Indústria eletroeletrônica projeta retração no 1º semestre de 2025 em meio a desafios econômicos

A indústria brasileira de eletroeletrônicos enfrenta um cenário de desaceleração no primeiro semestre de 2025, com projeção de queda de 1% nas vendas em comparação ao mesmo período do ano anterior. Essa expectativa da Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros) surge após um ano de 2024 de forte crescimento, que registrou um aumento expressivo de 29%, marcando os melhores resultados da década. A atual retração é atribuída a uma combinação de fatores como a piora nas condições gerais de crédito, o aumento da inflação e a instabilidade econômica.
Queda nas vendas e mudança no perfil do consumo
A análise do setor aponta uma diminuição nas vendas de segmentos como a Linha Marrom, Linha Branca e, principalmente, a Linha Portátil. Os produtos portáteis, que incluem itens como fritadeiras, ventiladores e aspiradores autônomos, representam 66% das vendas do setor e já registraram uma queda de 6%, com a expectativa de encerrar 2025 com um recuo de 4% em relação a 2024. Em contrapartida, aparelhos de ar-condicionado e a Linha TIC (com lâmpadas inteligentes e monitores, por exemplo) apresentaram um discreto aumento em torno de 1%.
A Eletros destacou em sua nota que “fatores combinados restringem e encarecem o crédito, pressionam o orçamento das famílias e geram insegurança, levando o consumidor a priorizar despesas essenciais, como alimentos e remédios, e a adiar compras de bens duráveis como os eletroeletrônicos. Apesar da resiliência do setor e de avanços recentes, a confiança do consumidor permanece sensível ao contexto macroeconômico”. O aumento das importações de equipamentos de menor valor, especialmente na Linha Portátil, foi um dos elementos que impactaram o desempenho em 2024, apesar do crescimento geral.
Setor de ar-condicionado em risco: o desafio dos compressores
Um dos setores que vinha em ascensão constante desde 2021, o de ar-condicionado, enfrenta agora uma dificuldade significativa para manter seu volume de vendas. O problema reside na prolongada dificuldade no abastecimento de compressores produzidos no Brasil. A produção desses insumos essenciais está concentrada em um único fornecedor nacional, cuja capacidade é insuficiente para atender à demanda crescente. “Esse desequilíbrio tem provocado insegurança e forçado as indústrias do bem final a limitarem sua produção”, alerta a Eletros.
A indústria pleiteia, portanto, a flexibilização das regras em andamento que condicionam benefícios fiscais à compra local, buscando a possibilidade de adquirir compressores de fornecedores externos. Jorge Nascimento, presidente da Eletros, reforçou o pedido: “Há meses o setor de ar-condicionado sofre com a escassez de compressores nacionais, um insumo essencial hoje concentrado em um único fornecedor. A política industrial imposta pelo governo federal exige compra local, mas a produção não atende à demanda. Isso limita a indústria, prejudica o consumidor e compromete o acesso da população ao conforto térmico. É urgente revisar essa regra.”
Perspectivas para o segundo semestre e estratégias de resiliência
A associação prevê que o segundo semestre de 2025 trará uma recuperação gradual em alguns segmentos, impulsionada por sazonalidades importantes como a Black Friday e o Natal. Contudo, a persistência de juros em patamares elevados, a volatilidade cambial e a insegurança econômica podem continuar a impactar negativamente as vendas. Diante desse cenário incerto, a Eletros projeta que as empresas continuarão focadas em otimizar seus estoques, ampliar a eficiência produtiva e ajustar os prazos de negociação com fornecedores e varejo, buscando um equilíbrio entre oferta, demanda e custos. Com informações da Agência Brasil