Quase um ano após crime ambiental, moradores de Córrego do Barro começam a receber auxilio emergencial da Vale

No sábado, 25 de janeiro, completa um ano de um dos maiores desastres ambientais do mundo: o rompimento da barragem da mina de Córrego do Feijão, da mineradora Vale, em Brumadinho. Ao todo são 270 vítimas e destas, 259 já tiveram os corpos encontrados. Equipes do Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais (CBMMG) continuam na maior operação de buscas do país, na tentativa de encontrar os outros 11 corpos desaparecidos. Eles garantem que só deixarão Brumadinho quando todas as vítimas forem encontradas.

A tragédia, considerada também um crime ambiental, continua deixando rastros no estado. O rio Paraopeba por exemplo, continua contaminado e principalmente quem mora próximo ao local vive diariamente as consequências. Antes podiam pescar, molhar as hortas, passar horas de lazer próximo ao rio, e hoje não tem mais esta opção.

Sem contar agricultores e pecuaristas que utilizavam o rio como meio de sustento e hoje sobrevivem graças à água entregue pela Vale, que chega em caminhões-pipa ou galões.

Desde a tragédia, a mineradora paga aos atingidos que moram em até um quilômetro da margem do rio o auxilio emergencial. Um salário mínimo é pago aos adultos, 50% do valor para adolescentes, e o correspondente a 25% do salário mínimo para crianças. Segundo a Vale, cerca de 108 mil pessoas foram contempladas com a medida após o rompimento.

Menos os moradores de chacreamentos em Córrego do Barro. Desde o rompimento eles tentam receber o auxílio emergencial mas sempre ocorre algum problema e a Vale tenta se esquivar da situação, segundo os proprietários de imóveis à beira do Paraopeba.

Cerca de 200 pessoas que moram ou tem propriedades próximas ao rio são assessoradas juridicamente pela advogada Cíntia Rodrigues Maia. Após reuniões e muitas cobranças, a boa notícia chegou na semana em que o desastre completa um ano.

Ela disse ao Portal GRNEWS que o auxílio emergencial foi pago a alguns dos moradores destes chacreamentos. Os valores giram em torno de R$ 12.500,00 pra cada família:

Cíntia Rodrigues Maia
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A advogada cita dois principais desafios nestes últimos meses. O primeiro deles foi convencer a Vale da necessidade de os moradores receberem o auxílio. Disse ainda que a Prefeitura de Pará de Minas também deixou a desejar, não entregando os documentos exigidos pela mineradora:

Cíntia Rodrigues Maia
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Mesmo pagando o que os moradores tem direito, a Vale ainda não cumpriu alguns acordos. Um deles é pagar a assessoria técnica, que inclusive já foi escolhida. A equipe ficará responsável por avaliar todos os danos causados após o crime ambiental e determinar quais medidas deverão ser concretizadas para indenizar a população afetada:

Cíntia Rodrigues Maia
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Os comerciantes de Córrego do Barro também foram afetados diretamente, como explica Cíntia Maia que também pedirá indenização para esses pequenos empreendedores:

Cíntia Rodrigues Maia
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Desde segunda-feira (20), mais de 350 moradores afetados pela lama percorrem na Marcha dos Atingidos. A programação teve início na Praça do Papa em Belo Horizonte, depois seguiram para o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG). De lá partiram rumo a Pompéu, onde fizeram uma manifestação na terça-feira (21). A marcha passará também por São Joaquim de Bicas, Juatuba e Citrolândia, em Betim. Nesse percurso acontecerão debates, seminários, atos públicos e atividades culturais.

Na sexta-feira, 24 de janeiro, os atingidos estarão em Citrolândia na companhia do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. E no sábado, 25, as atividades organizadas pelo Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) se somam às ações do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e da Arquidiocese de Belo Horizonte, que promove a 1ª Romaria da Arquidiocese de Belo Horizonte pela Ecologia Integral em Brumadinho.

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