Confiança no emprego impulsiona intenção de consumo em Minas Gerais
A percepção de melhoria no cenário de trabalho está estimulando os mineiros a planejar mais gastos nos próximos meses. De acordo com a pesquisa Intenção de Consumo das Famílias (ICF), elaborada pela Confederação Nacional do Comércio (CNC) e analisada pela Fecomércio MG, o indicador geral em Belo Horizonte registrou um aumento de 0,8 ponto em junho, atingindo 88,1 pontos. Apesar de ainda estar abaixo do nível de satisfação (100 pontos), a maior confiança nas perspectivas profissionais para os próximos seis meses se destaca como motor da intenção de consumo. A percepção de que a renda familiar está mais favorável em comparação com o ano anterior também contribui para esse otimismo cauteloso.
Emprego: segurança em baixa, perspectiva em alta
Apesar da leve melhora na intenção de consumo, o nível de segurança com o emprego atual apresentou uma ligeira queda de 0,8 ponto, situando-se em 97,3 pontos em junho. Em relação ao mesmo período do ano passado, a queda foi mais acentuada, em 33,3 pontos. Famílias com renda de até 10 salários mínimos (93,9 pontos) demonstram menor segurança no emprego em comparação com aquelas que ganham acima dessa faixa (118,9 pontos). Individualmente, 25,2% dos entrevistados se sentem mais seguros em seus postos de trabalho, um leve aumento em relação aos 24,8% registrados em maio.
Contudo, a perspectiva profissional para os próximos seis meses exibe um cenário mais positivo, atingindo 97,8 pontos, um salto de 5,8 pontos em relação ao mês anterior. Essa expectativa é ainda mais elevada entre as famílias com renda superior a 10 salários, onde 65,0% esperam melhoria profissional. Para as famílias com rendimentos inferiores, a perspectiva positiva é de 43,2%. O percentual de entrevistados que preveem melhoria profissional nos próximos seis meses subiu de 42,6% em maio para 45,5% em junho.
A renda familiar atual também mostra sinais de melhora: 27,3% dos entrevistados indicam que seus rendimentos estão melhores do que há um ano, um aumento em relação aos 26,8% de maio. O índice de renda atual alcançou 97,5 pontos em junho, superando em 1,0 ponto o valor do mês anterior.
Acesso ao crédito e consumo de bens duráveis: desafios persistentes
O acesso ao crédito, no entanto, apresentou uma leve retração de 0,2% em comparação com maio e uma queda de 3,4 pontos em relação a junho de 2024. A pesquisa revela que 40,9% dos consumidores acreditam que está mais difícil conseguir empréstimos ou crédito para compras a prazo do que no ano passado.
O nível de consumo geral também registrou uma leve diminuição em junho, chegando a 77,2 pontos, 2,0 pontos abaixo de maio. No entanto, o índice ainda se mantém 3,6 pontos acima do mesmo período do ano passado. Atualmente, 47,5% dos entrevistados afirmam estar comprando menos em 2025, enquanto 24,7% declaram comprar mais.
Apesar desses desafios, a perspectiva de consumo para os próximos meses é de confiança, abrangendo tanto famílias de baixa quanto de alta renda. O indicador geral para a perspectiva de consumo atingiu 106,6 pontos em junho, um aumento de 4,9 pontos em relação ao mês anterior. Mais de um terço dos consumidores (35,7%) planeja comprar mais no segundo semestre de 2025, e 34,9% esperam manter o mesmo nível de consumo.
Em contraste, o consumo de bens duráveis mostra um cenário mais desafiador, com o indicador atingindo 54,7 pontos, uma redução em relação a maio e uma queda de 3,4 pontos em comparação com o ano passado. Um expressivo 72,1% dos entrevistados considera que o momento atual não é favorável para a aquisição de bens duráveis.
Gabriela Martins, economista da Fecomércio MG, aponta que o discreto aumento na intenção de consumo está intrinsecamente ligado à renda e às projeções profissionais. “Notamos que as famílias belo-horizontinas tiveram uma queda na confiança no emprego atual e no nível de consumo atual, especialmente para bens duráveis. Essa perspectiva pode estar atrelada a alguns fatores econômicos, tais como as elevadas taxas de juros, que podem fazer com que o acesso ao crédito seja impactado negativamente, afetando os gastos da família e fazendo com que muitos empresários deixem de investir”, explica Martins. Contudo, ela ressalta que “a percepção de melhora na renda atual é um fator essencial para que as famílias se sintam mais seguras para futuras compras e elevem suas perspectivas de consumo. Esse comportamento, por sua vez, pode estar atrelado à capacidade das famílias em quitar seus compromissos financeiros em aberto e, consequentemente, consigam manter uma saúde financeira satisfatória, tornando assim os consumidores menos cautelosos na hora de realizar suas compras.” Com informações da Assessoria de Comunicação da Fecomércio-MG

