Nova tecnologia analisa qualidade de rações para peixes com baixo custo e sustentável

A Embrapa Pecuária Sudeste adaptou Modelos de Calibração desenvolvidos pelo centro de pesquisa a um equipamento usado por fábricas e laboratórios para análise de parâmetros da qualidade nutricional de rações para peixes. A nova tecnologia reduz até 10 vezes o custo do processo, comparando-se aos métodos clássicos. O resultado é instantâneo, leva menos de um minuto. Nos processos convencionais, pode demorar até 10 dias. A análise é considerada sustentável, já que não utiliza reagentes químicos, não produz resíduos.

A novidade será lançada no dia 20 de setembro durante a quinta edição do International Fish Congress e Fish Expo Brasil (IFC 2023), em Foz do Iguaçu (PR), no estande da Embrapa. O evento reúne todos os elos da cadeia produtiva nacional e internacional.

A adaptação dos modelos de experiência foi feita para o espectrômetro NIR (espectroscopia no infravermelho próximo) de bancada da Büchi Brasil, multinacional suíça parceira da Embrapa na validação técnica da tecnologia.

Vantagens
O valor estimado de uma análise pelos métodos tradicionais é em torno de R$200. Segundo a coordenadora técnica da Büchi, Mariana Dias, via espectroscopia NIR, o custo pode ficar até 10 vezes menor, cerca de R$ 20 para a manutenção do equipamento e a troca de consumíveis. O elevado valor dos procedimentos tradicionais deve-se à grande quantidade de reagentes utilizados e feitos sob medida com mão de obra, pelo tempo gasto para análises individualizadas de cada parâmetro. Também há custos no tratamento dos resíduos antes do descarte.

De acordo com Avelardo Ferreira, analista da Embrapa que coordenou a pesquisa, a técnica de espectroscopia no infravermelho próximo é muito abrangente, sendo utilizada em diversos ramos, como alimentos, farmacêuticos, químicos e, também, na medicina. “No caso da pesquisa, os modelos foram desenvolvidos ao longo de dois anos, a partir da construção de um banco de dados com mais de 200 amostras de diferentes regiões e fabricantes e variedades de espécies de peixes, em diversas fases de desenvolvimento – alevinos, juvenis e engorda. Dessa forma, obtivemos modelos de rações representativas da realidade brasileira”, explica Ferreira.

O modelo de deficiência abrange as quantidades presentes de proteína, fibras, lignina, matéria seca, matéria mineral, celulose e extrato etéreo das amostras. Essas parâmetros são importantes para avaliar a qualidade das rações que estão sendo produzidas.

Para Hermann Schumacher, diretor-geral da Büchi Brasil, o objetivo do projeto contínuo em parceria com a Embrapa é melhorar a eficiência produtiva da fabricação de ração para peixes por meio de um controle de processo eficaz e sustentável, utilizando tecnologia de última geração. “É um produto confiável, robusto e de fácil operação, concebido para tornar a rotina de monitoramento e controle de qualidade da fabricação de rações para peixes um processo simples, em tempo real”, observou Schumacher.

Impactos do novo produto
A tecnologia permite que fábricas e laboratórios realizem um número maior de coletas e análises, já que a técnica é mais barata, simples de execução e fornece resultados imediatos. Com isso, Avelardo Ferreira acredita que há um controle de qualidade maior dos produtos, com resultados positivos nessa cadeia.

A pesquisadora Tarcila de Castro Silva, líder da ação Nutrição e Alimentação, do projeto BRS Aqua, da Embrapa, conta que na piscicultura a ração é um fator importante, porque constitui a maior parte dos custos de produção. A alimentação pode representar mais de 80% dos gastos na produção de peixes.

Qualquer melhoria ou garantia de qualidade pode ter impactos na produtividade e, consequentemente, no meio ambiente. “Os peixes crescem mais e com saúde. O produtor ganha mais, garantindo a continuidade da atividade. Sem o NIR, a ração, muitas vezes, é comercializada sem a garantia do atendimento dos níveis de segurança da sua composição. Com o espectrômetro, além da análise das matérias-primas, as rações prontas podem ser avaliadas ainda na linha de produção. É uma ferramenta que pode contribuir muito com o setor”, diz a pesquisadora.

O experimento
A pesquisa faz parte da área de nutrição do projeto BRS Aqua, apoiada pela cadeia da piscicultura e financiada pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Embrapa e Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

Os trabalhos para construção de modelos de experiência NIR para intervenções diferentes foram iniciados ainda em 2017. A iniciativa foi do químico Gilberto Batista de Souza, da Embrapa, agora aposentado.

A tecnologia já está disponível para aquisição. Com informações da Embrapa

PUBLICIDADE
[wp_bannerize_pro id="valenoticias"]
Don`t copy text!