Prefeito de Formiga ameaça colocar tratores e caminhões na porta da Santa Casa para não receber pacientes com COVID-19
Os paraminenses foram surpreendidos na noite de quarta-feira (22) com um novo posicionamento do governo estadual que apresentou um plano macrorregional de atendimento que tornará em breve o Hospital Nossa Senhora da Conceição (HNSC) referência para tratamento da COVID-19 na microrregião, que engloba oito municípios.
O HNSC ficará responsável por reestruturar toda a parte física. Atualmente são 10 leitos de terapia intensiva, outros 10 de terapia semi-intensiva serão instalados em breve, pois estavam alocados no prédio do antigo Pronto Atendimento Municipal José Porfírio de Oliveira, no bairro Senador Valadares, e o antigo Centro de Tratamento Intensivo (CTI) do HNSC será reformado para dar lugar a novos 10 leitos. Com isso serão 30 leitos totalmente equipamentos. Além disso, outros 58 leitos clínicos serão disponibilizados apenas para tratamento de pacientes diagnosticados com o novo coronavírus.
O diretor do HNSC Clelton de Faria Pacheco disse ontem (22) que isso pode mudar, uma vez que algum hospital pode decidir não aceitar as condições do Estado e novo acordo venha a ser firmado com mudanças de especialidades entre as unidades de saúde que aderirem ao plano do governo.
Mas o que chamou a atenção dos paraminenses é que a mudança apresentada pela Secretaria de Estado de Saúde (SES) diz que haverá um compartilhamento de pacientes entre a microrregião. Um paciente paraminense que necessita de uma cirurgia ortopédica será transferido para outro município que se tornará referência para aquela especialidade, enquanto um morador de outra cidade que esteja com sintomas da COVID-19 será enviado para o HNSC em Pará de Minas.
O assunto gerou discussão e a maioria não aprovou esta mudança. Nas redes sociais e grupos de WhatsApp a insatisfação é que os paraminenses terão que sair de suas cidades para serem atendidos em outras, sendo que aqui há um hospital que na maioria das vezes conseguiu atender a demanda. Outros questionam o motivo da escolha de Pará de Minas para ser referência em COVID-19 e temem aumentar o número de casos confirmados com o aumento significativo de pessoas de várias cidades da região. Tem ainda os que temem pelos funcionários do HNSC que estarão expostos ao novo coronavírus e necessitarão de Equipamentos de Proteção Individual (EPI’s).
Também é importante ressaltar que conforme regulamentado no Decreto Municipal 11.084, se porventura aumentar o número de casos em Pará de Minas, o comércio será fechado novamente. Os estabelecimentos comerciais da cidade ficaram fechados por 30 dias e foi reaberto na quarta (22). Os comerciantes estão fazendo o que podem para evitar a disseminação do coronavírus, pois, o maior temor deles é que ocorra um novo fechamento do comércio paraminense.
Como disse ontem o diretor do HNSC, alguma cidade pode não concordar com o plano macrorregional de atendimento e não aceitar as condições do governo do Estado. E ao que parece nem todos os municípios mineiros estão dispostos a aceitar o que propõe a Secretaria de Estado da Saúde (SES-MG).
Isso porque o plano do Estado também incluiu a cidade de Formiga. A Santa Casa do município é referência daquela microrregião e atende pessoas com traumas, infarto, AVC, dengue hemorrágica e outras doenças. Como possui leitos de Unidade de Tratamento Intensivo (UTI). A Santa Casa de Formiga também recebe pacientes da região com suspeitas do novo coronavírus. Mas o que não esperavam era que o Governo de MG destinasse a Santa Casa exclusivamente para receber infectados pelo novo vírus.
Uma reunião foi realizada entre representantes da Prefeitura de Formiga e da Santa Casa que decidiram não aceitarem a transformação do hospital em referência para a COVID-19. Em tom mais duro o prefeito Eugênio Vilela Júnior (PP) chegou a dizer: “se for preciso a gente coloca tratores e caminhões lá na porta da Santa Casa e só o exército pra tirar. Os formiguenses vão fazer manifestações contrárias para não aceitar essa medida da Secretaria de Estado de Saúde”.
Nova reunião foi realizada na tarde desta quinta-feira (23) para definir as ações que o Município e a Santa Casa tomarão para evitar que o hospital se torne exclusivo de casos de COVID-19.
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