Conselhão entrega a Lula propostas de metas e ressalta otimismo e desafios no desenvolvimento do país
A 6ª Reunião Plenária do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social Sustentável (CDESS), conhecido como Conselhão, marcou um encontro de diálogo institucional crucial ontem (4), em Brasília. O colegiado, que reúne o governo federal, a sociedade civil organizada e o empresariado, entregou ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva o documento “Pilares de um Projeto de Nação”, que contém metas estratégicas para o desenvolvimento do Brasil.
Criado em 2003, o Conselhão foi reativado em 2023, reforçando seu papel como um instrumento plural para a formulação de políticas públicas voltadas ao desenvolvimento econômico, social e sustentável.
Metas Estratégicas e a Visão para o Futuro
As propostas entregues ao presidente foram elaboradas ao longo dos últimos meses nas comissões temáticas do Conselho. Elas se baseiam na Estratégia Brasil 2050, coordenada pelo Ministério do Planejamento e Orçamento, e incluem metas para a próxima década, além de ações mais concretas para os próximos cinco anos.
O secretário-executivo do Conselhão, Olavo Noleto, explicou que os conselheiros debateram sobre a visão de “Onde vai estar o Brasil daqui a dez anos”, abordando temas como envelhecimento populacional, empregabilidade em função de novas tecnologias e a criação de empregos no interior. Noleto celebrou a diversidade de opiniões, afirmando que o espaço prova que as diferenças são possíveis no diálogo.
O ministro da Educação, Camilo Santana, destacou a importância da retomada do diálogo, ressaltando que a escuta da sociedade é fundamental e uma forma democrática de captar prioridades e demandas para a construção das políticas governamentais.
Economia e Avanços Sociais em Pauta
Na reunião, que conta com 289 conselheiros, houve um balanço de avanços e críticas.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defendeu o otimismo para o país, apesar dos desafios. Ele utilizou a metáfora da “chave de fenda” em contraposição à “motosserra” utilizada na Argentina, sugerindo que o Brasil pode corrigir seus desequilíbrios com diálogo e ajustes pontuais, e não com cortes drásticos. Haddad apresentou dados positivos sobre:
Aumento da taxa de emprego.
Redução da informalidade e da desigualdade de renda.
Alta da média salarial.
Saída do Brasil do Mapa da Fome das Nações Unidas. O ministro ainda previu que a inflação será a menor da história.
A empresária Luiza Trajano celebrou a redução da taxa de desemprego para o menor patamar histórico (5,4%) e a recente regulamentação das apostas online (bets). Contudo, ela criticou a alta taxa de juros, que, em sua visão, prejudica a atividade econômica.
Pelo agronegócio, o produtor Eraí Maggi reconheceu medidas que beneficiaram o setor, como o desenvolvimento de biotecnologias, a normatização de defensivos agrícolas seguros e a ampliação do acesso a crédito bancário de longo prazo para produtores rurais.
Conquistas dos Trabalhadores e Novas Demandas
A vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Mônica Veloso, destacou as conquistas sociais que resultaram na redução da pobreza e da desigualdade, citando:
Política de valorização permanente do salário mínimo.
Correção da tabela do Imposto de Renda que amplia a isenção para quem ganha até R$ 5 mil mensais, o que injetará cerca de R$ 28 bilhões na economia e criará o equivalente a um “14º salário”.
Apesar dos avanços, a sindicalista cobrou foco do poder público nos aposentados em 2026, a geração de empregos de qualidade e o fim da escala de trabalho 6×1.
Tecnologia, Inclusão e Segurança Urbana
Outros conselheiros trouxeram pautas cruciais para o futuro do país:
Soberania Digital: A cientista de computação Nina da Hora defendeu que a soberania tecnológica do Brasil deve ser fortalecida por meio de investimentos em softwares e soluções inovadoras nacionais, gerando empregos e autonomia.
Segurança Pública e Favelas: O ativista Preto Zezé, da Cufa, pediu a renovação do debate sobre segurança pública, que não pode se restringir a “munição efetiva, polícia e viatura”. Ele ressaltou a precarização do trabalho e a necessidade de políticas públicas para as favelas, que movimentam uma economia de R$ 312 bilhões, mas muitas vezes são vistas como inimigas do Estado.
Inclusão: O ativista Ivan Baron reivindicou a inclusão das pessoas com deficiência no orçamento público, debatendo o Benefício de Prestação Continuada (BPC) e a prevenção de cortes no Ministério do Desenvolvimento Social (MDS).
Outros Documentos Entregues
Além do “Pilares de um Projeto de Nação”, a Presidência da República recebeu:
Projeto Move Mundo: Com propostas da comunidade científica da Amazônia para serem levadas à COP30, em Belém.
Agenda Positiva do Agro 2025: Conjunto de práticas e tecnologias para fortalecer a produção sustentável e a inovação na agropecuária.
Portfólio de Investimentos Voltados à Transformação Ecológica no Brasil: Organizado pelo Ministério da Fazenda, detalhando projetos públicos e privados com impacto ambiental positivo, como bioeconomia e energias renováveis. Com informações da Agência Brasil


