Ato na 25 de Março repudia interferência de Trump e tarifas contra o Brasil

Trabalhadores e sindicalistas se manifestaram na sexta-feira (18), na tradicional Rua 25 de Março, no centro de São Paulo, para repudiar o que consideram uma tentativa de interferência do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, nos assuntos internos do Brasil. A manifestação ocorreu em resposta à inclusão do conhecido centro de comércio popular em uma ação comercial americana que anunciou tarifas contra exportações brasileiras. O governo dos EUA abriu uma investigação comercial contra o Brasil, alegando, entre outras questões, a suposta venda de produtos falsificados e pirataria na região da 25 de Março.

O protesto foi organizado pelo Sindicato dos Comerciários de São Paulo (SECSP), em parceria com a União Geral dos Trabalhadores (UGT). A ação também se insurgiu contra as críticas de Trump ao Pix e aos fundamentos da economia brasileira.

“Brasil acima da mentira!”: trabalhadores se unem contra a ameaça
Com faixas, cartazes e palavras de ordem como “Brasil acima da mentira!” e “Emprego sim, chantagem não!”, dirigentes sindicais, trabalhadores e trabalhadoras se concentraram em frente aos estabelecimentos comerciais da região. O sindicato distribuiu cartazes com a imagem de Donald Trump, estampada com a palavra “mentiroso”, que foram espalhados por estações de metrô como Anhangabaú e República. A campanha visual busca mobilizar não apenas os trabalhadores, mas também os consumidores que frequentam a região central de São Paulo.

Em meio a uma nova rodada de tarifas contra parceiros comerciais, o presidente dos Estados Unidos anunciou que produtos brasileiros serão taxados em 50% a partir de agosto. Trump condiciona a retirada das sanções ao encerramento da ação penal contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, no Supremo Tribunal Federal (STF), relacionada à tentativa de golpe de Estado após a derrota nas eleições de 2022.

Rovena Rosa/Agência Brasil

Ataque à soberania e economia brasileiras
Segundo o SECSP, a postura do presidente americano é um ataque à soberania nacional, ao incluir o Brasil em um relatório do Escritório do Representante de Comércio dos EUA (USTR). Este relatório invoca a Seção 301 da lei comercial americana de 1974, dispositivo que permite a imposição de tarifas sob alegação de práticas comerciais injustificáveis por parte de governos estrangeiros, o que culminou no anúncio do “tarifaço” de 50% sobre produtos brasileiros.

Para o presidente do Sindicato dos Comerciários e da UGT, Ricardo Patah, essa ação representa um ataque direto à soberania e à economia do Brasil, além de ser uma interferência inaceitável nos assuntos internos do país. “Sou descendente de libanês e cresci na 25 de Março. Acompanhei de perto toda a sua transformação. Mudaram as mercadorias, os povos, as línguas, mas a importância da região como polo de comércio popular nunca mudou. Representamos aqui mais de 5 mil trabalhadores e trabalhadoras, que não aceitam ser prejudicados por um lunático que quer interferir na nossa economia e na nossa democracia”, afirmou Patah.

O líder sindical ressaltou que a postura de Trump representa um risco concreto ao emprego e à dignidade de milhares de famílias brasileiras, e garantiu que os sindicatos não permitirão demissões ou instabilidade causadas por chantagens externas. “O Brasil é um país soberano, democrático e com poderes constituídos. E é o povo brasileiro quem deve decidir o rumo do país, não um presidente estrangeiro que já demonstrou desprezo por instituições e pela verdade”.

Amplo apoio e dados da balança comercial
O ato contou com a presença de diversas categorias e entidades, além do Sindicato dos Comerciários e da UGT. Estiveram presentes representantes da CTB, Força Sindical, Construção Civil SP, Cargas Próprias, Federação dos Transportes, Condutores de SP, Sintratel, Metalúrgicos de Guarulhos e Região, Sindnap, motoboys, vigilantes, Sindbast, além de dirigentes partidários do PCdoB e dezenas de trabalhadores que manifestaram apoio direto das portas das lojas.

O SECSP reforçou que, nos últimos 15 anos, os Estados Unidos acumularam um superávit de 410 bilhões de dólares na balança comercial com o Brasil. “Ou seja, não há qualquer desequilíbrio prejudicial aos EUA, muito pelo contrário. O Brasil tem sido um parceiro leal, responsável e essencial para o equilíbrio comercial nas Américas”, destacou o sindicato. Com informações da Agência Brasil

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