Brasil retoma produção nacional de insulina após duas décadas e acordo garante autonomia no abastecimento do SUS

Após um hiato de mais de 20 anos, o Brasil celebra o retorno da fabricação de insulina em território nacional. O Ministério da Saúde recebeu, em julho, o primeiro carregamento do medicamento produzido através do programa Parcerias para o Desenvolvimento Produtivo (PDP), que faz parte da Estratégia Nacional para o Desenvolvimento do Complexo Econômico-Industrial da Saúde. Esse marco foi possível graças a um acordo de transferência de tecnologia com a farmacêutica indiana Wockhardt, em colaboração com o laboratório público Fundação Ezequiel Dias (Funed) e a empresa brasileira Biomm.

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, esteve presente na fábrica da Biomm, em Nova Lima (MG), para a entrega de um lote inicial de 207.385 unidades de insulina, que incluiu 67.317 frascos de insulina regular e 140.068 de insulina NPH. “É o Brics acontecendo na realidade, mudando a vida da população brasileira e gerando emprego, renda e tecnologia aqui em Minas Gerais”, enfatizou Padilha, destacando a importância da cooperação internacional com a Índia, membro do bloco econômico.

A expectativa é que, após a completa transferência tecnológica, o Brasil seja capaz de suprir 50% da demanda do Sistema Único de Saúde (SUS) por insulinas NPH e regular. Essa iniciativa visa fortalecer a soberania nacional na produção de medicamentos essenciais, garantindo a segurança dos pacientes, independentemente de crises sanitárias, como a vivenciada durante a pandemia de COVID-19. Cerca de 10% da população brasileira convive com diabetes, e parte significativa desses indivíduos depende da insulina para seu tratamento.

Investimentos e benefício direto para milhões de brasileiros
O projeto representa um investimento de R$ 142 milhões na aquisição da tecnologia e tem a capacidade de beneficiar diretamente cerca de 350 mil pessoas com diabetes. Os contratos firmados preveem a entrega de 8,01 milhões de unidades de insulina (frascos e canetas) para a rede pública entre os anos de 2025 e 2026.

A partir dessa aquisição inicial, inicia-se formalmente o processo de transferência de tecnologia, seguindo as diretrizes das PDPs. O objetivo final é que a Funed e a Biomm estejam plenamente capacitadas para a produção autônoma do medicamento no país, assegurando o abastecimento do SUS de forma independente. As PDPs são um modelo que prevê a partilha de responsabilidades entre instituições públicas e empresas privadas na produção nacional de Insumos Farmacêuticos Ativos (IFAs) e produtos acabados, por meio de um processo de transferência de tecnologia reversa. Isso inclui etapas como embalagem, controle de qualidade, produção do produto final e do IFA no Brasil, culminando na produção local que será fornecida ao SUS.

O tratamento do diabetes no SUS
O SUS oferece assistência integral e gratuita a pacientes com diabetes, desde o diagnóstico até o tratamento contínuo, adaptado às necessidades de cada indivíduo. A Atenção Primária à Saúde serve como porta de entrada e ponto central para o acompanhamento contínuo, com equipes multiprofissionais. Atualmente, o SUS disponibiliza quatro tipos de insulinas (humanas NPH e regular, e análogas de ação rápida e prolongada), além de medicamentos orais e injetáveis para diabetes mellitus. Com informações da Agência Brasil

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