Paraminenses reagem, prefeito diz que HNSC não atenderá só pacientes com COVID-19 e responde ao MP sobre flexibiização

O assunto se tornou um dos mais comentados em Pará de Minas após o Portal GRNEWS publicar na noite de quarta-feira, 22 de abril, declarações do interventor municipal Clelton de Faria Pacheco informando que o Hospital Nossa Senhora da Conceição (HNSC) passaria a ser referência microrregional para receber pacientes com o novo coronavírus (COVID-19) de outras cidades.

Disse também que a decisão era parte do plano macrorregional de atendimento elaborado pela Secretaria de Estado da Saúde (SES-MG). Assim, o hospital de Pará de Minas receberia os pacientes com COVID-19 dos municípios vizinhos. Em contrapartida outros hospitais da região ficariam responsáveis por atender pacientes da microrregião, inclusive os paraminenses, que necessitassem de outras especialidades médicas, como ortopedia, por exemplo.

Falou também que o plano do governo de Minas Gerais não era tão ruim e ajudaria financeiramente o HNSC. Também pontuou que o plano macrorregional de atendimento poderia sofrer alterações, caso algum município não concordasse com os termos propostos pela SES-MG.

A partir da publicação no Portal GRNEWS as reações contrárias começaram rapidamente nas redes sociais por parte dos paraminenses e seguem intensas. Alguns dizem que o HNSC não tem estrutura nem para atender os pacientes de Pará de Minas em caso de um surto de COVID-19, e também não teria condições de receber pacientes de outras cidades.

Outros argumentaram que seria um risco para os paraminenses essa decisão da prefeitura, que é a interventora do HNSC, pois com o fluxo maior de pacientes com o novo coronavírus poderia contribuir para o aumento dos casos na cidade.

Uma corrente de manifestantes questiona a exposição maior dos médicos, enfermeiros e toda equipe do Hospital Nossa Senhora da Conceição no atendimento aos pacientes com COVID-19 de Pará de Minas e outros municípios.

Os comerciantes também ficaram surpresos com a decisão do Município em tornar o HNSC em referência para atender pacientes com COVID-19, fazendo aumentar o risco de contaminação na cidade. Lembraram que seus estabelecimentos ficaram fechados por 30 dias, durante o isolamento social, e só foram reabertos no dia 22 de abril, com restrições, por meio do Decreto Municipal 11.084, editado no dia 18 de abril. Salientam que o mesmo documento regulamenta que se porventura for constatado aumento dos casos da doença em Pará de Minas, o comércio será fechado novamente. Eles não querem nem pensar nessa possibilidade e prometem fazer o possível em suas empresas para que não ocorra a disseminação do novo coronavírus.

Para complicar ainda mais a situação, os paraminenses ficaram surpresos e muitos aprovaram outra publicação no Portal GRNEWS, na qual o prefeito de Formiga Eugênio Vilela Júnior (PP) ameaçou colocar tratores e caminhões na porta da Santa Casa daquela cidade para impedir a entrada de pacientes de outras cidades com COVID-19, conforme previsto no plano macrorregional de atendimento da SES-MG. Muitos disseram que o prefeito de Pará de Minas Elias Diniz (PSD) deveria fazer o mesmo.

Na tarde de sexta-feira, 24 de abril, o vereador Marcus Vinícius Rios Faria (MDB) disse ao Portal GRNEWS que é totalmente contra o HNSC receber pacientes com COVID-19 de outras cidades. Também disse que seria muito difícil para o cidadão paraminense que precisar de atendimento em outras especialidades ter que se deslocar até outro município em busca de atendimento, sendo que em Pará de Minas tem um hospital capaz de atender boa parte delas.

No início da noite de sexta (24) o presidente da Mesa Diretora da Câmara Municipal de Pará de Minas Marcílio Magela de Souza (MDB) entregou um ofício ao secretário municipal de Saúde Wagner Magesty com o posicionamento contrário do Legislativo paraminense em tornar o HNSC referência para COVID-19 na microrregião. O documento assinado por todos os vereadores reforça o que havia sido dito pelo interventor do hospital que poderia haver mudança no plano, caso algum município discordasse dos termos. A Câmara salienta que cabe ao gestor municipal aceitar ou não. Em outras palavras o HNSC só se transformaria em referência para COVID-19 com a aprovação do prefeito Elias Diniz.

