Corrida contra o tempo no Porto de Santos por causa de novas tarifas dos EUA
O Porto de Santos, o maior da América Latina e responsável por cerca de 30% da corrente comercial brasileira, registrou um aumento expressivo nos embarques de produtos para os Estados Unidos. Essa corrida se intensificou após o anúncio, em 9 de julho, de novas tarifas americanas sobre as importações brasileiras, com impacto direto no fluxo de mercadorias.
A administração do terminal portuário avalia que se trata de uma “corrida contra o tempo”, já que as novas tarifas, fixadas em 50%, entrarão em vigor em 1º de agosto, caso não haja reversão ou adiamento. O objetivo dos exportadores é escoar o máximo de produtos antes que essas taxas adicionais passem a valer.
Proteína animal e café impulsionam movimentação
Segundo dados da Autoridade Portuária de Santos, o embarque de proteína animal (carne bovina, frango, porco e miúdos) por contêineres cresceu 96% nas duas primeiras semanas de julho. A exportação de café, especialmente para o mercado norte-americano, também apresentou um aumento significativo de 17% no mesmo período. Anderson Pomini, presidente da autoridade portuária, informou ainda que as 50 mil toneladas de celulose embarcadas superaram os volumes dos meses anteriores.
Para dar conta desse volume extra, o tráfego de caminhões até o terminal portuário registrou um aumento de aproximadamente 70%. “Percebemos uma corrida dos exportadores para escaparem da tarifa dos 50%”, completou Pomini.
O presidente da autoridade portuária integrou o grupo de empresários e autoridades que se reuniu nesta semana com o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, para discutir o tema das novas tarifas.
Os Estados Unidos são o segundo principal destino dos produtos que passam pelo porto paulista, ficando atrás apenas da China. O ranking dos principais parceiros comerciais do Brasil que utilizam o Porto de Santos é liderado pela China (47,1%), seguida por Estados Unidos (22,2%), Alemanha (8%), Índia (5,3%) e Japão (5%). Os demais países representam 12,4% das movimentações.
“Chantagem inaceitável”: a resposta do Brasil
As novas tarifas americanas fazem parte de uma rodada de imposições contra parceiros comerciais. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou que os produtos brasileiros serão taxados em 50% a partir de agosto, condicionando a retirada das sanções ao encerramento da ação penal contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, no Supremo Tribunal Federal, relacionada à tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. Além disso, o governo dos EUA iniciou uma investigação comercial sobre práticas brasileiras, como o Pix.
Em pronunciamento na TV na noite de quinta-feira (17), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva classificou a imposição unilateral de tarifas como uma “chantagem inaceitável”. “Fizemos mais de 10 reuniões com o governo dos Estados Unidos, e encaminhamos, em 16 de maio, uma proposta de negociação. Esperávamos uma resposta, e o que veio foi uma chantagem inaceitável, em forma de ameaças às instituições brasileiras, e com informações falsas sobre o comércio entre o Brasil e os Estados Unidos”, declarou o presidente. Com informações da Agência Brasil

