos Paivas e poços artesianos não conseguem abastecer a população em tempos de estiagem. Isso é fato.

Outra questão que vem tirando o sossego de muita gente é a situação da mineradora Lamil, instalada há sete décadas em Pará de Minas. Paraminenses questionavam até então a exploração de agalmatolito, dizendo que o processo fazer tremer as casas provocando rachaduras, principalmente quem reside no alto do Recanto da Lagoa e no Santa Edwiges. A mineradora quando questionada sempre respondeu que a exploração da pedra está de acordo com o que preconiza a legislação e as normas de segurança.

Agora temem um acidente maior envolvendo a mineradora Lamil. O assunto ganhou ressonância durante reunião da Câmara Municipal de Pará de Minas realizada na noite de segunda-feira, 11 de fevereiro, os vereadores discutiram esse tema.

O vereador Ênio Talma Ferreira de Rezende (PSDB) formulou um requerimento direcionado a Lamil solicitando informações sobre o funcionamento da mineradora em Pará de Minas. Ele também resumiu a resposta que recebeu da empresa sobre o processo de exploração do agalmatolito:


Ênio Talma Ferreira de Rezende
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Apesar da resposta, o vereador continua com dúvidas sobre o funcionamento da Lamil. Questiona se técnicos já estiveram no local para comprovar o que disse a empresa e alerta que outros pontos da cidade merecem atenção como a Serra de Santa Cruz, onde está a imagem do Cristo Redentor em Pará de Minas:

Ênio Talma Ferreira de Rezende
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Outro que cobrou uma fiscalização externa nas dependências da mineradora Lamil é o vereador Antônio Carlos dos Santos (PTB). Ele afirma que até a tragédia em Brumadinho ocorrer, a Vale dizia que estava tudo certo e deu no que deu:


Antônio Carlos dos Santos
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A reportagem do Portal GRNEWS procurou a assessoria da mineradora Lamil, que se manifestou por meio de nota.

Veja a íntegra.

“A Lamil esclarece que, a partir do dia 25 de janeiro deste ano quando houve o rompimento da barragem de rejeitos de minério de ferro em Brumadinho-MG, vem recebendo algumas consultas sobre as características de suas operações de mineração.

Com o propósito de manter uma relação honesta, respeitosa e transparente com a comunidade de Pará de Minas, relação esta que tem pautado as atividades da empresa desde sua fundação em 1947, a Lamil informa que:

A empresa não possui, opera ou trabalha com barragens de rejeitos.

A quase totalidade dos rejeitos de mineração gerados pela empresa são sólidos e retornam para a mina subterrânea após o processo de lavra.

Uma pequena parte de rejeitos é úmida e passa por caixas escavadas para sedimentação. Essas caixas escavadas são como piscinas abertas no solo e, portanto, não apresentam risco de rompimento. O rejeito é removido das caixas periodicamente, secado, armazenado em pilhas e, posteriormente, também é depositado no interior da mina subterrânea.

A mina subterrânea é monitorada através de medições semanais e encontra-se completamente estável. Esse monitoramento é realizado desde a implantação da mina subterrânea no ano 2000, portanto, há 19 anos.

A empresa opera duas minas em suas instalações industriais: uma subterrânea e uma a céu aberto. Cerca de 80% da produção é proveniente da mina subterrânea e cerca de 20% da produção é proveniente da mina a céu aberto. Atualmente a empresa realiza aproximadamente três detonações anuais na mina a céu aberto, segue rigorosamente as normas de mineração e efetua seus desmontes de rochas (detonações com explosivos) amparada na norma NRM 9563 da ABNT que define os limites de ruído e vibração para desmontes em área urbana. Todas essas detonações são monitoradas por sismógrafos (o mesmo aparelho que mede tremores de terra). Os resultados dos laudos de monitoramento emitidos apontam que os níveis de vibração medidos estão significativamente abaixo do permitido pelas normas regulamentadoras vigentes. A mina a céu aberto e a mina subterrânea da empresa encontram-se em operação conforme o Plano de Aproveitamento Econômico (PAE), constante no grupamento mineiro N° DNPM 930.157/1999, aprovado e registrado no antigo DNPM, atual ANM (Agência Nacional de Mineração), órgão este responsável pela mineração no país e que fiscaliza periodicamente a empresa.

Além da sismografia citada acima, a empresa faz medições periódicas de ruído de entorno nos limites de sua propriedade, medição e análise periódica de emissão de particulados (poeira) na planta de beneficiamento, bem como análise periódica da qualidade da água direcionada ao curso d’água que corta a empresa. Todas essas medições e análises são sistematicamente encaminhadas aos órgãos governamentais competentes e encontram-se rigorosamente dentro dos limites legais permitidos.

Com o exposto acima, esperamos ter apresentado com clareza e objetividade as informações solicitadas à Lamil até o presente momento.”

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