Banco Central estuda nova fonte de financiamento imobiliário

Diante da contínua e expressiva saída de recursos da caderneta de poupança, o Banco Central (BC) está desenvolvendo um novo modelo para financiar a aquisição de imóveis no Brasil. A informação foi divulgada pelo presidente do órgão, Gabriel Galípolo, que indicou que uma proposta já está em debate com as principais instituições financeiras do país.
“Estamos trabalhando nisso, conversando com os bancos, especialmente a Caixa, e pretendemos apresentar em breve um processo ponte que vai utilizar a captação de mercado para normalizar isso [as fontes de financiamento para o setor imobiliário]”, declarou Galípolo durante um evento sobre inovação financeira organizado pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban), em São Paulo.
No mês passado, a poupança registrou um saldo positivo de R$ 336,87 milhões, com mais depósitos do que retiradas. Contudo, o período acumulado de janeiro a maio revela um cenário diferente: os brasileiros sacaram R$ 51,77 bilhões a mais do que depositaram na caderneta, indicando uma tendência de desinteresse pela aplicação.
Para o presidente do BC, essa movimentação representa uma mudança duradoura no comportamento dos investidores. “Acho que a perda de recursos é mais estrutural, já que é difícil de competir com outras alternativas hoje. Parece natural, com mais educação financeira, a redução de recursos da poupança”, avaliou.
Desde 2021, a caderneta de poupança tem registrado sucessivos meses de mais saques do que depósitos. A perda de atratividade da aplicação é atribuída, entre outros fatores, aos juros elevados, que tornam outras opções de investimento de baixo risco, como os títulos do Tesouro Direto, mais rentáveis e acessíveis.
Sistema de poupança e empréstimo em xeque
Atualmente, 65% dos valores depositados na poupança são direcionados ao Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE). Essa modalidade é responsável por financiar imóveis de até R$ 1,5 milhão, com taxas de juros limitadas a 12% ao ano. Imóveis com valor superior são financiados pelo Sistema Financeiro Imobiliário (SFI), que se baseia em recursos de mercado, como as Letras de Crédito Imobiliário (LCI).
A discussão sobre um modelo alternativo para o financiamento imobiliário ganha ainda mais relevância no momento em que o governo propõe uma taxação de 5% de Imposto de Renda sobre as LCI. Atualmente, esses títulos privados são isentos de tributação, o que os torna uma opção atrativa para investidores. Com informações da Agência Brasil