Parceria entre Procuradoria da Mulher e Associação Por Elas oferecerá atendimento gratuito para combater a violência contra a mulher em Pará de Minas
A Câmara Municipal de Pará de Minas e a Associação Por Elas assinaram, nesta sexta-feira (22), um Termo de Cooperação que visa fortalecer o apoio a mulheres vítimas de violência na cidade. A parceria, celebrada pela Procuradoria da Mulher da Câmara, busca criar um novo ponto de acolhimento com orientação jurídica e psicológica.

A psicóloga e presidente da Associação Por Elas, Andréa Moreira, explicou que o projeto inicial se tornou uma associação independente, e que a parceria representa um passo importante na luta pelos direitos das mulheres, especialmente diante dos dados alarmantes de violência no município:

Andréa Moreira
mulheresandream1
Dados que mostram a urgência
A necessidade de mais portas de acolhimento fica evidente ao analisar os dados de violência em Pará de Minas. Entre janeiro e agosto de 2025, o Sistema Único de Saúde (SUS) registrou 188 casos de violência contra mulheres, enquanto a Polícia Civil, por meio da Rede de Enfrentamento à Violência Doméstica e Familiar (REDS), contabilizou 209 ocorrências até junho.
Esses números revelam a gravidade do problema, com a maioria das agressões acontecendo dentro de casa — 87% dos casos registrados no SUS. Além disso, em 92% das ocorrências, o agressor é uma pessoa próxima, alguém que deveria proteger a vítima.

O perfil das vítimas também aponta para desigualdades sociais. Mulheres pretas e pardas representam mais de 60% dos registros no SUS, o que indica que a violência de gênero se soma ao racismo estrutural. A faixa etária mais afetada está entre 20 e 59 anos, mas a violência não tem idade: foram 44 casos envolvendo meninas de 10 a 19 anos e 46 casos entre mulheres com mais de 60.

Os tipos de violência registrados mostram a variedade e a recorrência dos abusos:
A violência física foi a mais comum, com 42% dos casos no SUS, sendo que 36% deles foram repetidos.
A violência psicológica apareceu em 28 registros, com 25% de recorrência.
A violência sexual teve 18 casos notificados no SUS, e 77% das vítimas tinham menos de 20 anos. A diferença entre os dados do SUS e da Polícia Civil (apenas 10 registros) sugere que muitas vítimas buscam ajuda na saúde, mas não fazem a denúncia formal.

O dado mais preocupante é o de violência autoinfligida, com 110 mulheres que praticaram automutilação ou tentativa de suicídio, um sinal de extremo sofrimento.
Com esses dados tão preocupantes em Pará de Minas, a presidente da Procuradoria da Mulher, vereadora Irene Susana da Silva de Melo Franco, afirma que o trabalho já está rendendo frutos e objetivo é promover no município a cultura do enfrentamento a violência:

Irene Susana da Silva de Melo Franco
mulheresirenem1

Serviço de acolhimento de porta aberta
A Procuradoria da Mulher, presidida pela vereadora Irene Susana da Silva de Melo Franco, trabalha para promover a cultura do enfrentamento à violência. A vereadora destaca que a parceria com a Associação Por Elas é um grande avanço, pois o termo de cooperação garantirá que as mulheres tenham um espaço discreto para buscar acolhimento psicológico e orientação jurídica:
Irene Susana da Silva de Melo Franco
mulheresirenem2

A presidente Andréa Moreira confirma que a Associação Por Elas disponibilizará cinco voluntários, sendo três psicólogos e duas advogadas, para plantões de meio período. O objetivo é expandir o serviço para que funcione de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h. O atendimento será de “porta aberta”, sem a necessidade de agendamento prévio, e tem como foco principal os casos de violência contra mulheres e meninas. A associação também poderá orientar sobre casos de separação ou divórcio que envolvam algum tipo de violência, como a patrimonial. O serviço também estará disponível para parceiros que queiram participar das sessões de aconselhamento:
Andréa Moreira
mulheresandream2

Ainda nesse mês de agosto, a Procuradoria da Mulher promoveu uma roda de conversa na cidade para debater o tema, com a presença da deputada Lohanna França, defensora dos direitos da mulher, que se uniu à causa para fortalecer a luta em Pará de Minas.

Portal GRNEWS © Todos os direitos reservados.

