Solidão aumenta quatro vezes a prevalência de depressão em pessoas idosas; entenda

Uma pesquisa realizada pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) revelou que a depressão é quatro vezes mais comum entre idosos que relatam se sentirem sempre sozinhos, e o risco de desenvolver a doença dobra pelo simples fato de morar só. A psicóloga e professora do curso de Psicologia do Centro Universitário Fametro (Unifametro), Maria Zelfa Oliveira, explica que as implicações trazidas pelo distanciamento social decorrente da pandemia de Covid-19 podem ter ocasionado uma maior correlação entre solidão e depressão.

De acordo com a psicóloga, a solidão diz respeito a um sentimento de abandono e tristeza, associados à percepção de isolamento social. Na velhice, é comum que esteja relacionada a perda de papéis, espaços e relações sociais.

“Devido às mudanças no modo de viver e aos estigmas socialmente colocados sobre a velhice, o indivíduo pode sentir que já não é útil ou produtivo como antes, que sua sexualidade não pode mais ser vivida e que algumas de suas potencialidades estão estagnadas. O mal-estar gerado daí fragiliza os laços sociais e pode contribuir para que, processualmente, os sujeitos se sintam mais entristecidos e, mesmo, deprimidos”, detalhou Maria Zelfa.

Outros fatores que atravessam o envelhecer, também podem contribuir para o desenvolvimento da depressão em idosos, segundo a especialista:

– O cenário atual de constituição de relações fluidas e aceleradas;

– A cobrança por um alto índice de produtividade;

– O uso das redes sociais, que podem promover novas redes de apoio, mas também distanciamentos;

– A exacerbação das práticas de consumo;

– A eleição da juventude como um valor;

– Alimentação e sono de baixa qualidade, ausência de hábitos saudáveis e exposição a vulnerabilidades.

O estudo, publicado na revista “Cadernos de Saúde Pública”, aponta, ainda, que é mais provável que mulheres com mais de 80 anos que nunca frequentaram a escola se sintam frequentemente sozinhas ou solitárias.

“A depender de características como raça, classe e gênero, os modos de envelhecer podem estar associados a dificuldades que vão além de impossibilidades físicas ou biológicas. Comprovadamente, há uma maior prevalência de sofrimento na velhice de sujeitos que fazem parte de minorias sociais, que historicamente têm sofrido diferentes modos de violências, como mulheres, negros, indígenas, pessoas LGBTQIAPN+, pobres, entre outros”, elucida Maria Zelda.

Para a psicóloga, lidar com os sofrimentos relacionados à solidão também implica a família, a comunidade e a sociedade. “Requer o fortalecimento dos laços sociais, a valorização do sujeito, a possibilidade de se encontrar em outros papéis sociais, a convivência com outras pessoas, o acesso a políticas públicas, comportamentos saudáveis, boa alimentação, sono de qualidade e acompanhamento de profissionais. Isso pode contribuir com a superação do sentimento de solidão e do mal-estar”, finaliza. Com informações da Assessoria de Comunicação do Centro Universitário Fametro.

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