Membrana só terá eficácia para segurar rejeitos no Rio Paraopeba com manutenção constante durante anos

A constatação é de José Hermano Oliveira Franco, biólogo, presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Pará (CBH-Pará), presidente do Conselho Municipal de Desenvolvimento Ambiental (CODEMA) e gerente da Organização Não Governamental (ONG) Ama Pangéia que desenvolve ações em defesa do meio ambiente em Pará de Minas.

Essa preocupação existe desde que a Vale anunciou que contataria uma empresa para instalar três membranas no Rio Paraopeba, para conter os rejeitos da barragem da mineradora que rompeu em Brumadinho no dia 25 de janeiro causando muitas mortes e um dano ambiental que pode levar décadas para ser reparado.

A proposta era instalar as membranas antes da captação de água no distrito de Córrego do Barro, para abastecer Pará de Minas. Desde o início a eficácia desse projeto é questionada.

Agora surge outra dúvida. Porque instalaram as membranas antes da captação, sendo que os rejeitos ficarão retidos no fundo e nas margens do rio. Assim, caso algum dia seja possível retomar a captação de água no Rio Paraopeba, certamente terá mais metais pesados resultantes desses rejeitos que foram retidos. Para muitos, como a membrana não vai segurar toda a carga de sedimentos, seria melhor que ela fosse instalada após a captação.

Ao ser questionado sobre esta dúvida, José Hermano de Oliveira Franco afirmou que essas membranas só proporcionarão algum resultado caso ocorra à manutenção das mesmas com a retirada dos rejeitos ao longo dos anos. Caso contrário a eficácia será quase nula.

Com base no que ocorreu após a tragédia em Mariana, ele teme que daqui a pouco tempo a Vale comece a dizer não para tudo, como já vem ocorrendo em alguns casos junto aos moradores de Brumadinho que reivindicam direitos que julgam ter como vítimas da barragem da Vale. Nesse caso em pouco tempo retiram as membranas ou deixam de fazer a devida manutenção:


José Hermano de Oliveira Franco
josehermanomembranaanos

O Governo do Estado de Minas Gerais alertou no dia 31 de janeiro que a água do Rio Paraopeba está contaminada e oferece riscos a saúde humana e animal. Recomendou que ninguém deve utilizar a água bruta do rio e todos precisam manter uma distância de 100 metros de suas margens.

Mas de acordo com a concessionária Águas de Pará de Minas a captação de água no distrito de Córrego do Barro para abastecer o município foi suspensa na noite de 29 de janeiro.

Desde então aproximadamente 100 mil paraminenses estão sendo abastecidos com a água captada no Ribeirão Paciência, Córrego dos Paivas e poços artesianos.

Mas, experiência anterior que levou ao município a sofrer por dois anos e meio seguidos com o racionamento de água, com pequenos intervalos de abastecimento normal, mostra que estes dois mananciais e os poços não conseguem abastecer a cidade em tempos de estiagem. Muito menos com carro-pipa buscando água em outros locais.

Ciente disso o prefeito Elias Diniz (PSD) disse após a primeira reunião do ______ que o município poderá construir uma nova adutora para captar água e abastecer a população. Disse ainda que a obra poderá ser custeada com o dinheiro da Vale bloqueado pela Justiça.

O gerente da Agência Reguladora de Água e Esgoto de Pará de Minas (ARSAP) Frederico Mendes Amaral também disse que os representantes da Vale que participaram da mesma reunião afirmaram que a mineradora pode custear a obra se esta for a única opção para abastecer Pará de Minas.

Já o superintendente da concessionária Águas de Pará de Minas Thiago Contage Damaceno foi mais cauteloso. Ele disse que ainda é muito cedo para pensar em executar um projeto com o investimento dessa envergadura.

Se vai construir ou não outra adutora, só tempo dirá. Porém, uma coisa é certa. Boa parte dos cidadãos paraminenses não está querendo nem ouvir falar em captar água novamente no Rio Paraopeba para abastecer a cidade. Para estes, caso isso ocorra à saúde da população estará em risco, mesmo com apresentação de algum laudo comprovando que ela pode ser tratada e consumida.

A Mineradora Vale já informou que as três membranas instaladas no Rio Paraopeba, antes da captação para abastecer Pará de Minas, já estão em pleno funcionamento desde o dia 5 de fevereiro, objetivando proteger o sistema de captação de água de Pará de Minas.

A Vale também explicou que a barreira de contenção instalada tem 50 metros de comprimento e profundidade de dois a três metros. A estrutura funciona como um tecido filtrante, evitando a dispersão das partículas sólidas (argila, silte, matéria orgânica etc), que provocam a turbidez da água e alteram sua transparência

Acrescenta que para manter a verticalidade das cortinas antiturbidez, há correntes metálicas na borda inferior (na parte imersa), onde são acoplados pesos, não permitindo que o fluxo do rio faça a cortina subir até a superfície da água. Já o elemento flutuante utilizado é uma boia cilíndrica, que pode ser utilizada para conter o avanço de elementos suspensos na água.

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