Municípios brasileiros gastam R$ 732 bilhões com desastres climáticos entre 2013 e 2024
Desastres naturais como inundações, secas, deslizamentos e incêndios florestais, todos diretamente associados às mudanças climáticas, causaram um prejuízo econômico que superou R$ 732,2 bilhões aos municípios brasileiros no período de 2013 a 2024. A informação é de um levantamento divulgado recentemente pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM).
Os eventos climáticos extremos, cuja intensidade e frequência têm aumentado, afetaram 95% das cidades do país, gerando perdas que vão além do âmbito econômico, impactando gravemente os aspectos sociais e humanos.
Milhões de desabrigados e emergências constantes
O estudo da CNM revela a dimensão da crise:
Foram registradas mais de 70,3 mil decretações de estado de calamidade pública ou situação de emergência pelos municípios no período analisado.
Mais de 6 milhões de pessoas foram forçadas a deixar suas casas devido aos desastres.
A pesquisa contou com a participação de 2.871 municípios (50,6% do total) e foi realizada entre agosto de 2024 e março de 2025.
Fragilidade na defesa civil local
A dificuldade dos municípios em lidar com esses desastres é agravada pela fragilidade das estruturas de Defesa Civil. A CNM constatou que apenas 12% dos municípios possuem um órgão próprio inserido em uma secretaria específica para tratar dessas questões.
A maior parte da gestão de proteção e defesa civil é realizada de forma precária:
Cerca de 49% dos gestores acumulam a função de Defesa Civil em outros órgãos da administração local.
32% contam com uma estrutura exclusiva, mas vinculada diretamente ao gabinete do prefeito, sem a autonomia e o foco necessários.
Esses dados, segundo a CNM, ajudam a “compreender a desassistência da gestão municipal, com políticas públicas de prevenção insuficientes”.
Apelo por apoio financeiro e articulação
Diante do cenário, o presidente da CNM, Paulo Ziulkoski, classificou como “urgente” uma atuação federativa que inclua “apoio técnico e financeiro contínuo” para fortalecer a gestão municipal de riscos e desastres.
A necessidade de recursos é latente: cerca de 67% dos municípios entrevistados disseram precisar de auxílio financeiro para realizar ações preventivas. Além disso, mais de 70% informaram que seus gastos mensais com Defesa Civil não ultrapassam R$ 50 mil, um valor irrisório diante da escala dos prejuízos bilionários.
Para fortalecer as defesas civis locais, a CNM sugere a articulação contínua entre União, estados e municípios. Outra solução proposta é a exploração dos consórcios intermunicipais, que podem ampliar as capacidades de gestão local, mas que ainda são pouco utilizados: apenas 15% dos municípios informaram participar desse tipo de parceria voltada para a Defesa Civil. Com informações da Agência Brasil

