Estabilidade do clima e ambiente pode evitar milhões de mortes, diz ONU

O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) divulgou a sétima edição do Panorama Ambiental Global (GEO7), um documento que serve como o principal balanço científico periódico sobre a situação do planeta. Lançado nesta semana em Nairóbi, na África, o relatório aponta que a falta de ação diante das urgências climáticas e ambientais pode levar a milhões de mortes e a enormes prejuízos financeiros.

Em contrapartida, o GEO7 apresenta um conjunto de soluções que, se adotadas, têm o potencial de evitar óbitos, reduzir a pobreza e gerar um retorno de até US$ 20 trilhões anuais para a economia global até 2070.

Transformação profunda é necessária
O copresidente de avaliação do GEO7, o cientista Robert Watson, enfatiza que o relatório não apenas detalha os problemas, mas também sublinha a necessidade de mudanças profundas em cinco sistemas críticos e de um esforço que seja coletivo e inclusivo para reverter a atual trajetória ambiental.

“Vai requerer uma transformação sem precedente, integrada, rápida e inovadora das nossas finanças, economia, dos materiais, energia, sistemas alimentares e ambientais. Requer uma mistura de mudanças de comportamento, tecnológicas e nos governos como um todo. Esse não é um desafio para ministros de Meio Ambiente sozinhos. É para cada ministro, em cada governo no mundo, e para toda a sociedade,” afirma Watson.

As recomendações propostas no panorama são vistas como o caminho essencial para:
Prevenir 9 milhões de mortes prematuras relacionadas à poluição.

Retirar 200 milhões de pessoas da subnutrição.

Livrar 150 milhões de pessoas da pobreza extrema.

Apesar dos altos custos iniciais para promover essas transformações, os benefícios a longo prazo superam amplamente os investimentos.

O custo da inação é muito maior
O relatório estima que são necessários US$ 8 trilhões ao ano para que o planeta consiga atingir a neutralidade nas emissões de gases do efeito estufa até 2050, além de financiar a conservação e a restauração da biodiversidade.

No entanto, a diretora executiva do Pnuma, Inger Andersen, adverte que o custo de não agir é significativamente superior. “Para dar apenas um exemplo do cenário apontado pelo relatório, as mudanças climáticas reduzirão 4% do PIB anual até 2050, tirarão muitas vidas e aumentarão a migração forçada”, alerta.

Os custos gerados apenas pela elevação da temperatura e pelos eventos climáticos extremos atingiram a cifra de US$ 143 bilhões anuais nas últimas duas décadas.

A estes valores, somam-se as perdas econômicas anuais relacionadas à saúde:
A poluição do ar resultou em um custo de US$ 8,1 trilhões somente em 2019.

A exposição a substâncias químicas tóxicas presentes nos plásticos é estimada em US$ 1,5 trilhão ao ano.

Diante desse cenário de perdas sociais e econômicas, os cientistas concluem que o caminho delineado pelo relatório deixa de ser uma opção e se torna uma necessidade inevitável.

Andersen reforça: “Os danos evitados e os retornos de longo prazo sobre os investimentos mais do que compensam o que é necessário. Os benefícios macroeconômicos globais desse caminho aparecem em 2050 e crescem para US$ 20 trilhões ao ano até 2070, com um boom a partir daí”.

Nova abordagem de métricas e decisões
O documento também sugere que as nações mudem o modelo atual de tomada de decisões em negociações multilaterais, incluindo a adoção de novas métricas.

A diretora do Pnuma explica que o início dessa jornada requer: “… ir além do PIB como medida do bem-estar econômico, utilizando indicadores inclusivos que também acompanham a saúde humana e o capital natural e continuam a transição para modelos econômicos circulares e uma rápida descarbonização”.

O GEO7 é resultado da colaboração de 287 cientistas de 82 países e mais de 800 revisores globais. O objetivo é fornecer soluções urgentes e eficazes para um planeta mais resiliente.

Inger Andersen finaliza, indicando que o relatório deve servir como um estímulo para as nações darem continuidade aos progressos firmados na COP30 da UNFCCC (Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima), implementando e reforçando suas promessas climáticas. Com informações da Agência Brasil

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