Inadimplência empresarial atinge recorde em MG e no Brasil. Quase um terço das empresas mineiras no vermelho

Minas Gerais registrou, em maio, um cenário preocupante na inadimplência empresarial: 701.736 companhias estavam com contas em atraso, segundo o Indicador de Inadimplência das Empresas da Serasa Experian. Esse número representa cerca de 3 em cada 10 empresas ativas (28,0%) no estado. O levantamento revela que o valor médio das dívidas foi de R$ 3.170,71, totalizando aproximadamente R$ 15,4 bilhões em débitos negativados. Em média, cada empresa mineira acumulava sete dívidas em aberto no período.

No cenário nacional, a situação é ainda mais crítica, com a inadimplência das empresas batendo recorde pelo quinto mês consecutivo em maio. Ao todo, 7,7 milhões de empresas no Brasil encerraram o mês com contas em atraso, um número que corresponde a 32,8% do total de empresas ativas e supera os 7,5 milhões registrados em abril. O valor total das dívidas atingiu um montante recorde de R$ 182,4 bilhões, o maior desde o início da série histórica do indicador em março de 2016. A média nacional foi de 7,3 contas negativadas por CNPJ, com um ticket médio de R$ 3.255,40.

Dificuldade de acesso ao crédito e projeções futuras
Camila Abdelmalack, economista da Serasa Experian, destaca que o contexto atual de inadimplência é agravado pelas dificuldades de acesso ao crédito. “As empresas que já estão endividadas enfrentam hoje um ambiente muito mais restritivo para obter novos financiamentos, tanto para capital de giro quanto para renegociação de passivos”, explica. Ela complementa que, diante do crescimento expressivo das dívidas, os credores estão mais cautelosos, o que dificulta a concessão de crédito até mesmo para negociações, aumentando o risco de permanência ou agravamento da inadimplência.

Para os próximos meses, a economista alerta para um possível agravamento da inadimplência devido a fatores que elevam a pressão sobre os custos operacionais das empresas. No cenário internacional, uma possível aplicação de tarifas de 50% por parte dos Estados Unidos sobre produtos brasileiros, com a chance de retaliação do Brasil, poderia gerar um encarecimento de insumos, impactando diretamente os custos de produção das empresas brasileiras, especialmente as que dependem de cadeias internacionais. “Esse tipo de pressão inflacionária, em um cenário já marcado por juros elevados, tende a agravar ainda mais a situação da inadimplência no país”, avalia.

Um choque inflacionário seria particularmente preocupante no atual contexto de juros elevados, atualmente em 15%. Segundo Abdelmalack, com o acesso ao crédito já limitado, uma alta na inflação pode levar o Banco Central a postergar eventuais cortes, dificultando ainda mais a recuperação das empresas.

Além dos fatores externos, a economista menciona um possível agravante interno: o aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) sobre crédito empresarial. “Se isso ocorrer, teremos um encarecimento direto do financiamento produtivo, impactando especialmente as micro e pequenas empresas, que já enfrentam dificuldades para renegociar dívidas e manter o capital de giro. Um aumento de custo nesse ponto pode contribuir para a expansão da inadimplência”, conclui.

Pequenos negócios e setores mais afetados
Os pequenos negócios continuam sendo os mais impactados pela inadimplência no país. Dos 7,7 milhões de empresas com contas em atraso, 7,3 milhões eram micro e pequenas empresas, que concentraram 51,7 milhões de dívidas negativadas, somando R$ 164,1 bilhões. Em contraste, cerca de 32 mil médias e 23 mil grandes empresas também estavam em situação de inadimplência.

O setor de Serviços concentrou a maior fatia das empresas negativadas em maio, respondendo por 53,7% do total. Em seguida, apareceram os segmentos de Comércio (34,1%) e Indústria (8,0%). As categorias agrupadas como “Outros” (incluindo Financeiro e Terceiro Setor) representaram 3,2%, e o setor Primário completou a lista com 1,0%. A maioria das dívidas inadimplidas foi no segmento de “Serviços” (31,5%), seguido por “Bancos e Cartões” (20,9%).

Entre as unidades federativas, o Distrito Federal (42,4%) liderou o ranking das maiores proporções de empresas inadimplentes em maio, seguido por Pará (40,4%) e Alagoas (39,9%). Em números absolutos, São Paulo concentrou o maior volume (2.635.018), com Minas Gerais (701.736) e Rio de Janeiro (694.981) na sequência. Com informações da Assessoria de Comunicação da Serasa Experian

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