MG enfrenta epidemia arboviroses

Mesmo com o início do outono e consequente diminuição das chuvas no estado de Minas Gerais, o cenário das arboviroses ainda indica que a epidemia não chegou ao fim. Na Fundação Ezequiel Dias (Funed), onde está localizado o Laboratório Central de Saúde Pública de Minas Gerais (Lacen-MG), os esforços ainda se concentram para processar e liberar os diagnósticos das centenas de amostras para testagem de dengue, zika e chikungunya, que ainda chegam diariamente.

Diversas medidas foram adotadas ao longo do ano para dar celeridade ao processo de recebimento das amostras, processamento e liberação dos resultados. Entre eles, está a contratação de 26 profissionais de saúde, em caráter emergencial, e a ampliação do horário de funcionamento dos laboratórios de análise, inclusive em período noturno, algo inédito na Funed até então. Para o diretor do Instituto Octávio Magalhães (IOM), Glauco de Carvalho Ferreira, o legado até agora é de muito aprendizado e de uma somatória de esforços. “Embora saibamos que ainda há muito o que melhorar em relação aos processos laboratoriais e ao tempo de resposta, podemos considerar que, diante da magnitude da epidemia vigente, essa foi uma das melhores respostas da Funed a uma emergência em saúde pública”, destacou o diretor.

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Respostas essas que podem ser exemplificadas em números e em ações. Desde o início do ano, a Funed recebeu mais de 185 mil amostras para diagnóstico de arboviroses, sendo 16.644 em janeiro; 52.701 em fevereiro, 46.227 em março e 70.289 em abril. Números esses que representam 165% do percentual de amostras recebidas em todo o ano de 2023 para o diagnóstico das arboviroses, que também foi considerado epidêmico para as doenças transmitidas pelo Aedes aegypti.

Antes mesmo de realizar a contratação dos novos profissionais, a Funed contou com a colaboração de diversos servidores para atuarem nas forças-tarefas. Servidores esses que vieram de diferentes áreas da instituição e receberam a liberação de suas chefias para cumprirem não apenas a jornada de trabalho habitual, como horas-extras em dias úteis e nos fins de semana e feriados.

A chefe do Serviço de Gerenciamento de Amostras Biológicas, Ana Luísa Furtado Cury, conta que o intuito das forças-tarefas era atuar na conferência das amostras recebidas e na triagem das requisições no Gerenciador de Ambiente Laboratorial (GAL), processos executados de forma totalmente manual. “Um dos grandes resultados dos mutirões foi zerar o passivo da fila de recebimento de amostras. Somente em um sábado, no fim de março, que foi um dos períodos mais críticos da epidemia, foi possível conferir cerca de 19.700 amostras e realizar cerca de 3.800 triagens no GAL, o que comprova o empenho e comprometimento dos servidores envolvidos”, frisou Ana Luísa Cury.

Já o funcionamento dos laboratórios de análise no turno 12×36 noturno também trouxe ganhos significativos para o processo como um todo, segundo o chefe do Serviço de Virologia e Riquetsioses da Funed, Felipe Campos de Melo Iani. “Com o início do trabalho entre 19h e 7h da manhã, foi possível ampliar o tempo de utilização dos equipamentos, que já operavam em capacidade máxima durante o dia. Resultado disso foi um aumento de 100,97% no quantitativo de laudos liberados em abril, em relação ao mês anterior, e melhora do percentual de laudos liberados no prazo, que passou de 14,13% em março para 58,20% em abril, ressaltou o chefe do Serviço.

Outras medidas emergenciais
Além das ações já mencionadas, a Funed, recebeu apoio da Coordenação Geral de Laboratórios de Saúde Pública e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), para envio de amostras para serem analisadas nas centrais de testagem do Ministério da Saúde. “Ao todo, 21 mil amostras foram enviadas, o que contribuiu para aliviar a sobrecarga dos setores do Lacen-MG e também agilizar a liberação dos resultados para a população”, sinalizou o diretor do IOM.

Mesmo diante de todos esses esforços, a coordenadora da Divisão de Epidemiologia e Controle de Doenças (DECD) da Funed, Josiane Barbosa Piedade Moura, salienta que há ainda um grande quantitativo de amostras aguardando análise, especialmente para as análises sorológicas, uma vez que os kits diagnósticos recebidos pelos Lacens não estão sendo suficientes para acompanhar a alta demanda. “Dessa forma, mesmo havendo redução do número de amostras recebidas diariamente, os trabalhos nos laboratórios continuarão intensos por alguns meses, até que sejam testadas todas as amostras e liberados todos os resultados”, ressaltou.

Em um levantamento de dados recente, foi possível observar que a produção analítica (582.044 testes realizados) da área de epidemiologia e controle de doenças do Lacen-MG em 2024, de janeiro a abril, corresponde a 135% de toda a produção analítica realizada pelos mesmos laboratórios durante todo o ano de 2019 (431.513 testes realizados).

“Já em relação às arboviroses, de 1º de janeiro a 16 de abril de 2024, foram liberados 235.525 laudos, o que equivale a 48,36% do total de laudos de covid-19 liberados em 48 meses (março de 2020 a fevereiro de 2024)”, destacou a coordenadora da DECD. Josiane frisou ainda que a demanda pelo diagnóstico das arboviroses aumentou 662% em relação ao ano de 2023, que também foi um ano epidêmico em Minas Gerais. “Se considerarmos o ano de 2022, que foi um ano sem epidemia de arboviroses no estado, esse aumento de demanda corresponde a 1222%”, concluiu. Com informações da Assessoria de Comunicação da Fundação Ezequiel Dias.

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