Emprego no Brasil resiste a juros altos e atinge recorde histórico
Apesar da política monetária de juros elevados, o mercado de trabalho brasileiro continua aquecido e em plena expansão. Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), a taxa de desocupação no país atingiu 5,8% no trimestre encerrado em junho, o menor nível registrado desde o início da série histórica da pesquisa, em 2012.
O levantamento, divulgado pelo IBGE, também mostra outros recordes: o número de pessoas ocupadas chegou a 102,3 milhões, com um acréscimo de 1,8 milhão de postos de trabalho no segundo trimestre. O número de trabalhadores com carteira assinada alcançou 39 milhões, e a renda média mensal dos brasileiros subiu para R$ 3.477. Economistas ouvidos pela Agência Brasil consideram os resultados uma “bela surpresa” em um cenário de Selic a 15% ao ano.
Economia reage de forma “contraditória” à política do Banco Central
Especialistas afirmam que o mercado de trabalho ainda não sentiu os efeitos contracionistas dos juros altos, que visam a conter a inflação. O economista Rodolpho Tobler, da Fundação Getulio Vargas (FGV), classificou o cenário como “contraditório”, já que a economia continua a gerar empregos e renda.
Segundo o economista Sandro Sacchet, do Ipea, essa resistência se deve principalmente a dois fatores. O primeiro é a manutenção do valor do programa Bolsa Família em R$ 600, o que impulsiona o consumo das famílias e sustenta o mercado de trabalho. O segundo fator é a crescente inserção de trabalhadores por conta própria na economia. A Pnad revelou que 25,7 milhões de pessoas atuam como autônomos, sendo que a maioria (entre 75% e 80%) não tem CNPJ e, por isso, é mais informal.
Apesar da resiliência, os economistas alertam que o mercado de trabalho não é imune à Selic elevada. Para os próximos meses, a expectativa é de uma desaceleração, mas sem uma reversão drástica na taxa de desemprego. Tobler prevê que o ritmo de crescimento do emprego não se manterá tão forte, enquanto Sacchet estima uma pequena elevação na taxa de desocupação, com uma nova queda no final do ano, impulsionada pelas contratações de Natal. Com informações da Agência Brasil

