Áreas protegidas na Amazônia Legal enfrentam grave déficit de saneamento e infraestrutura
Um novo levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta que as condições de moradia nas áreas protegidas da Amazônia Legal são significativamente piores quando comparadas à média nacional e até mesmo a outras áreas protegidas do Brasil. O dado, divulgado durante a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30) em Belém, analisou os níveis de precariedade relacionados a três serviços essenciais: abastecimento de água, destinação de esgoto e coleta de lixo.
O panorama geral da precariedade
O estudo abrangeu as 1.053 áreas protegidas da Amazônia Legal — 430 unidades de conservação ambiental, 378 terras indígenas e 245 territórios quilombolas — que, juntas, cobrem quase metade do território da região.
Nas unidades de conservação ambiental da Amazônia Legal, 75,19% dos residentes convivem com alguma precariedade. Essa taxa é quase o triplo da observada na população brasileira em geral, que é de 27,28%.
A situação é mais crítica quando se observa a simultaneidade dos problemas. Cerca de uma em cada cinco pessoas (22,23%) nas unidades de conservação da Amazônia Legal vivem em lares com precariedade nos três serviços (água, esgoto e lixo) ao mesmo tempo. Esse índice é sete vezes superior à taxa geral do país, que é de 3%.
A analista do IBGE, Marta de Oliveira Antunes, sugere que, embora o isolamento dessas regiões dificulte a chegada de infraestrutura, há também uma carência de investimento adaptado à realidade mais rural e remota dessas comunidades.
O desafio nas Terras Indígenas
As terras indígenas na Amazônia Legal, que abrangem 1,15 milhão de km² e abrigam 428 mil pessoas, apresentam o quadro mais alarmante de precariedade habitacional:
Quase a totalidade (98,04%) dos moradores enfrenta algum tipo de deficiência nos serviços de água, esgoto ou lixo.
Cerca de 75,05% dos residentes estão em moradias com as três precariedades simultâneas. Este percentual é significativamente superior à média das terras indígenas de todo o Brasil (58,09%).
Em relação à educação, a taxa de alfabetização (77,25%) nas terras indígenas da Amazônia Legal é inferior à média nacional (93%) e à média de todas as terras indígenas do país (79,44%).
Nota: O IBGE não considerou as habitações indígenas tradicionais (como malocas ou construções sem paredes) como precárias para esta análise.
Territórios Quilombolas e Unidades de Conservação
Nos territórios quilombolas da região, que abrigam 92 mil pessoas, as condições de moradia também são piores do que a média nacional e a média dos demais territórios quilombolas do país:
96,90% dos moradores enfrentam ao menos uma condição de precariedade (água, esgoto ou lixo), contrastando com 85,89% da média nacional quilombola.
Mais de um terço (36,55%) está na situação de precariedade simultânea dos três serviços.
Por outro lado, os territórios quilombolas da Amazônia Legal demonstram uma taxa de alfabetização (82,13%) superior à média desses territórios no país (80,79%).
As unidades de conservação ambiental (com 2,27 milhões de habitantes) na Amazônia Legal também registram uma taxa de alfabetização (87,08%) abaixo da média geral dessas unidades no Brasil (91,16%). Com informações da Agência Brasil


