Projeto pioneiro mapeia nascentes em Florestal, promove mobilização em defesa das águas e pode influenciar políticas públicas de preservação ambiental

Um movimento ambiental de grande relevância está sendo construído em Florestal, município da Região Metropolitana de Belo Horizonte. Com cerca de 90% de suas águas nascendo dentro de seu próprio território, Florestal é um verdadeiro berço hídrico. E é justamente essa vocação natural que está sendo colocada no centro de um amplo projeto de preservação, idealizado pela educadora ambiental Sônia Maria Moreira Mariquito Naime Silva, com o apoio direto do Rotary Club da cidade.

Inspirado pelo compromisso centenário do Rotary com causas ambientais, o clube de serviços local iniciou, em julho de 2024, um projeto de levantamento detalhado da hidrografia do município. A proposta é ambiciosa: mapear todas as nascentes e cursos d’água de Florestal, criar uma base de dados confiável e fomentar políticas sustentáveis para o uso e preservação desses recursos. Para Sônia Naime, esse movimento é uma resposta concreta à crescente crise hídrica e ambiental enfrentada no Brasil.

Sub-bacias em destaque: raio-x ambiental será publicado distrito por distrito
O projeto ganha ainda mais força ao contemplar, nos próximos passos, a publicação do mapa hidrográfico de cada distrito rural do município: Cachoeira de Almas, Gameleira, Marinheiro, Valentim, Boa Vista e Ribeirão do Ouro. Esses mapas, segundo Sônia Naime, serão ferramentas fundamentais para educadores, gestores públicos e agricultores, ajudando a compreender melhor o ciclo da água local e os riscos de degradação das fontes naturais.
Além de fornecer informações técnicas, o mapeamento pretende incentivar o cercamento de nascentes, a recuperação de matas ciliares e o combate ao assoreamento de rios e córregos. Hoje, muitas dessas áreas se encontram desprotegidas, com vegetação comprometida e uso indevido das margens:

Sônia Naime
Celebração do Dia Mundial do Meio Ambiente tem inclusão e emoção
A cerimônia de lançamento do projeto, realizada em 5 de junho de 2025 — Dia Mundial do Meio Ambiente — foi marcada por momentos de grande simbolismo e emoção. Um dos mais tocantes aconteceu quando o jovem Gabriel, intérprete de Libras e único no país com Síndrome de Down atuando nessa função, traduziu com maestria a canção “Planeta Água”. Sua apresentação foi aplaudida de pé pelo público, deixando a mensagem clara: o cuidado com o planeta é uma missão de todos e deve ser inclusivo.

A cerimônia contou também com a participação da cantora Élida Graciele Silva Vieira de Oliveira, que interpretou o Hino Nacional Brasileiro. Mesmo residindo atualmente em Pará de Minas, Élida fez questão de retornar a Florestal para participar do evento, que teve a presença do presidente do Rotary Club local, José Humberto Rodrigues Pereira, além de convidados e representantes da sociedade civil.

Água é vida: mas até quando?
Apesar do potencial hídrico expressivo, Florestal enfrenta os mesmos desafios de inúmeros municípios brasileiros: degradação ambiental, uso abusivo de outorgas, falta de fiscalização e ausência de um plano de gestão hídrica eficaz. Sônia Naime alerta que muitas nascentes estão secando e as margens dos córregos sofrem com o descaso. O risco não é apenas ambiental, mas também econômico e social, já que o município depende da agricultura familiar, da pecuária leiteira e de práticas agroecológicas que exigem equilíbrio ambiental:
Sônia Naime

Rotary Club assume protagonismo na transformação local
Além do mapeamento, o Rotary Club de Florestal se compromete a promover atualizações periódicas sobre o uso da água, incentivar práticas sustentáveis entre agricultores e mobilizar a comunidade por meio de eventos, publicações e ações educativas. A expectativa é que o movimento sirva de modelo para outros municípios que enfrentam os mesmos dilemas.
O município de Florestal, com sua forte vocação agrícola e tradição em práticas agroecológicas, tem em mãos a oportunidade de se tornar referência nacional em proteção hídrica. Mas, como destaca Sônia, essa transformação só será possível com o envolvimento de toda a sociedade.
“Água não é um recurso infinito. Ela precisa ser respeitada e cuidada como o bem essencial que é”, conclui Sônia Naime.
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