Ruas de São Paulo ecoam grito por Gaza: milhares marcham por cessar-fogo e solidariedade
Milhares de pessoas tomaram as ruas de São Paulo na tarde de ontem (15), em uma marcha pró-Palestina, expressando solidariedade ao povo de Gaza, que enfrenta uma grave crise humanitária sob os ataques militares de Israel. A manifestação, que contou com o apoio de organizações populares, sindicatos e figuras políticas de esquerda, integrou a “Marcha Global para Gaza”, uma iniciativa internacional de movimentos sociais, coletivos e ativistas de direitos humanos.
Durante o ato, parlamentares e ativistas presentes reforçaram a demanda por um cessar-fogo imediato na região e o fim do conflito. Além disso, foi vocalizada a exigência para que o governo brasileiro rompa as relações comerciais com o governo de Benjamin Netanyahu.
A ativista Soraya Misleh, de origem palestina, que acompanha as mobilizações desde o início do conflito, descreveu a manifestação como histórica. Segundo ela, o ato representa uma construção mais ampla, unindo a comunidade árabe-palestina no Brasil, partidos políticos e diversos movimentos. “As vozes palestinas e o apelo do povo palestino pedem por isolamento internacional aos moldes do que foi feito em relação ao apartheid na África do Sul nos anos 90. Neste momento, nós estamos vivendo um holocausto na Palestina, em Gaza, e um bloqueio muito criminoso em que Israel busca a solução final na contínua Nakba, catástrofe que já dura mais de 77 anos”, declarou Misleh.
O pesquisador criativo Cauê Teles e seu filho Guido, de 8 anos, participaram da marcha. Cauê Teles enfatizou a necessidade de o governo brasileiro seguir o exemplo de outras nações, como a Colômbia, e “romper as relações com Israel, porque a gente não pode continuar apoiando o Estado colonial, que está fazendo um genocídio”. O pequeno Guido, por sua vez, ressaltou a importância do protesto, já que as crianças têm sido as principais vítimas dos bombardeios israelenses.
A professora Raquel, que preferiu não divulgar seu sobrenome por medo de retaliação, afirmou que a manifestação visa apoiar o povo palestino “enquanto Israel amplia o conflito e agora bombardeia o Irã”. Ela conclama: “Precisamos fazer alguma coisa”. O administrador André Luiz também defendeu a adesão à demanda pelo rompimento das relações diplomáticas e comerciais com Israel, argumentando que a situação “realmente ultrapassou o limite”.
Da Praça Roosevelt ao coração de Higienópolis: um trajeto de protesto pacífico
O grupo de manifestantes caminhou de forma pacífica da Praça Roosevelt, no centro da capital paulista, em direção à Praça Cinquentenário de Israel, no bairro de Higienópolis. Contudo, a pedido da polícia, a manifestação foi encerrada na Praça Charles Miller. O motivo da solicitação não foi detalhado.
Além de exigir o fim do conflito e o rompimento de relações, a manifestação em São Paulo também prestou apoio à caravana que atravessa o Egito em direção a Rafah, cidade palestina localizada no sul da Faixa de Gaza.
A onda de solidariedade ao povo palestino não se restringiu à capital paulista. Marchas em apoio também ocorreram em diversas outras cidades brasileiras, incluindo Belo Horizonte, Boa Vista, Curitiba, Fortaleza, Goiânia, Porto Alegre, Rio de Janeiro e Rio Grande (RS). Com informações da Agência Brasil