Especialista alerta sobre medicamentos para emagrecer e a obesidade na adolescência
A obesidade infantil e juvenil tornou-se um grave problema de saúde pública em todo o mundo. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o número de crianças e adolescentes com excesso de peso, entre 5 e 19 anos, multiplicou-se por dez na última década. No Brasil, o cenário é alarmante: o Atlas Mundial da Obesidade 2024 estima que, até 2035, metade dos jovens brasileiros terá excesso de peso, o que coloca o país em 5º lugar no ranking global de casos. Um ponto ainda mais preocupante é que a condição tende a persistir, já que metade dos adolescentes obesos permanecerá assim na vida adulta, aumentando o risco de doenças crônicas.
Os múltiplos fatores da obesidade
Segundo o endocrinologista pediátrico Miguel Liberato, a obesidade é um problema multifacetado, com causas que incluem genética, ambiente e comportamento. “A obesidade é causada pela interação de fatores genéticos, ambientais e comportamentais. Filhos de pais com obesidade e indivíduos de classe socioeconômica mais desfavorecida têm maior risco de desenvolver a condição”, explica. O especialista aponta que o estilo de vida moderno contribui para o aumento de peso, com o consumo de alimentos ultraprocessados, o sedentarismo e o uso excessivo de telas.
O papel da medicação no tratamento
O tratamento para adolescentes começa com a adoção de hábitos saudáveis, como uma alimentação equilibrada e a prática de exercícios físicos regulares. No entanto, em alguns casos, o uso de medicamentos pode ser necessário. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o uso de liraglutida e semaglutida a partir dos 12 anos. “A indicação é individualizada e só pode ser feita por um médico, após avaliação criteriosa”, salienta o Miguel Liberato.
A liraglutida, encontrada na nova caneta Olire (a primeira fabricada no Brasil), tem aplicação diária, enquanto a semaglutida, presente no Wegovy, é semanal e oferece uma perda de peso maior. “Além da praticidade de uma aplicação por semana, a semaglutida tem uma resposta superior na perda de peso”, afirma o médico. As diretrizes atuais indicam que essas medicações são para adolescentes com IMC de 30 kg/m² ou mais, que não obtiveram sucesso com mudanças de estilo de vida e estão em acompanhamento médico. “Esses medicamentos são complementares; eles funcionam em conjunto com a dieta e o exercício, não os substituem”, reforça o especialista.
Com a chegada de medicamentos nacionais como o Olire, o acesso a esses tratamentos pode se expandir. Mesmo assim, o Dr. Miguel Liberato enfatiza que o principal desafio vai além da medicação. “A prevenção, a educação alimentar e o incentivo à atividade física são as principais armas para conter a pandemia da obesidade infantil e proteger a saúde das próximas gerações.” Com informações da Assessoria de Comunicação do endocrinologista pediátrico Miguel Liberato

