Caos: com quase 100% dos leitos ocupados Pará de Minas e municípios da região regridem para a onda vermelha

O município de Pará de Minas, assim como as demais cidades que compõem a macrorregião Oeste, regrediu para a onda vermelha do plano Minas Consciente. A situação em Pará de Minas é alarmante e assustadora. Mas para o Comitê Gestor do Plano de Prevenção e Contingenciamento em Saúde da Covid-19 parece que está tudo bem e a prioridade parece ser, desde o início da pandemia, a manutenção do comércio aberto.

As 65 mortes já registradas, uma que está em investigação, além dos 2.280 Casos confirmados e de 12.084 suspeitos, não dizem nada aos membros do Comitê que não fizeram nada para barrar o avanço da Covid-19 em Pará de Minas.

Até quando o município estava na onda vermelha na macro e na microrregião ao mesmo tempo, mantiveram tudo aberto como se não houvesse risco de contaminação do coronavírus em Pará de Minas. Assim deram uma generosa contribuição para a ocorrência de aglomeração de pessoas e a propagação do novo coronavírus que segue contaminando e matando paraminenses por falta de decisões eficazes e capazes de minimizar o avanço dos casos e mortes, ao mesmo tempo em que podia aliviar os profissionais da saúde que estão exauridos.

A população nota esta inércia e se manifesta nas redes sociais de maneira assustada, mas a gestão municipal e o Comitê ignoram as mortes e casos. Para muitos a saúde não é levada em conta pelo Comitê. Estes críticos acreditam que quem decide o que fazer em Pará de Minas são os representantes do comércio e os outros baixam a cabeça. Manifestações como estas são ouvidas em todos os lugares e se destacam também nas redes sociais. Para estes, falta comando e um gabinete de crise eficiente.

Outro exemplo veio da reunião do Comitê Gestor do Plano de Prevenção e Contingenciamento em Saúde da Covid-19 realizada ontem (9) quando foram apontados por alguns que a fiscalização não funciona – como é fácil comprovar pelas ruas da cidade. Outros disseram que a maioria das pessoas não usa máscara nos estabelecimentos comerciais – também fácil de constatar – mas teve quem preferisse fingir que isso não existe, ou seja, fechando os olhos para fatos constatados com facilidade.

Na reunião de ontem (9) o Comitê com foco na economia ignorou até o fato de que quase 100% dos leitos do Hospital Nossa Senhora da Conceição (HNSC) estavam ocupados. Ontem apenas um estava disponível no momento da reunião. Quando analisado, o número de leitos para pacientes com Covid-19 em Pará de Minas não é suficiente nem para atender o povo paraminense em caso de um surto. Para piorar, o governo de MG requisitou os leitos para pacientes de outras regiões. Nesse caso, constata-se que os membros do Comitê não pensaram nem neles mesmos, porque eles podem ser contaminados e faltar leitos para interná-los em Pará de Minas e deveriam saber também que em todas as cidades vizinhas a ocupação é de 100% dos leitos.

Diante dessa constatação, muitos argumentam que se não pensam nem neles, quanto mais no restante dos paraminenses. Para estes, ao que parece as pessoas têm valor apenas para frequentarem os estabelecimentos comerciais. Não há equilíbrio em Pará de Minas entre saúde e economia. A economia prevalece como prioridade desde o início da pandemia, sem qualquer movimento por parte da gestão municipal e do Comitê para equilibrar essa balança. Os críticos da situação alarmante, também ressaltam que eles não podem se esquecer que cliente morto não faz compra.

A situação em Pará de Minas é tão séria, que quando se encontra algum raro leito disponível no estado, é bem longe daqui. Foi citado na reunião do Comitê que com dois casos de Covid-19 em crianças paraminenses, o município precisou pagar uma UTI móvel para transferir os pacientes para Caratinga, cidade há mais de 300 km de Pará de Minas.

No encontro virtual dos membros do Comitê – que nunca contou com um infectologista, apenas com leigos que podem entender das áreas que atuam, mas não são especialistas em saúde – foi declarado que os bairros Providência e Recanto da Lagoa possuem o maior número de casos de Covid-19 em Pará de Minas. Se não bastasse a superlotação dos leitos do HNSC, souberam também que no Hospital Municipal Padre Libério, dos 10 leitos habilitados, nove estavam vagos, mas que também foram requisitados pelo governo estadual para tratar pacientes de outras regiões de MG.

