Explosão global de casos: OMS prevê 35 milhões de novos cânceres até 2050

A Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou projeções alarmantes sobre a incidência global de câncer, estimando que o número de novos casos deve saltar de 20 milhões em 2022 para 35,3 milhões em 2050, um aumento de 77%. As estatísticas apontam uma grande desigualdade na distribuição da doença, sendo os maiores crescimentos esperados em países de baixa e média renda, que geralmente possuem sistemas de saúde menos preparados para essa “explosão de casos”.

Os dados foram apresentados no Rio de Janeiro, durante o seminário “Controle do Câncer no século XXI: desafios globais e soluções locais”, promovido pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), pela diretora da Agência Internacional para Pesquisa de Câncer da OMS, Elisabete Weiderpass.

Câncer de pulmão e a mortalidade global
A cada ano, 10 milhões de pessoas morrem de câncer no mundo. O câncer de pulmão foi o tipo mais frequentemente diagnosticado, responsável por 2,5 milhões de novos registros (cerca de um a cada oito casos), seguido pelo câncer de mama e colorretal. Além de ser o mais diagnosticado, o câncer de pulmão é a principal causa de mortalidade global pela doença, provocando 1,8 milhão de óbitos anuais.

Elisabete Weiderpass salientou que, embora o câncer seja uma doença global, sua distribuição é marcadamente desigual geograficamente, com grandes disparidades de incidência e mortalidade entre as regiões.

“A Ásia, com 60% da população mundial, representa cerca de 50% de todos os casos de câncer no mundo e 56% das mortes de câncer no mundo, indicando problemas estruturais em prevenção, diagnóstico e tratamento”, destacou a diretora da OMS.

Impacto econômico e as regiões mais afetadas
A doença também impõe um custo socioeconômico significativo. A perda de produtividade decorrente da morte prematura por 36 tipos de câncer, em indivíduos com idades entre 15 e 64 anos em 180 países, é avaliada em US$ 566 bilhões, o equivalente a 0,6% do Produto Interno Bruto (PIB) global.

Embora um terço das mortes se concentre no Leste Asiático, América do Norte e Europa Ocidental em termos absolutos, a diretora da OMS especificou que, ao comparar a proporção da perda em relação ao PIB de cada região, as mais afetadas são as Áfricas Oriental e Central.

O cenário brasileiro: Aumento massivo previsto
No Brasil, o Instituto Nacional do Câncer (Inca) estima que sejam registrados 700 mil novos casos por ano no triênio 2023-2025. De acordo com as projeções da OMS, o país enfrentará um aumento ainda mais expressivo até 2050, quando o número de novos casos pode atingir 1,150 milhão, um crescimento de 83% em relação aos dados de 2022. O total de mortes deve aumentar para 554 mil até 2025, quase o dobro do registrado em 2022.

A diretora da OMS alertou para a urgência da situação: “É um aumento massivo. Sem dúvida, isso vai estrangular o sistema de saúde e tem que ser discutido agora, porque ações têm que ser tomadas agora para evitar um problema maior de manejamento e controle de todos esses casos”.

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, enfatizou a importância do debate sobre o câncer na agenda global e ressaltou a necessidade de mobilização para garantir o acesso a novas tecnologias e para o enfrentamento a fatores de risco, como o tabaco e o consumo de alimentos ultraprocessados.

Desafios no controle e políticas públicas
O diretor-geral do Inca, Roberto Gil, reforçou a ideia de que o câncer está a caminho de se tornar a principal causa de mortalidade no país, e defendeu a substituição do termo “combate” por “controle ao câncer”, por se tratar de uma doença crônica. Gil também destacou a negligência de populações vulneráveis no país, influenciadas por fatores como gênero, raça e condição econômica.

O presidente da Fiocruz, Mario Moreira, considerou o câncer como um “fruto de uma determinação social” e enfatizou o desafio adicional do Brasil em desenhar políticas públicas inclusivas para enfrentar as desigualdades do país. Ele ressaltou que a doença, que pode ser tratada como crônica, também é passível de prevenção e cura. Com informações da Agência Brasil

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