Cardiopatias Congênitas afetam 30 mil bebês anualmente no Brasil, diz Ministério da Saúde
No Brasil, cerca de dez em cada mil recém-nascidos apresentam alguma cardiopatia congênita, uma má-formação cardíaca que se desenvolve durante a gestação. Esse dado, divulgado pelo Ministério da Saúde, representa aproximadamente 30 mil bebês por ano, e uma média de 40% deles necessita de intervenção cirúrgica ainda no primeiro ano de vida. As cardiopatias congênitas são, ainda, a terceira principal causa de óbito neonatal no país.
Isabela Rangel, diretora médica da organização Pró Criança Cardíaca, ressalta que muitas dessas mortes poderiam ser evitadas com um diagnóstico rápido e preciso. “Após o nascimento, a gente tem um teste de triagem, que é o teste do coraçãozinho. É um exame simples de oximetria feita nas maternidades, ou por pediatras, que pode identificar essas cardiopatias congênitas mais complexas e evitar que possa evoluir de forma desfavorável. A gravidade pode variar de acordo com a patologia: pode ser leve, onde o paciente não vai apresentar sintomas imediatos, até quadros mais severos, com risco iminente à vida, necessitando de abordagem logo nos primeiros dias”, explica.
A Pró Criança Cardíaca é uma instituição sem fins lucrativos que, há 30 anos, oferece atendimento gratuito a crianças com cardiopatia congênita no Rio de Janeiro. Nesse período, a organização já acolheu mais de 16 mil pacientes. Isabela Rangel orienta que os cuidadores estejam atentos a sinais de alerta que o bebê pode manifestar, como:
Cianose: coloração azulada nos lábios, mãos ou pés.
Sudorese intensa: mesmo em repouso.
Palidez durante o choro.
Respiração acelerada.
Cansaço.
Dificuldade para ganhar peso.
Causas e importância do ecocardiograma fetal
A médica esclarece que essas más-formações podem ter origem genética, mas também ambiental, como infecções por certas doenças (a exemplo da rubéola) ou o uso de entorpecentes e medicamentos contraindicados durante a gestação. Além disso, o risco é maior em fetos de gestantes com idade avançada e diabetes não controlada. A Síndrome de Down também apresenta uma forte associação com a cardiopatia congênita.
Nesses casos, a realização de exames mais detalhados para acompanhar o desenvolvimento do coração fetal é fundamental. O ecocardiograma fetal, uma ultrassonografia que avalia o coração do bebê ainda no útero, é um exemplo crucial.
“O ideal seria que todas as gestantes fizessem esse exame, mas por enquanto isso ainda não é possível. Mas, se durante a gestação, for feito o ecocardiograma fetal e diagnosticada uma cardiopatia congênita, ou tenha sido suspeita uma cardiopatia congênita, é importante que a equipe obstétrica já oriente essa mãe para que ela tenha o bebê em um hospital que tenha condições de recebê-los, confirmar ou não a cardiopatia e ter o manejo adequado”, aconselha Rangel.
Isabela Rangel conclui que, com as técnicas cirúrgicas e os medicamentos atuais, grande parte das crianças que recebem diagnóstico e tratamento adequados precocemente pode crescer e viver com qualidade de vida. Com informações da Agência Brasil

