Crescem casos e mortes por câncer em adultos abaixo dos 50 anos reforçando a importância da prevenção e rastreamento

Estudo publicado na BMJ Oncology mostra que o diagnóstico de câncer em adultos abaixo dos 50 anos aumentou 79,1% entre 1990 e 2019 e a mortalidade no período cresceu 27,7%. Crescimento é mais acentuado entre os 40 e 49 anos. A Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO) destaca que estudo reforça a indicação de início de rastreamento populacional com mamografia aos 40 anos e colonoscopia aos 45 anos, assim como a adoção de estilo de vida saudável desde a infância

O câncer continua sendo uma doença mais comum em idosos, mas é alarmante o aumento de número de casos em adultos abaixo dos 50 anos, em especial na faixa dos 40 aos 49 anos. Estudo publicado em 5 de setembro na revista científica BMJ Oncology evidencia que a incidência global de câncer de início precoce (diagnóstico de câncer em pessoas adultas abaixo de 50 anos) aumentou 79,1% entre 1990 e 2019, saltando de 1,82 milhão para 3,26 milhões. A mortalidade no mesmo período aumentou em 27,7%, ultrapassando a marca de 1 milhão de mortes anuais nesta faixa etária. Os autores também projetam que até 2030 aumente em mais 30% a incidência e haja uma carga extra de 20% de mortes por câncer.

Em 2019, os cânceres abaixo dos 50 anos com maior mortalidade e taxas de anos de vida perdidos por inatividade (DALYs) foram os de mama, pulmão, estômago e colorretal. Ainda nesta faixa etária, a mortalidade por câncer renal e câncer de ovário apresentaram as tendências de crescimento mais rápidas, enquanto câncer de fígado apresentou o declínio mais acentuado. Os principais fatores de risco são a dieta, consumo de álcool e tabagismo (cigarro, incluindo todos os derivados do tabaco e cigarro eletrônico).

“A obesidade, alto consumo de açúcar e de carne vermelha e a inatividade física, tudo isso está começando muito cedo, na infância. Então, aos 40 anos, a pessoa já tem, por exemplo, 35 anos de exposição a estes fatores de risco. E se prevê um aumento de mais 30% nos próximos sete anos, então é um problema que está acontecendo e precisamos agir”, alerta o cirurgião oncológico Héber Salvador, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO) e titular do Núcleo de Abdômen do A.C.Camargo Cancer Center.

Diretriz de rastreamento
A SBCO acompanha a nova diretriz da American Cancer Society, que recomenda que pessoas com risco médio para câncer colorretal façam exames de triagem a partir dos 45 anos. “É uma mudança que, também adotada no Brasil, ajudaria a detectar precocemente este tipo de tumor, ainda mais que um pólipo, para evoluir para câncer, leva cerca de dez anos. A colonoscopia nesta faixa etária reduzia exponencialmente a incidência e mortalidade por este câncer”, ressalta Héber Salvador.

No Brasil, o rastreamento populacional preconizado pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA), do Ministério da Saúde, indica a colonoscopia para pessoas que não têm histórico de câncer colorretal a partir dos 50 anos, com repetição a cada cinco anos. Para câncer de mama, o INCA recomenda também a partir dos 50 anos, com repetição bianual. Também seguindo as diretrizes internacionais, a SBCO, assim como outras sociedades médicas representativas no Brasil, entende ser importante a realização anual de mamografia a partir dos 40 anos para as mulheres sem histórico familiar ou pessoal. Nesses casos, a antecipação, assim como exames complementares, deve ser discutida individualmente com o médico. “Fundamental que os gestores de saúde pública avaliem, embasados nos estudos de custo-efetividade disponíveis, a possibilidade de antecipação do rastreamento de câncer de mama e colorretal, assim como introduza o rastreamento para câncer de pulmão com tomografia de baixa dose para a população tabagista. Além disso, que busque medidas para ampliar o acesso e adesão de exame de Papanicolau e vacina contra HPV, ações com potencial de eliminar o câncer de colo do útero”, acrescenta Héber Salvador, presidente da SBCO.

O estudo publicado na BMJ Oncology analisou 29 tipos de câncer, com base de dados de 204 países, incluindo o Brasil. Os autores são de institutos de pesquisa da China, Estados Unidos, Suécia, Reino Unido e Grécia. Os autores concluem que os dados sugerem ser necessário realizar estudos prospectivos de coorte ao longo da vida para explorar as etiologias (causas) dos cânceres de início precoce e cabe a cada país ajustar as suas estratégias de prevenção com base nas características epidemiológicas internas. Além disso, deve ser encorajado um estilo de vida saudável para reduzir a carga de doenças cancerígenas nesta faixa etária. Com informações da Assessoria de Comunicação da Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica.

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