Capacitação em Pará de Minas: um novo olhar para abordagens em situações de crises de saúde mental
Uma iniciativa de Cristiano Xavier Paulino, junto ao Instituto Brasileiro de Abordagem Humanizada, trouxe a Pará de Minas uma capacitação inédita, focada em como lidar com crises emocionais e tentativas de suicídio. O curso de três dias visa a qualificar profissionais de urgência e emergência, incluindo socorristas, policiais, bombeiros, psicólogos e seguranças, para oferecer um atendimento mais humano e eficaz.

De acordo com o socorrista e instrutor Cristiano Xavier Paulino, a ideia de trazer o treinamento para a cidade surgiu da percepção de que há uma necessidade de treinar e capacitar a rede de profissionais locais, especialmente considerando o aumento de casos na região:

Cristiano Xavier Paulino
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Foram preenchidas as 30 vagas ofertadas, com critérios de seleção definidos pelas instituições parceiras, para garantir a segurança de todos os envolvidos. Participam representantes do SAMU, Corpo de Bombeiros, Polícia Militar, Guarda Civil Municipal, psicólogos e profissionais da educação.

A abordagem humanizada em detalhes
O programa, que já está presente em 20 estados brasileiros, tem como objetivo principal ensinar a humanização no atendimento. O curso de 20 horas é uma imersão teórica e prática. A grade curricular inclui a fundamentação teórica sobre o suicídio, seus mitos e fatores de risco, além de estratégias de abordagem baseadas na escuta ativa e no acolhimento. Os participantes também têm a oportunidade de praticar em ambientes simulados, aplicando os conhecimentos em cenários realistas de emergência, como enforcamento e autoimolação.
O presidente do instituto, Rodrigo Silva Lacerda, explicou que o maior desafio do treinamento é ensinar os profissionais a ouvir atentamente a pessoa em crise, pois a escuta ativa e acolhedora é a ferramenta mais importante para retirá-la daquela situação. Ele enfatizou que o ser humano, em geral, tem muita dificuldade em ouvir, por isso, essa habilidade é central para a abordagem:

Rodrigo Silva Lacerda
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A visão dos profissionais da linha de frente
O treinamento foi recebido com grande entusiasmo pelas equipes que atuam na cidade. A sargento Thaís Cadete, do Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais, classificou a capacitação como uma “oportunidade única de aprendizado e troca de experiências”. Ela ressaltou a importância de a tropa estar sempre atualizada e buscando novos conhecimentos para lidar com um tema tão delicado e que afeta diferentes públicos, de crianças a adultos:

Sargento Thaís Cadete
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Para o comandante da Guarda Civil Municipal, Lucas Costa Rodrigues, o curso enriquecerá muito a atuação da corporação. Ele relatou que a guarda já participou de duas ocorrências dessa natureza. Em uma delas, infelizmente não foi possível salvar a vítima, mas na outra, a pessoa foi encaminhada para tratamento psicológico e hoje está bem, mostrando o valor de uma abordagem correta:

Lucas Costa Rodrigues
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A psicóloga e professora Marina Saraiva, que apoiou a iniciativa, descreveu o treinamento como “emocionante” por trazer um conhecimento tão eficiente para a cidade. Ela explicou que a capacitação oferece técnicas que são o oposto do que se aprende na teoria acadêmica. Enquanto a psicologia busca tratar as feridas, no momento de uma crise, o profissional precisa fazer o contrário: não enfatizar a dor para que o indivíduo consiga suportar a situação. Ela alertou ainda sobre o cuidado necessário até mesmo na hora de noticiar casos de suicídio, para evitar que o vocabulário gere “gatilhos de repetição”:

Marina Saraiva
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A proposta do curso é valorizar a vida e trazer estratégias de cuidado em saúde mental, em vez de focar nos motivos do adoecimento. Após o sucesso da iniciativa, já há conversas para que Pará de Minas receba uma segunda edição da capacitação.
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