O assunto continua rendendo das redes sociais e também tem quem afirme que o Município de Pará de Minas é pólo microrregional e por isso tem a obrigação de receber os pacientes de outras cidades. Estes consideram acertada a decisão do HNSC, que inclusive tem pactuação de atendimento firmado com os municípios vizinhos.

Diante de tantas manifestações contrárias e também com o objetivo de esclarecer a situação, o prefeito Elias Diniz e o secretário municipal de Saúde Wagner Magesty se posicionaram sobre o assunto neste sábado (25).

Ao citar as manifestações contrárias, Wagner Magesty deu um entendimento diferente à fala de quarta (22) do interventor do HNSC Clelton de Faria Pacheco e afirma que o município não aceitou tornar o único hospital de Pará de Minas em referência para tratar somente pacientes com COVID-19 da microrregião:

Ascom Prefeitura de Pará de Minas/Reprodução

Wagner Magesty
wagnerhnsccovidnao1

O prefeito Elias Diniz também falou neste sábado (25) sobre a situação da Saúde em Pará de Minas e garante que a estrutura esta adequada para atender a população. Assim como o secretário de Saúde também se manifesta dizendo que o HNSC não será referência somente para pacientes com COVID-19 da microrregião, na tentativa de tranquilizar a população:

Elias Diniz
eliashnsccovidnao1

Disse ainda que a situação sobre a COVID-19 está sendo muito bem monitorada em Pará de Minas, seja por meio das notificações, casos suspeitos ou confirmados. Apesar disso, ele aproveita para dizer a população paraminense que ninguém pode relaxar. Todos devem manter os cuidados necessários, como o uso de máscaras, caso contrário, poderemos ter uma explosão de casos do novo coronavírus e o sistema de Saúde de Pará de Minas pode não suportar a demanda:

Ascom Prefeitura de Pará de Minas/Reprodução

Elias Diniz
eliashnsccovidnao2

E conforme publicado pelo Portal GRNEWS, o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) por meio da 2ª Promotoria de Justiça da Comarca de Pará de Minas enviou no dia 22 de abril ao prefeito Elias Diniz um ofício requisitando que o chefe do executivo municipal enviasse ao promotor Charles Daniel França Salomão os motivos que levaram a administração flexibilizar as regras relativas ao isolamento social em Pará de Minas. Ontem (24) vencia o prazo para a manifestação do Município. Questionada por nossa reportagem, a gestão municipal não quis falar sobre o assunto. Porém, neste sábado (25), Wagner Magesty diz que um plano de contingenciamento foi entregue ontem ao MPMG, cujo promotor deverá se posicionar posteriormente se os argumentos apresentados são suficientes para manter a flexibilização do isolamento social:

Wagner Magesty
wagnerhnsccovidnao2

O prefeito Elias Diniz e o secretário municipal de Saúde Wagner Magesty estiveram na manhã deste sábado (25) na Unidade de Pronto Atendimento (UPA), no bairro Senador Valadares. Também publicaram vídeo mostrando que naquele momento o movimento era tranquilo na UPA com baixa demanda de pacientes em busca de atendimento. Eles percorreram os corredores da unidade de saúde, mostraram uma das enfermarias vazia e a sala vermelha também sem pacientes. Tudo isso para tentar tranquilizar a população paraminense.

Em meio a tudo isso em posicionamentos anteriores, o prefeito Elias Diniz havia dito que investimentos e isolamento social mantiveram números de COVID-19 baixos em Pará de Minas. O secretário municipal de Saúde Wagner Magesty também afirmou que leitos disponíveis atendem a demanda momentânea em Pará de Minas, mas sem cuidados situação pode agravar. Antes ele tinha dito que poderemos viver dias sombrios devido a COVID-19, casos os paraminenses não mantenham o distanciamento social e cumpram as recomendações.

Portal GRNEWS © Todos os direitos reservados.

PUBLICIDADE
[wp_bannerize_pro id="valenoticias"]
Don`t copy text!