Presidente da Câmara diz que prefeito aumentou tarifa dos ônibus urbanos, após concessionária ameaçar romper contrato
Durante a reunião da Câmara Municipal de Pará de Minas, realizada ontem (28), o presidente da Casa, vereador Délio Alves Ferreira, comentou o recente aumento da tarifa do transporte coletivo urbano e revelou bastidores da decisão. Segundo ele, o prefeito Inácio Franco só autorizou o reajuste — que elevou o valor da passagem de R$ 4,40 para R$ 5,00 — após a concessionária responsável pelo serviço ameaçar romper o contrato e abandonar o município.
Délio Alves Ferreira contou que o prefeito relatou ter passado por uma reunião “muito dura e tensa” com representantes da empresa, que alegaram não ter condições financeiras de continuar operando com a tarifa anterior. “A Turi entregou o contrato e disse que, sem reajuste ou subsídio, encerraria as atividades em Pará de Minas. O prefeito, sem alternativa e sem recursos para arcar com o subsídio, acabou autorizando o aumento. Foi uma decisão difícil, mas necessária para não deixar a cidade sem transporte”, explicou o vereador:

Délio Alves Ferreira
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Promessas de melhorias e necessidade de fiscalização
Ainda de acordo com Délio Alves Ferreira, a concessionária se comprometeu a melhorar a frota, ajustar horários e ampliar a qualidade do atendimento aos usuários. O parlamentar afirmou que o Legislativo acompanhará de perto o cumprimento dessas promessas. “Não é justo que a população pague mais caro sem ter retorno. A Câmara vai fiscalizar para que a empresa cumpra o que prometeu e para que o transporte volte a ter a qualidade que a cidade merece”, garantiu.
O vereador também destacou que o prefeito enfrenta um cenário financeiro delicado, com dívidas antigas e servidores com salários defasados. Diante desse cenário, o Executivo não tem condições de subsidiar o transporte, como acontece em outras cidades. A prioridade tem sido colocar as contas em dia e melhorar setores essenciais, como saúde e infraestrutura. Mesmo assim, é preciso buscar alternativas para que o transporte coletivo seja mais eficiente e acessível.
Reajuste e contexto econômico
O aumento foi oficializado por meio do Decreto Municipal nº 14.174/2025, em vigor desde 27 de outubro. Embora estudos técnicos apontassem que o valor ideal seria R$ 6,27, o governo municipal optou por um reajuste menor, fixando a tarifa em R$ 5,00 — ou R$ 4,80 para quem utiliza meios eletrônicos de pagamento. O objetivo, segundo a Prefeitura, foi equilibrar a viabilidade econômica do contrato com a capacidade de pagamento dos usuários.
O decreto também prevê ampla divulgação dos novos valores e garante que os créditos adquiridos antes da mudança possam ser utilizados com o preço antigo por 30 dias. A medida visa assegurar transparência e dar tempo de adaptação à população.
Debate sobre o futuro do transporte
Para Délio Alves Ferreira, o episódio expõe um desafio mais amplo: o financiamento do transporte público nas cidades médias. O vereador defendeu que o tema seja tratado com seriedade e articulação entre diferentes esferas do poder público. “O transporte coletivo é um serviço essencial, e sua manutenção não pode depender apenas da tarifa. É preciso discutir políticas públicas que garantam equilíbrio entre empresa, Prefeitura e usuário”, afirmou.
O presidente da Câmara também comentou propostas em debate no governo federal, como o estudo sobre a implantação da tarifa zero, modelo em que União, estados e municípios dividem os custos do transporte, nos moldes do Sistema Único de Saúde. “Se isso se concretizar, será um avanço. Até lá, precisamos de diálogo e responsabilidade para evitar que situações como essa voltem a acontecer em Pará de Minas”, concluiu.
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