Biólogo aprova TAC, defende fiscalização intensa de obras da Vale e pede ajuda para quem mora próximo ao Paraopeba
O Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado entre representantes da mineradora Vale, município de Pará de Minas, Águas de Pará de Minas e Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) foi assinado na segunda-feira, 18 de março.
No TAC constam as obrigações que a mineradora tem para com a cidade, como construção de uma adutora que vai captar água no Rio Pará, perfuração de poços artesianos, construção de um reservatório de 100 mil litros de água e a disponibilização de caminhões pipa para abastecer o município no período de estiagem. E tudo isso com prazo estipulado que se não cumprido a multa de R$100 mil por dia já prevista pelo MP.
O município de Pará de Minas e vários órgãos da cidade têm trabalhado em conjunto desde o rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, no último 25 de janeiro. Além de ações junto a outras cidades e muitas reuniões, foi criado em Pará de Minas o Comitê de Gestão de Crise da Água para tratar especificamente dessa questão do Paraopeba que antes era responsável por abastecer boa parte do município.
Neste Comitê, profissionais de vários setores e pessoas já conhecidas dos paraminenses, como é o caso do biólogo e ambientalista José Hermano de Oliveira Franco. Ele inclusive era o coordenador do Comitê, mas deixou o cargo na segunda-feira, 11 de março.
Desde que os rejeitos da lama de minério poluíram o Rio Paraopeba ele tem acompanhado de perto a situação e até foi a Brumadinho. Da barragem desceram 12 milhões de m³ de rejeitos e segundo especialistas, pouco mais de dois milhões teriam chegado ao Paraopeba em um primeiro momento. Porém, segundo José Hermano, com as chuvas e a densidade da lama, estes dois milhões virariam oito milhões de m³. Situação que tornou, o que ele considera um rio morto, por causa da poluição e a importância de conscientizar a população que é impossível utilizar água do Paraopeba nos próximos anos.
O ambientalista participou de reunião da Câmara de Vereadores realizada na segunda-feira, 18 de março, usou a tribuna e explicou aos membros do Legislativo a atual situação do rio:
José Hermano de Oliveira Franco
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José Hermano, que ainda faz parte do Comitê mas não havia visto o TAC, falou sobre o termo. Ele ressaltou a importância de ter um acordo firmado junto a Vale. Porém pede aos vereadores que fiscalizem os prazos e se as obrigações serão mesmo efetivadas e darão certo.
Salienta ainda que o Ribeirão Moreiras não consegue abastecer sozinho Pará de Minas:
José Hermano de Oliveira Franco
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Ele está preocupado com as pessoas que moram próximo ao Rio Paraopeba. De acordo com José Hermano o rio é naturalmente feio e estes moradores não acreditam que os rejeitos da lama vão demorar a descer. Por isso ele ressalta a importância do município atuar diretamente com estas pessoas em relação à conscientização da não utilização da água que está contaminada e pode causar danos à saúde:
José Hermano de Oliveira Franco
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José Hermano de Oliveira Franco sugeriu que vereadores e prefeitura criem um plano de ação para tratar diretamente com a população ribeirinha.
E profissionais devem ajudar estas pessoas no acordo com a Vale que garantiu pagar uma doação mensal aos afetados que vivem até um quilômetro para cada lado do rio, entre Brumadinho e Pompéu.
Adultos recebem um salário mínimo. Adolescentes, metade do salário e menores de 12 anos, o equivalente a um quarto de salário. Estes moradores devem se cadastrar e o ambientalista acredita que muita gente não sabe disso e nem tem como fazer esta inscrição, daí a necessidade do apoio de profissionais do município.
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