Cúpula China-Celac fortalece laços da América Latina com Pequim em meio à disputa com os EUA

Nesta terça-feira (12), a Cúpula China-Celac (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos) reforçou o papel estratégico da América Latina no cenário geopolítico global ao aprofundar a aproximação com a China. Em um contexto marcado pela rivalidade econômica entre Pequim e Washington, o evento contou com a presença de chefes de Estado da região, incluindo o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva e o líder chinês Xi Jinping.

Durante a cúpula, foram discutidos novos rumos para a parceria sino-latino-americana, incluindo a apresentação de um plano de ação para o período de 2025 a 2028 e a elaboração de uma declaração conjunta entre China e Celac, fórum que reúne os 33 países da América Latina e do Caribe.

Disputa geopolítica amplia protagonismo regional
A crescente disputa entre Estados Unidos e China por influência comercial e tecnológica elevou o valor estratégico da América Latina. Segundo o professor Robson Valdez, do Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP), a presença econômica chinesa oferece aos países latino-americanos uma alternativa mais pragmática de cooperação.

“A China tem atuado como um contraponto importante. Enquanto antes a América Latina dependia quase exclusivamente dos EUA, hoje os países da região podem negociar com mais equilíbrio”, afirma o especialista. Valdez cita o exemplo do Porto de Chancay, no Peru — construído com investimentos chineses — como símbolo dessa disputa, que já motivou ameaças de sanções por parte de Washington.

Declarações revelam tensões e reação do Brasil
O atual secretário de Defesa dos EUA, Pete Hegseth, chamou recentemente a América do Sul e Central de “quintal” dos Estados Unidos, criticando a influência chinesa na região e culpando governos anteriores por “perderem o controle” do continente. A fala repercutiu negativamente. Em resposta, o presidente Lula rebateu durante viagem à Rússia: “O Brasil será quintal do Brasil, um país livre e soberano”.

Para Valdez, o Brasil ocupa posição privilegiada por manter um equilíbrio entre as duas potências. “A Casa Branca se preocupava com a possibilidade de o Brasil aderir à Nova Rota da Seda, o projeto chinês de integração global. O fato de o país não ter aderido mostra sua equidistância. Os EUA reconhecem essa importância e sabem que perder influência sobre o Brasil seria altamente prejudicial.”

Risco de pressão bilateral aumenta na região
O professor também destaca que os Estados Unidos podem recorrer à pressão direta sobre países isoladamente, estratégia que já vem sendo utilizada. “Os EUA tendem a agir individualmente, pressionando nações como o Panamá, Paraguai e Argentina. Isso é mais fácil em um cenário onde a integração regional ainda é frágil”, explica.

Mesmo diante dessas disputas, o Brasil tem buscado atuar como elo entre ocidente e oriente, reforçando seu papel diplomático e sua defesa pela soberania e igualdade nas relações internacionais. Com informações da Agência Brasil

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