Ministro da Saúde ataca negacionismo e restrição de visto dos EUA em evento da Opas
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, aproveitou sua participação virtual no 62º Conselho Diretor da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), em Washington, para criticar tanto as políticas negacionistas na área da saúde quanto a imposição de restrições ao seu visto pelo governo dos Estados Unidos. Impedido de comparecer presencialmente ao evento, que se estende até sexta-feira (3 de outubro), Padilha fez um discurso contundente por videoconferência.
“Não precisamos de restrição a autoridades, nem bloqueios a países. O que precisamos é restringir as doenças, como o sarampo que se espalha a partir da América do Norte”, ponderou o ministro. Ele garantiu que a decisão norte-americana não conseguirá limitar a circulação das ideias brasileiras, reforçando a vocação de cooperação do país entre os povos das Américas.
Crítica à desinformação e cortes na ciência
Em seu pronunciamento, Padilha direcionou críticas diretas à desinformação na saúde, alertando para os riscos do “negacionismo de líderes”. Ele recordou o cenário da pandemia de covid-19, quando a negação da ciência, impulsionada por chefes de governo, resultou na perda de “milhares de vidas e a unidade entre as nações”.
Nesse contexto, o ministro brasileiro defendeu a urgência de recursos para pesquisas em imunização. Ele classificou os cortes em programas de vacinação e pesquisa como um “retrocesso para a ciência” e uma “ameaça à vida”. No mês anterior, Padilha já havia criticado o governo de Donald Trump por limitar recursos para a pesquisa de vacinas.
O ministro reforçou o compromisso do Brasil em expandir a participação para garantir produtos de saúde mais acessíveis para todo o continente. “Precisamos construir pontes entre os povos americanos, não barreiras ou muros. Ao contrário daqueles que nos restringem, vamos continuar a defender as vacinas, a ciência e os sistemas públicos de saúde,” declarou.
Retomada da vacinação e o impacto do clima
Padilha destacou a retomada do aumento na cobertura vacinal no país, revertendo um período de seis anos de quedas consecutivas.
Em outro ponto de ataque ao negacionismo, ele considerou inaceitável que ainda existam posturas que ignorem os impactos das mudanças climáticas sobre a vida e a saúde. O ministro defendeu o avanço na adaptação dos sistemas de saúde aos riscos ambientais e solicitou a participação das autoridades internacionais na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), que ocorrerá em novembro em Belém, para debater o tema.
Abertura para a ciência e políticas internas
Reforçando a abertura para a colaboração, Padilha disse que o Brasil precisa manter a cooperação com empresas e instituições das Américas e do mundo para a produção de vacinas e medicamentos em todas as plataformas. Ele aproveitou a oportunidade para convidar pesquisadores e empresas de vacina de RNA mensageiro a atuarem no país, assegurando que “as portas do Brasil estão abertas à ciência e à inovação”.
No cenário interno, o ministro destacou a duplicação do programa Mais Médicos, garantindo a presença de profissionais na atenção primária, especialmente nas áreas mais carentes, em parceria com a Opas. Outra política mencionada foi o Agora Tem Especialistas, programa destinado a diminuir as filas de espera no Sistema Único de Saúde (SUS) para consultas, exames e cirurgias.
Por fim, Padilha entregou à Opas um relatório que detalha a redução da transmissão vertical do HIV no Brasil e a diminuição em 75% do número de mortes causadas pela dengue neste ano. Com informações da Agência Brasil


