Prejuízo causado pelo tabagismo: cada R$ 1 de lucro da indústria custa R$ 5 em saúde no Brasil

Para cada R$ 1 de lucro obtido pela indústria do tabaco no Brasil, o país arca com R$ 5 em despesas relacionadas a doenças causadas pelo tabagismo. Essa é a principal conclusão do estudo “A Conta que a Indústria do Tabaco Não Conta”, lançado pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca) e pelo Ministério da Saúde.

O levantamento revela que um lucro de R$ 156 mil das empresas de tabaco no país, proveniente da venda de cigarros legais, está correlacionado a uma morte por condições graves como doenças cardíacas isquêmicas, acidente vascular cerebral (AVC), doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) ou câncer de pulmão atribuíveis ao fumo.

Os custos médios associados a uma morte por essas enfermidades foram estimados em R$ 361 mil para despesas diretas e R$ 796 mil para o custo total (incluindo despesas diretas e indiretas). “Ao combinar essas duas equivalências, obtém-se que, para cada R$ 1 lucro obtido pela indústria do tabaco, o Brasil gasta duas, três vezes esse valor com custo direto do tratamento de doenças relacionadas ao tabaco e 5,1 vezes esse valor com o custo total (direto e indireto) dessas doenças”, detalhou o ministério.

Custos exorbitantes e baixa arrecadação
Dados não relacionados ao estudo, também do Inca, indicam que o Brasil gasta R$ 153,5 bilhões anualmente com os prejuízos causados pelo tabagismo. Esse montante engloba custos com tratamentos médicos e perdas econômicas decorrentes de mortes precoces, incapacidades e cuidados informais, o que corresponde a 1,55% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional.

Em contrapartida, a arrecadação de impostos federais do setor do tabaco em 2022 foi de R$ 8 bilhões, cobrindo apenas 5,2% dos custos totais gerados pelo tabagismo no país. Do total de gastos, R$ 67,2 bilhões são direcionados diretamente ao tratamento de doenças como câncer, cardiopatias, problemas respiratórios e AVC. Já os custos indiretos, que incluem perda de produtividade e afastamentos do trabalho, somam R$ 86,3 bilhões.

Impacto do tabagismo na mortalidade
O Inca aponta que o tabagismo é responsável por 477 mortes diárias no Brasil, totalizando 174 mil óbitos evitáveis por ano. Entre as principais causas estão DPOC, doenças cardíacas, diversos tipos de câncer, AVC, diabetes tipo 2 e o fumo passivo, que, por si só, causa cerca de 20 mil mortes anualmente.

Cigarros eletrônicos e o desafio da saúde pública
Apesar de serem proibidos no Brasil desde 2009, os dispositivos eletrônicos para fumar (DEFs), conhecidos como cigarros eletrônicos ou vapes, continuam a atrair adolescentes e jovens, impulsionados por estratégias de marketing e apelo tecnológico.

Uma pesquisa do Ministério da Saúde, a Vigitel, realizada em todas as capitais brasileiras, revelou que 2,1% da população adulta utilizou cigarros eletrônicos em 2023. A maior incidência foi observada entre jovens de 18 a 24 anos, com 6,1% dos entrevistados nessa faixa etária.

Apoio para abandonar o tabagismo
No Brasil, 9,3% da população, ou 19,6 milhões de pessoas, se declararam fumantes em 2023, segundo a pesquisa Vigitel, com maior prevalência entre homens (11,7%) do que entre mulheres (7,2%).

Para auxiliar na mudança dessa realidade, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece tratamento gratuito para a dependência de nicotina em todo o país. O atendimento é realizado nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) e inclui acompanhamento profissional, orientação individual e em grupo, além da disponibilização de medicamentos. Entre os recursos disponíveis estão a terapia de reposição de nicotina (adesivos e gomas de mascar) e o cloridrato de bupropiona, um medicamento que auxilia no processo de cessação do tabagismo.

Para iniciar o tratamento, os interessados podem procurar uma UBS ou entrar em contato com a secretaria de saúde de seu município ou estado. O serviço está disponível para todas as pessoas que desejam abandonar o cigarro e melhorar sua qualidade de vida. Com informações da Agência Brasil

Don`t copy text!