Mas a pandemia compromete o sistema de saúde no estado de MG e no Brasil. Nas últimas 24 horas foram 2.286 mortes de acordo com o Ministério da Saúde. Tanto que sem uma ação efetiva do governo federal e do Ministério da Saúde, os governadores estão se organizando para decretar uma ação conjunta e parar todos os serviços não essenciais porque o sistema de saúde está em colapso em muitos estados.

Diante desse quadro triste, e após um aumento de 5% no número de casos e óbitos por coronavírus nos últimos 7 dias, o Comitê Extraordinário Covid-19, que se reúne semanalmente para avaliar a evolução da pandemia no estado, determinou, nesta quarta-feira (10), a regressão das macrorregiões de Saúde Oeste, Centro-Sul e Sudeste para a onda vermelha do plano Minas Consciente. Assim, as atividades deverão funcionar com mais restrições, como limitação de até 30 pessoas em eventos e distanciamento de pelo menos 3 metros entre elas.

Reprodução

Atualmente, apenas a macrorregião Jequitinhonha está na onda amarela do plano. Outras nove localidades estão na onda vermelha (Sul, Leste, Leste do Sul, Vale do Aço, Centro, Oeste, Centro-Sul, Sudeste e Nordeste) e quatro na onda roxa (Norte, Noroeste, Triângulo do Norte e Triângulo do Sul), faixa mais restritiva criada para restabelecer a capacidade assistencial nas cidades onde a taxa de ocupação está mais alta, preservando a rede hospitalar de todo o estado.

Microrregiões
Ainda durante reunião nesta quarta-feira, o Comitê determinou que as microrregiões de Saúde de Guanhães, Itabira, Manhuaçu e João Monlevade sigam as recomendações da onda roxa, como toque de recolher das 20h às 5h e aos finais de semana.

No sábado (6), o grupo já havia decidido pela inclusão da microrregião de Ponte Nova na faixa mais rigorosa do plano Minas Consciente.

Onda roxa
Nessa fase – que, a princípio, tem duração de 15 dias – só é permitido o funcionamento de serviços essenciais e a circulação de pessoas fica limitada aos funcionários e usuários desses estabelecimentos. O deslocamento por qualquer outra razão deverá ser justificado e a fiscalização será feita com o apoio dos municípios e da Polícia Militar.

São considerados serviços essenciais:
Setor de alimentos (excluídos bares e restaurantes, que só podem via delivery);

Serviços de Saúde (atendimento, indústrias, veterinárias etc.);

Bancos;

Transporte Público (deslocamento para atividades essenciais);

Energia, Gás, Petróleo, Combustíveis e derivados;

Manutenção de equipamentos e veículos;

Construção civil;

Indústrias (apenas da cadeia de Atividades Essenciais);

Lavanderias;

Serviços de TI, dados, imprensa e comunicação;

Serviços de interesse público (água, esgoto, funerário, correios etc.)

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Regras
As regras para os municípios que estiverem na onda roxa incluem a proibição de circulação de pessoas sem o uso de máscara de proteção, em qualquer espaço público ou de uso coletivo, ainda que privado; a proibição de circulação de pessoas com sintomas gripais, exceto para a realização ou acompanhamento de consultas ou realização de exames médico-hospitalares; a proibição de realização de reuniões presenciais, inclusive de pessoas da mesma família que não coabitam; além da realização de qualquer tipo de evento público ou privado que possa provocar aglomeração, ainda que respeitadas as regras de distanciamento social.

Comitê
O Comitê Extraordinário Covid-19 foi criado especialmente para monitorar a situação da pandemia no estado e é presidido pelo secretário de Saúde, o médico Carlos Eduardo Amaral. O grupo conta ainda com o governador Romeu Zema, todo o secretariado do Executivo mineiro, representantes do Tribunal de Justiça, do Ministério Público do Trabalho, do Ministério Público de Minas Gerais, da Defensoria Pública, do Tribunal de Contas do Estado, entre outros órgãos estratégicos.

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