Uma solução verde que detecta resíduos de pesticidas no pólen de laranjeira com alta precisão e baixo custo
Pesquisadores da Unicamp e da Embrapa Meio Ambiente desenvolveram um método laboratorial que detecta resíduos de pesticidas no pólen de laranjeira com alta precisão e baixo custo. A nova metodologia exige 100 vezes menos amostra que os métodos tradicionais e reduz o uso de solventes e reagentes, o que diminui o impacto ambiental e os custos da análise.
O desafio dos pesticidas na laranja
O Brasil é o maior produtor de laranja do mundo, mas o uso intensivo de pesticidas na lavoura levanta preocupações ambientais e de saúde pública. Os inseticidas sistêmicos, por exemplo, permanecem na planta e podem contaminar o pólen, afetando abelhas e outros polinizadores. De acordo com os pesquisadores Sonia Queiroz e Robson Barizon, a análise do pólen é essencial para entender os impactos desses pesticidas nas abelhas e avaliar os riscos para a saúde humana, já que o pólen também é consumido como suplemento.
O novo método utiliza a técnica de micro-QuEChERS para preparar a amostra e, na sequência, a cromatografia líquida de ultra eficiência acoplada à espectrometria de massas para identificar e quantificar os resíduos. A combinação das técnicas garante a precisão e a eficácia da análise.
Mais sensibilidade com menos material
O método foi projetado para superar desafios analíticos, como a complexidade da matriz e o baixo volume de pólen disponível. A microextração baseada em QuEChERS permitiu uma abordagem eficiente, que usa apenas 100 mg de pólen e reduz a geração de resíduos. O uso de menos reagentes e solventes está alinhado ao conceito de “química verde”, que busca eliminar substâncias nocivas à saúde e ao ambiente.
A metodologia foi testada em amostras de pólen de laranjeira de áreas experimentais e detectou com sucesso a presença de inseticidas neonicotinóides, como o imidacloprido e o tiametoxam, além de outros pesticidas comuns na cultura da laranja. O estudo também reforça o risco que os neonicotinóides representam para as abelhas, causando desorientação e comprometimento da navegação.
Um avanço para a agricultura e a saúde
Além das vantagens operacionais e econômicas, o novo método é um avanço estratégico para a agricultura e a saúde pública. A técnica facilita o monitoramento de resíduos de pesticidas em matrizes pouco exploradas, como o pólen, e contribui com evidências para o debate sobre o uso de agrotóxicos no Brasil.
Com essa inovação, a Unicamp e a Embrapa esperam ampliar o monitoramento de resíduos nas cadeias produtivas, promovendo uma agricultura mais segura e sustentável, alinhada às exigências ambientais e sanitárias atuais. Com informações da Assessoria de Comunicação da Embrapa

