Censo revela que 97% das UBS já utilizam prontuário eletrônico e conectividade impulsiona atenção primária no SUS

Um novo Censo das Unidades Básicas de Saúde (UBS), realizado em mais de 44 mil unidades em todo o País, revela um avanço significativo na digitalização da atenção primária. Os dados indicam que 94,6% das UBS têm acesso à internet e impressionantes 97,6% utilizam prontuário eletrônico. Além disso, 77,8% dessas unidades contam com computadores conectados à internet em todos os consultórios.

Para o Ministério da Saúde, esses resultados refletem o fortalecimento da atenção primária, cujo orçamento aumentou de R$ 35,3 bilhões em 2022 para R$ 54,1 bilhões em 2024. O ministério, em parceria com o Ministério das Comunicações, planeja expandir ainda mais essa conectividade, com a meta de contratar serviços de internet via satélite para 1.191 UBS em áreas remotas até o final de 2025.

A conectividade ampliada, somada às ações do programa “Agora tem Especialistas”, promete reforçar os serviços de telessaúde. O ministério destacou que, atualmente, apenas 39% das UBS oferecem telessaúde (sendo 21% teleconsultoria e 13% teleconsulta), mas as novas medidas têm o potencial de reduzir em até 30% as filas de espera por consultas ou diagnósticos na rede especializada do Sistema Único de Saúde (SUS).

Compartilhamento de dados e equipes de saúde
O censo também abordou o compartilhamento de dados entre a atenção primária e a atenção especializada. Atualmente, 25,3% das UBS compartilham o Prontuário Eletrônico do Cidadão (PEC e-SUS APS) com serviços especializados, e 9,3% com hospitais públicos. A troca de informações entre profissionais da atenção primária e especializada ocorre em 41,4% das unidades, enquanto 27,9% das UBS recebem dados sobre alta hospitalar dos pacientes. O Ministério da Saúde informa que o programa “Agora Tem Especialistas” contribuirá para ampliar essa integração por meio de ações como os painéis de monitoramento.

No que tange às equipes de saúde, os dados revelam que 96,1% das UBS contam com médicos. O Ministério da Saúde atribui esse número à combinação da Estratégia de Saúde da Família e do programa Mais Médicos, que hoje compõe mais da metade das equipes. Médicos especialistas em saúde da família estão presentes em 28,9% das UBS. O programa Mais Médicos, com 25 mil profissionais atuando em 4.564 municípios (81,9% do total de cidades brasileiras), também contribui para ampliar o acesso à especialização em Medicina de Família e Comunidade, tendo registrado um recorde de 45.792 inscrições em maio deste ano.

Na área da saúde bucal, o levantamento indica que dentistas estão presentes em 80% das UBS, com 74,4% das unidades contando com equipes de saúde bucal e 82,7% possuindo consultório odontológico. O uso de prontuário eletrônico para atendimentos odontológicos é uma realidade em 82,3% das UBS, e 23,7% deles são compartilhados com os Centros de Especialidades Odontológicas (CEO).

Investimentos em infraestrutura e resiliência
Apesar dos avanços na digitalização, o censo identificou que 60,1% das UBS do País necessitam de reformas em sua estrutura física. Para lidar com esse desafio, o Ministério da Saúde destacou que o Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) Saúde prevê 135 entregas de obras até o final de 2025.

Além disso, o Novo PAC Saúde disponibilizou 10 mil kits de equipamentos para as UBS, cada um contendo 18 equipamentos, visando fortalecer estratégias prioritárias do ministério, como ações de vacinação, combate às arboviroses, redução da mortalidade materna e infantil, SUS Digital, Mais Médicos e “Agora tem Especialistas”.

Um dado alarmante é que 18,2% das UBS informaram ter sido afetadas por desastres ambientais e/ou climáticos. Em resposta, a pasta anunciou, nesta semana, um aporte de R$ 1,2 milhão para ações de resposta a emergências em saúde.

O levantamento também mostrou que 85% das unidades permanecem abertas em todos os turnos e que 91% realizam visitas domiciliares.

O Censo das Unidades Básicas de Saúde é uma iniciativa coordenada pelo Ministério da Saúde, em parceria com o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), o Conselho Nacional de Saúde (CNS), a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) e o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Seu objetivo é realizar um diagnóstico dos estabelecimentos de saúde da atenção primária no âmbito do SUS, servindo de base para planejar investimentos, qualificar serviços, acompanhar resultados e fortalecer a transparência e o controle social no SUS. Com informações da Agência Brasil

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