O ser humano está preparado para suportar momentos extremos em meio à dor e a tragédia? Psicóloga responde
O limite que cada ser humano é capaz de suportar em momentos extremos de sua vida foi colocado a prova mais uma vez com a tragédia provocada pelo rompimento da barragem da mineradora Vale em Brumadinho, em 25 de janeiro de 2019.
Nesta segunda-feira, 25 de fevereiro, completa um mês da ocorrência desse desastre em Brumadinho. O último levantamento, divulgado há dois dias, mostra que 179 pessoas morreram na tragédia e há 131 desaparecidas. O trabalho do Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais (CBMMG) em busca de vítimas continua.
O dano ambiental causado pelos rejeitos da mineradora ainda não pode ser calculado. Fato é, que a Vale também tirou o sossego da população de Pará de Minas, por exemplo, que convive com o medo do racionamento de água que deve ocorrer mais dia menos dia, caso não seja construída em caráter de urgência uma nova adutora para abastecer o município. A captação no Rio Paraopeba está suspensa desde a noite de 29 de janeiro devido a contaminação da água do rio pelos sedimentos da barragem da Vale.
Por outro lado, é difícil mensurar a dor daqueles envolvidos diretamente neste desastre que contabiliza mais de 300 entre pessoas mortas e desaparecidas em meio à lama de rejeitos.
Nos relatos é comum observar o desespero de muitos, a agonia de outros, a falta de esperança de encontrar um ente desaparecido em Brumadinho e outros sem expectativas pelo ressarcimento de danos por parte da Vale. O retrospecto anterior, com base no que ocorreu com o rompimento da barragem da Samarco em Mariana que tem a Vale como um de suas controladoras, não é nada favorável nesse sentido.
Neste cenário surge a indagação quanto ao limite do ser humano. Será que as pessoas estão preparadas para enfrentar momentos extremos que podem surgir na vida de qualquer um sem prévio aviso?
Em busca dessa resposta a reportagem do Portal GRNEWS conversou com a psicóloga Marina Saraiva, que também responde pela Coordenação de Saúde Mental da Secretaria Municipal de Saúde em Pará de Minas. Para ela ninguém está preparado para um impacto tão grande quanto o provocado pela tragédia da Vale em Brumadinho que tem cheiro de morte e de luto interminável:
Marina Saraiva
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Ela argumenta que para superar momentos de tantas perdas como este, não existe um manual que ensine a pessoa a passar por esse luto, que seria uma coisa natural do ser humano, mas que ganha conotação maior:
Marina Saraiva
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Outra constatação é que nesta situação em que impera a raiva e o sentimento de impunidade em relação aos responsáveis por essa tragédia, poucos conseguem superar tudo isso com calma e serenidade:
Marina Saraiva
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A lama da barragem da mineradora Vale em Brumadinho levou muitas pessoas, propriedades, histórias de vida, a confiança no futuro e também ceifou muitos sonhos de todos os envolvidos, que não poderão ser ressarcidos por nenhum valor material:
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Em meio a tanta dor e angústia que acometem as pessoas vitimadas por essa tragédia, é importante que aqueles que enfrentam a situação de maneira indireta saibam ouvir o lamento, o desabafo daqueles que sofrem:
Marina Saraiva
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Outro dilema alimentado por muitos enquanto os homens do Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais (CBMMG) ainda fazem buscas tentando encontrar pessoas é qual a dor maior: a certeza da morte ou de saber que um ente simplesmente desapareceu? Para a psicóloga esta questão não é fácil de ser respondida:
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A psicóloga Marina Saraiva diz que quem não está envolvido diretamente nesta situação extrema deve amparar, demonstrar carinho, amor, compreensão, compaixão e emprestar suas forças para quem está precisando se reerguer dessa tragédia provocada pelo rompimento da barragem da Vale em Brumadinho.
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