Kit facilita a difusão de cultivares de capins pelas regiões produtoras de gado de corte
Em parceria com a Associação para o Fomento à Pesquisa de Melhoramento de Forrageiras (Unipasto), uma equipe de transferência de tecnologia da Embrapa Gado de Corte difunde as cultivares de capins pelas regiões produtoras de gado de corte do País por meio do envio de Kits Agrostológicos, que têm como objetivo orientar a implantação de campos agrostológicos, proporcionando um padrão mínimo tanto à implantação quanto à condução das forrageiras.
“A necessidade de criarmos esse material nasceu em 2018, para atendermos a crescente demanda das instituições. Tínhamos parcerias para implantação de campos em universidades, escolas agrícolas, associações, por exemplo. Até o final de 2023 contabilizamos mais de 60 campos distribuídos pelo Brasil, que não somente divulgamos como também incentivamos a utilização das plantas forrageiras desenvolvidas pela Embrapa”, celebra Marcelo Castro, analista da Empresa e gestor do Setor de Implementação da Programação de Tecnologia da Embrapa Gado de Corte.
No Kit são enviadas 14 cultivares – Brachiaria brizantha cv. Marandu, Brachiaria brizantha cv. Xaraés, Brachiaria brizantha cv. BRS Piatã, Brachiaria brizantha cv. BRS Paiaguás, Brachiaria spp. cv. BRS Ipyporã, Panicum maximo cv. Tanzânia, Panicum maximo cv. Mombaça, Panicum spp. cv. Massai, Panicum maximo cv. BRS Zuri, Panicum maximo cv. BRS Tamani, Panicum maximo cv. BRS Quênia, Estilosantes Campo Grande, Estilosantes Bela e Feijão Guandu BRS Mandarim.
As sementes serão condicionadas individualmente em saquinhos identificados, juntamente com o Manual de Implantação e Manejo e as placas de identificação, tudo sob os cuidados da pesquisadora Alexandra Oliveira. O custo de envio, no início de responsabilidade da Unipasto, hoje fica a cargo das instituições que recebem o Kit.
Como implantar o campo
Castro explica que o estabelecimento de um campo agrostológico segue a mesma lógica da implantação de uma pastagem. Sendo assim, o primeiro passo para o preparo da área é conhecido, ou seja, é necessário realizar uma análise do solo, com a devida orientação técnica. Após esta análise, é feita uma recomendação de correção. Correção finalizada, é hora da adubação de formação, com insumos aplicados antes da gradação de nivelamento, para garantir a incorporação ao solo.
Após essas etapas, é feita a medição e a demarcação dos canteiros, com estacas e barbante. Os especialistas da Embrapa, Joaquim Castilho e Haroldo Queiroz, que acompanham, pessoalmente, a implantação dos campos próximos a Campo Grande (MS), recomendam a construção de canteiros de 3,0 x 4,0 metros, para facilitar o manejo e possibilitar boa visualização das forrageiras. Entre os canteiros, um corredor de pelo menos um metrô precisa ser deixado.
Eles detalham que a profundidade dos sulcos de semadura deve ser de 2 a 5 cm para o Panicum, de 3 a 6 cm para as Braquiárias, de 1 a 3 cm para os Estilosantes e de 3 a 6 cm para os Feijões-guandu; ea taxa de semeadura dependerá do valor cultural da semente. Os canteiros cancelam o manejo de formação e de manutenção para garantir a formação e a persistência do campo agrostológico.
Educação no campo
Há 25 anos atuando com transferência de tecnologia, Haroldo Queiroz acredita na eficácia dos campos como instrumento educacional e o professor Gelson Difante, coordenador do Programa de Pós-graduação em Ciência Animal e líder do Grupo de Estudos em Forragicultura, da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), ratificação. Para Difante, “o campo serve para a formação de recursos humanos por meio de ensino de estudantes nos níveis de graduação e pós-graduação; e também como uma unidade demonstrativa para técnicos e produtores. É a conexão da conexão entre o ensino, a transferência de tecnologia, o que aumenta o interesse dos estudantes pela área e, consequentemente, o aprendizado”.
Na Escola Municipal Agrícola Governador Arnaldo Estevão de Figueiredo, localizada na zona rural de Campo Grande, uma área de 400m² é utilizada para incrementar o ensino dos estudantes, por meio de aulas teóricas e práticas. Ex-aluno de Arnaldo Estevão, formado em Agronomia e hoje professor da escola, Luís Ricardo enxerga uma ferramenta como “uma oportunidade e uma alternativa para os alunos. É possível mostrar o desenvolvimento da planta, o preparo do solo e todas as demais etapas. É uma sala de aula ao vivo e ao ar livre, e isso acrescenta muito à formação. Este ano já teve trabalhos com o BRS Zuri e o BRS Quênia, por exemplo”. Com informações da Embrapa.