Pesquisa identifica nematoide nocivo ao cultivo de tomate industrial

As áreas de cultivo de tomateiro para processamento industrial do estado de Goiás são afetadas por uma espécie de nematoide que afeta o crescimento da planta, efeito conhecido como “tomate travado”. A praga ainda prejudica as raízes ao provocar atrofia radicular e resultando em redução da produtividade em até 80%. Especialistas estimam que 554 hectares já foram afetados pelo patógeno.

As ocorrências foram registradas nos primeiros meses de 2024, quando os cultivos de tomate industrial nos municípios goianos Silvânia (122 ha), Vianópolis (104 ha), Luziânia (178 ha), Hidrolândia (60 ha) e Bela Vista de Goiás (90 ha) analisaram problemas semelhantes nas áreas produtoras. Alertada por produtores, a Embrapa Hortaliças (DF) concorda com a origem. “Por meio de análise preliminar, com base nos sintomas apresentados, embora-se a possibilidade de os fitonematoides serem a causa do problema”, explica o pesquisador Jadir Pinheiro , responsável pelo laboratório de Nematologia da Embrapa Hortaliças.

Recomendações
O pesquisador ressalta a importância do controle preventivo como principal ferramenta para lidar com esse problema. Ele recomenda uma série de ações para prevenir a infestação de patógenos como: mudas plantares, produzidas preferencialmente em bandejas e com substratos esterilizados; evitar terrenos infestados, buscando conhecimento prévio do histórico da área de plantio; lavar os pneus de trator e os implementos com jatos de água, para retirar partículas de solo aderidas, deixando-os secar bem antes de entrar em nova área; desinfestar máquinas e implementos agrícolas usados ​​em áreas suspeitas de infestação e que venham a transitar em área a ser cultivada; e limpe poços e canais de inspeção após o período chuvoso para manter a água limpa e evitar a dispersão de nematóides.

É importante também incorporar matéria orgânica ao solo, que proporcione aumento populacional de microrganismos antagônicos aos nematóides, além de enriquecer a área e tornar as plantas mais tolerantes à infecção. Fazer o manejo adequado da supervisão, colabora para desfavorecer o aumento da população e o movimento de nematóides, além de retardar a infecção de plantas e a infestação do solo. O especialista ainda recomenda retirar restos de outras culturas contaminadas da lavoura e destruir-los e nunca os incorporar ao solo na área de cultivo e fazer rotações de culturas com plantas não hospedeiras, principalmente crotalárias, em especial Crotalaria spectabilis , que não se multiplica o nematoide- das lesões radiculares. Pinheiro informa que as crotalárias são ótimas adubos verdes e funcionam como bons condicionadores do solo.

Alice Duval e Henrique Carvalho/Embrapa

Como foi feito o diagnóstico
Conforme o pesquisador, o diagnóstico foi dado após uma série de ações integradas como coletas de solos em regiões com e sem o problema, avaliações comparativas de ocorrência (patógenos) de solo, histórico de utilização das áreas e uma análise histológica (estruturas e processos biológicos) em parceria com a Universidade de Brasília (UnB). A partir dessas iniciativas, foi possível descobrir que o ataque às plantas foi causado pelo nematoide-das-lesões-radiculares (Pratylenchus brachyurus), mais um novo agente causador de prejuízos para a cadeia produtiva do tomateiro industrial.

Pinheiro explica que com a intensificação da agricultura no País e a expansão de novas áreas de plantio, o Pratylenchus brachyurus – que até então era considerado um patógeno de importância secundário para a cultura do tomateiro do segmento industrial – vem causando danos severos nos plantios comerciais de importantes polos de produção na região Central do Brasil.

A rotação pode agravar o problema
Durante uma fase de prospecção constatou-se que as áreas de produção no município goiano de Silvânia foram as mais comprometidas pela presença desse patógeno. Isso levou os pesquisadores a descobrir um agravante do problema. “Na maioria das áreas avaliadas, verifica-se que a rotação de culturas realizadas com soja, milho e arroz faz com que o problema se agrave ainda mais, pois essas culturas utilizadas na alternância com o tomate são eficientes multiplicadores de P. brachyurus , principalmente a da soja, que vem apresentando prejuízos bastante expressivos nos últimos anos”, ressalta Pinheiro. Com informações da Embrapa.

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