Funed alerta a população sobre os riscos de manter cobras em ambientes inadequados

As serpentes sempre estiveram presentes no imaginário popular, sendo associadas, na maioria das vezes, à beleza, poder e também à periculosidade. De acordo com o chefe de Serviços Animais Peçonhentos (SAP) da Fundação Ezequiel Dias (Funed), Rômulo Righi Toledo, com o advento da Modernidade, o potencial desses animais, tanto para fins medicinais quanto para empreendimentos comerciais, se tornou promissor.

Cobra-do-milho
Além disso, nos últimos anos, as serpentes têm despertado interesse do mercado de animais de estimação, uma vez que o fator exclusividade pode ser um atrativo a mais nesse aspecto. Recentemente, a Polícia Civil de Lavras, na região do Campo das Vertentes, apreendeu duas cobras-do-milho (Pantherophis guttatus), espécie não venenosa nativa dos Estados Unidos, que teriam sido enviadas pelos Correios e foram encontradas em três endereços distintos da cidade. “O comércio ilegal de cobras é um risco à saúde pública, principalmente quando se trata de serpentes venenosas não nativas do Brasil, suscetíveis a acidentes com humanos. Não possuímos soros específicos para o tratamento nesses casos”, enfatiza.

Segundo o chefe do SAP, embora, a cobra-do-milho seja considerada dócil, em situações extremas ela pode atacar agindo por estrangulamento. O especialista da Funed também lembra que não se sabe as condições em que essas serpentes estavam ao serem capturadas. ” Mesmo espécies não venenosas como a cobra-do-milho podem ser acometidas por parasitas estranhos, gerando doenças para os seres humanos”, observa.

Rômulo ainda reforça que a criação de espécies exóticas em cativeiro, sem autorização prévia dos órgãos competentes, é considerado um crime ambiental. ”Trata-se de uma prática que pode desencadear desequilíbrio ecológico, por disputa de espaço, alimento, e o risco sanitário de introdução de doenças no meio ambiente. afirma. Ainda segundo o chefe do Serviço de Animais Peçonhentos da Funed, a abertura de serpentários públicos ou particulares, em Minas Gerais, é responsabilidade do Instituto Estadual de Florestas (IEF), que disponibiliza um passo a passo orientando o procedimento.

Como a Funed é vinculada ao Sistema Único de Saúde (SUS), conta com um criadouro cientifico de serpentes para extração dos venenos utilizados na produção de antídotos, que são distribuídos na rede pública. Por isso, a Fundação é autorizada pelo IEF para atuar nesse segmento. “Mantemos espécies peçonhentas como as jararacas, jararacuçu, caiçaca, urutu e cascavel. Também há cobras não venenosas, que é o caso da jiboia, caninana, salamanta, cobra-corre-campo, cobra-do-leite, falsa-coral, cobra-verde, cobra-cipó-bicuda, suaçuboia, cobra corredeira, píton bola e, inclusive, a cobra-do-milho. O nosso interesse é totalmente medicinal e científico. Por isso, não comercializamos, emprestamos e nem doamos esses animais para particulares”, explica.

Somente, em 2023, a Funed recebeu 323 serpentes de todo o estado. A instituição recebe apenas cobras vivas, independentemente de serem venenosas ou não. Esse serviço funciona 24 horas, todos os dias da semana. “Quem resgatar esses animais deve mantê-los por pouco tempo em uma caixa vedada com uma pequena abertura para ventilação em local sombreado. Não é necessário água ou alimentação, basta entregá-las na portaria da Funed”, explica Rômulo Toledo.

Atualmente, a exposição do serpentário da Fundação encontra-se suspensa para visitação. O espaço deve passar por obras, em breve, para atender aos critérios específicos de visitação, considerando ainda a segurança, acessibilidade e bem-estar dos animais.

Criação de serpentes
A procedência de serpentes e o criadouro devem estar de acordo com critérios do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e do Instituto Estadual de Florestas (IEF).
O tráfico, aquisição e a manutenção ilegal de animais silvestres ou exóticos em cativeiros são crimes, sujeitos à multa e detenção.
Experiências dolorosas ou cruéis com animais vivos, ainda que para fins didáticos ou científicos, sem autorização de órgão competente, também é crime.
Em caso de cativeiro clandestino, denuncie a ação à Polícia.
Com informações da Assessoria de Comunicação da Fundação Ezequiel Dias.

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