Impasse no acordo UE-Mercosul: Macron exige “cláusulas-espelho” e Lula defende o Brasil
O presidente da França, Emmanuel Macron, manifestou nesta quinta-feira a necessidade de aprimoramentos no acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia. Ele insiste na inclusão de cláusulas-espelho, que imponham aos produtos importados as mesmas rigorosas normas de produção aplicadas aos agricultores europeus, especialmente no setor agrícola.
Discrepância de normas e o protecionismo agrícola
Macron argumenta que é inviável exigir de seus agricultores o cumprimento de normas ambientais, como a proibição de certos agrotóxicos, enquanto produtos de países do Mercosul, com regulamentações menos estritas, são importados livremente. Para o líder francês, essa discrepância não só prejudica a competitividade dos produtores locais, mas também vai contra os princípios de proteção ambiental.
Por sua vez, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que em breve assumirá a presidência do Mercosul, pediu o apoio de Macron para a finalização do acordo, que está em negociação há mais de duas décadas. Lula defendeu que a França estaria sendo protecionista em relação aos seus interesses agrícolas, e reiterou o compromisso brasileiro com a redução do desmatamento e a preservação dos biomas, enfatizando que o vasto território nacional não é fácil de controlar.
Diálogo e fortalecimento das relações bilaterais
Lula sugeriu que produtores e cooperativas de ambos os lados dialoguem para encontrar soluções, acreditando que a agricultura brasileira e francesa podem ser complementares, e não um motivo de bloqueio. O presidente expressou otimismo quanto à conclusão do acordo, afirmando que “não está difícil fazer o acordo”.
A visita de Lula à França marca um reencontro bilateral significativo, sendo a primeira de um chefe de Estado brasileiro em 13 anos. Durante o encontro, foram assinados 20 acordos em diversas áreas, como saúde, segurança pública, educação e ciência e tecnologia, evidenciando o desejo de aprofundar as relações entre os dois países.
Comércio bilateral em foco
No âmbito comercial, o presidente brasileiro lamentou que os valores de comércio bilateral em 2024 tenham sido inferiores aos de 2012, e expressou o desejo de avançar, “dando dois passos à frente”. A França é o terceiro maior investidor no Brasil, com um estoque de investimentos que ultrapassa US$ 66,3 bilhões. O comércio bilateral atual está em US$ 9,1 bilhões. Amanhã, o presidente Lula participará do Fórum Econômico Brasil-França, buscando fortalecer ainda mais os laços comerciais. Com informações da Agência Brasil