Ferramenta simula impactos da cana-de-açúcar sem sequestro de carbono e de recursos hídricos

Cientistas brasileiros, franceses e britânicos desenvolveram o Ecosmos-cana-de-açúcar, tecnologia para a simulação do crescimento e produtividade das plantas em ambientes tropicais. Uma ferramenta pode ser utilizada para entender melhor os impactos da cultura no sequestro de carbono e nos recursos hídricos.

O trabalho mostra que a expansão das plantações de cana-de-açúcar no Brasil em áreas antes ocupadas por pastagens degradadas pode proporcionar benefícios ambientais, como o aumento da absorção de carbono no solo. Além de ser utilizada para a produção de etanol, a cultura pode contribuir também para a geração de eletricidade, a partir do bagaço e da palha, além de ser uma fonte de biomassa para a produção de etanol de segunda geração.

O Ecosmos-cana-de-açúcar permite a simulação da produção da planta em sistemas de monocultura, consórcio e rotação de culturas. Essa característica é especialmente relevante no Brasil, onde esses sistemas agrícolas são amplamente adotados.

Michel Colmanetti, que fez o pós-doutorado na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), e hoje atua na Embrapa Agricultura Digital como colaborador, explica que o Ecosmos pode ser aplicado, por exemplo, para avaliar os compromissos da produção agrícola e os impactos nos bens e serviços ecossistêmicos, como o armazenamento de carbono e hidrologia. O modelo foi calibrado e testado com base em 20 experimentos agrometeorológicos, realizados em diferentes ambientes e com 22 variedades de cana-de-açúcar. O desempenho foi aprimorado em mais de 1.700 locais comerciais de uma usina canavieira.

Modelo auxilia na gestão da produtividade e sustentabilidade
Segundo Osvaldo Cabral , pesquisador da Embrapa Meio Ambiente , a modelagem da cana-de-açúcar baseada no Ecosmos pode ser uma ferramenta estratégica para auxiliar no planejamento do cultivo. Ela pode determinar o período ideal para o plantio ou colheita em novas áreas cultiváveis ​​e identificar locais com potencial para o cultivo. Além disso, uma previsão de produtividade possibilita a simulação da produção de cana-de-açúcar em diferentes locais e cenários climáticos.

Os modelos de culturas baseados em processos são instrumentos importantes para apoiar a adoção de novas estratégias e práticas de gestão agrícola. Eles reduziram para minimizar perdas e aumentar o rendimento das plantações. Podem, por exemplo, simular cenários hipotéticos, prever o crescimento das plantas em regiões antes não utilizadas para o alvo cultural e informar os locais e períodos mais adequados para o plantio e colheita.

A condução genérica realizada para diferentes climas e tipos de solo permite que o modelo seja usado como referência para outros locais no Brasil com condições climáticas climáticas. Essa abordagem oferece uma alternativa viável para incorporar práticas de manejo locais, como preparo do solo, fertilização e época de colheita.

É importante destacar que a modelagem da cana-de-açúcar baseada no Ecosmos traz avanços avançados para a compreensão e o desenvolvimento dessa cultura. Por meio de uma abordagem científico e tecnológica, os pesquisadores esperam contribuir para aprimorar a produtividade e a sustentabilidade do setor sucroenergético, além de fornecer subsídios para políticas e práticas agrícolas mais eficientes e responsáveis.

A cana-de-açúcar e sua importância para o Brasil
A cana-de-açúcar desempenha um papel fundamental na economia brasileira, especialmente no setor sucroenergético. No entanto, enfrentam desafios como a necessidade de novas variedades adaptadas a diferentes áreas cultiváveis, à compactação do solo, danos mecânicos às soqueiras, manejo agronômico insuficiente, falta de atualizações no planejamento direto mecânico e déficit em planejamento, práticas de manejo e previsão de produtividade .

O Brasil é um dos maiores produtores de açúcar do mundo, sendo responsável por cerca de um quarto da produção global e metade das exportações globais. Embora as principais regiões produtoras de cana-de-açúcar estejam localizadas no Sudeste e Centro-Oeste do país, a cultura é cultivada em quase todos os estados brasileiros. Com informações da Embrapa.

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