Epamig lança programa para elevar qualidade e valor da cachaça de alambique mineira
A Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) deu início ao Programa Estadual de Pesquisa em Cana de Açúcar e Cachaça de Alambique, uma iniciativa abrangente para fortalecer o setor que é líder no país. O programa focará em aspectos agronômicos, tecnológicos, ambientais e produtivos, com o objetivo central de aumentar a qualidade, a produtividade e a sustentabilidade da cachaça artesanal mineira.
Abordagem integrada na cadeia produtiva
Os trabalhos de pesquisa serão desenvolvidos com uma visão integrada de toda a cadeia, desde o cultivo da cana-de-açúcar até o aprimoramento do produto final. Segundo a pesquisadora Ana Cláudia Silveira Alexandre, da Epamig – Instituto Tecnológico de Agropecuária de Pitangui (ITAP), as frentes de estudo incluem:
Cana-de-açúcar: Seleção de cultivares adaptadas aos diversos biomas mineiros e que sejam ideais para a produção de cachaça e seus derivados, além do aperfeiçoamento das práticas de manejo fitotécnico para maior eficiência e sustentabilidade.
Produção da Bebida: Estudos focados na bioprospecção de microrganismos e otimização dos processos fermentativos, visando a padronização e a melhoria da qualidade físico-química e sensorial da cachaça.
Envelhecimento: Pesquisas sobre os melhores métodos de envelhecimento e maturação, utilizando diferentes tipos de madeiras, barris e tempos de armazenamento para agregar valor sensorial e comercial ao destilado.
Identidade Territorial: Estudos voltados à valorização dos terroirs mineiros e à diferenciação da produção por microrregião, além do desenvolvimento de novos produtos e derivados da cana e da cachaça, estimulando a inovação tecnológica.
Alambique-Escola: aposta em ensino e assistência técnica
Uma das ações estratégicas do programa é a implantação do Alambique-Escola na Epamig ITAP, que será uma unidade de referência para a produção de cachaça de alambique e terá suas fases executivas iniciadas em 2026. Esta medida, realizada em parceria com a Emater-MG, atende a uma demanda urgente do estado.
Um diagnóstico realizado em 2023 pela Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa) revelou que cerca de 40% dos estabelecimentos registrados em Minas não recebem qualquer tipo de assistência técnica, seja para o cultivo da cana ou para a fabricação da bebida.
“Esses dados reforçam a demanda por maior orientação técnica aos produtores e evidenciam a importância de uma estrutura como o Alambique-Escola, que oferecerá suporte contínuo, capacitação prática e condições para aprimorar a qualidade da cachaça,” afirma Ana Cláudia.
Minas: o gigante da cachaça busca mais dados
Minas Gerais é reconhecido como o maior produtor e líder na produção de cachaça de alambique no Brasil. No entanto, o setor carece de informações detalhadas sobre o volume total produzido, a classificação dos empreendimentos, a mão de obra empregada, o tipo de assistência técnica recebida e o perfil dos responsáveis técnicos.
Foi essa carência de dados que motivou o diagnóstico inicial. A diretora de Comercialização e Mercados da Seapa, Sandra Regina Carvalho dos Santos, explica que o estudo colhe informações completas sobre produção, agroindústria, comercialização, tributação e plantio de cana, essenciais para “embasar o investimento em políticas públicas que conversem com a realidade” da cadeia produtiva. Com informações da Agência Minas


