Inflação desacelera em junho com queda nos preços dos alimentos

A inflação oficial no Brasil demonstrou uma perda de fôlego em junho, registrando 0,24%. Este cenário foi marcado, principalmente, pela primeira redução no valor dos alimentos em nove meses, o que contribuiu para uma desaceleração contínua do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Os dados foram divulgados nesta quinta-feira (10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Contrariando a tendência de queda geral, a conta de energia elétrica exerceu uma pressão significativa no IPCA. A ativação da bandeira tarifária vermelha patamar 1, que adiciona R$ 4,46 a cada 100 quilowatt-hora consumidos, fez com que a eletricidade subisse 2,96% no mês, impactando em 0,12 ponto percentual (p.p.) o índice. Reajustes em cidades como Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba e Rio de Janeiro também contribuíram para essa alta. Segundo Fernando Gonçalves, gerente do IPCA, sem o impacto da energia elétrica, o índice ficaria em 0,13%.

Alimentos lideram a queda, mas acumulado anual ainda preocupa
O grupo de alimentação e bebidas foi o único a apresentar deflação em junho, com uma retração de 0,18%, representando um impacto negativo de 0,04 p.p. A alimentação no domicílio foi o principal motor dessa queda, passando de 0,02% em maio para -0,43% em junho, influenciada por itens como ovo de galinha (-6,58%), arroz (-3,23%) e frutas (-2,22%). A maior oferta, devido a bons resultados da safra atual, explica essa redução nos preços dos alimentos. O café, embora tenha subido 0,56% em junho, desacelerou em relação a maio e acumula alta de 77,88% em 12 meses. Já a alimentação fora do domicílio registrou desaceleração para 0,46%.

Apesar da sequência de quatro meses de desaceleração (0,56% em março, 0,43% em abril, 0,26% em maio e 0,24% em junho), o IPCA acumulado nos últimos 12 meses atingiu 5,35%. Este é o sexto mês consecutivo em que o índice permanece acima do teto da meta do governo, estabelecida em 4,5%, configurando um estouro da meta. O ponto mais alto do ano para o acumulado foi em abril, com 5,53%.

Outros grupos e o INPC
Entre os nove grupos de preços analisados pelo IBGE, além da queda em alimentação e bebidas, outros tiveram variações: Habitação (0,99%), Artigos de residência (0,08%), Vestuário (0,75%), Transportes (0,27%), Saúde e cuidados pessoais (0,07%), Despesas pessoais (0,23%) e Comunicação (0,11%). Educação permaneceu estável (0,00%). No grupo de Transportes, apesar da queda nos combustíveis (-0,42%), a alta no transporte por aplicativo (13,77%) pressionou o índice.

O índice de difusão, que mede a porcentagem de produtos e serviços com alta de preços, foi de 54% em junho, o menor desde julho de 2024.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que abrange famílias com renda de até cinco salários mínimos, registrou 0,23% em junho e acumula 5,18% em 12 meses. A diferença entre o INPC e o IPCA reside na ponderação dos grupos de preços, sendo que os alimentos, por exemplo, representam um peso maior no INPC (25%) do que no IPCA (21,86%), refletindo os hábitos de consumo das famílias de menor renda. O INPC é fundamental para o cálculo do reajuste salarial de diversas categorias. Com informações da Agência Brasil

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