Endividamento e comprometimento da renda é crescente são desafios para o consumidor

É observado uma redução consistente no cenário do endividamento pelo oitavo mês consecutivo dos belo-horizontinos, embora persista em níveis elevados, afetando agora 90,3% da população, com uma queda de 0,3 ponto percentual. No que diz respeito a contas em atraso, a tendência de queda se mantém pelo sétimo mês consecutivo, com 49,9% da população ainda enfrentando essa situação, registrando uma leve diminuição de 0,2 ponto percentual. Por outro lado, é notável um aumento pelo terceiro mês consecutivo na parcela da população que não terá condições de quitar suas dívidas, alcançando agora 11,8% dos entrevistados.

“O aumento dos custos associados à subsistência, desacompanhado por ajustes salariais correspondentes, desponta como um elemento crucial no cenário crescente de inadimplência. Adicionalmente, mudanças nas políticas de crédito e a potencial carência de educação financeira desempenham papéis proeminentes nessa narrativa, refletindo a persistente complexidade enfrentada pelos consumidores ao cumprir suas responsabilidades financeiras. Sobretudo, as dívidas do início do ano também exacerbam esse quadro, evidenciando uma falta de planejamento financeiro por parte dos consumidores”, aponta Stefan D’Amato, Economista-chefe da Fecomércio MG.

A análise por faixa salarial revela que famílias com renda de até 10 salários-mínimos enfrentam uma proporção de endividamento ainda mais expressiva, alcançando 91,4%, registrando um discreto aumento de 0,2 ponto percentual em relação ao mês anterior, janeiro. Já entre aquelas com renda superior a 10 salários-mínimos, a maior parte responde como “pouco endividada”, totalizando 42,6%. Por outro lado, mesmo que em menor proporção quando comparadas à categoria “pouco endividado” (38,7%), as famílias com até 10 salários-mínimos apresentam uma parcela de 34,7% classificada como “mais ou menos endividados”, representando um aumento de 4 pontos percentuais em relação a janeiro de 2024.

Sublinhando a importância das obrigações financeiras, é evidente que o cartão de crédito lidera, com uma taxa geral de 91,2%, experimentando um aumento de 1,8 ponto percentual desde o início do ano. Enquanto isso, as famílias com renda até 10 salários-mínimos apresentam uma taxa de 90,9%, representando um acréscimo de 2,3 pontos percentuais, e aquelas com renda superior registram uma redução para 92,7%, diminuindo 1,9 pontos percentuais. Para as famílias mais afluentes, o financiamento de veículos ocupa o segundo lugar, sendo mencionado por 23,5% dos entrevistados. Já para aquelas com renda até 10 salários-mínimos, os carnês mantêm sua importância, alcançando 26,7% das respostas.

“A escolha preferencial por carnês entre as famílias com renda até 10 salários-mínimos e o predomínio do financiamento de carros entre as mais abastadas revelam nuances significativas no panorama econômico. Para as famílias com menor poder aquisitivo, a opção por carnês pode ser reflexo da busca por alternativas mais acessíveis e flexíveis de crédito, permitindo o parcelamento de compras essenciais. Já o financiamento de veículos entre as famílias de maior renda sugere uma estratégia de investimento, aproveitando condições financeiras para adquirir bens de maior valor e potencial de retorno, alinhado ao perfil econômico mais robusto desses consumidores”, aponta.

“Essas divergentes estratégias financeiras refletem não apenas as condições econômicas imediatas enfrentadas pelas famílias, mas também suas aspirações a longo prazo e a complexidade de equilibrar as demandas presentes e futuras. Além disso, elas destacam a necessidade de políticas públicas e soluções financeiras que levem em consideração as nuances econômicas específicas de diferentes grupos demográficos, visando promover uma inclusão financeira mais equitativa”, destaca.

Em fevereiro, aproximadamente 49,9% dos domicílios em Belo Horizonte enfrentam endividamento, registrando uma diminuição ligeira de 0,2 ponto percentual em relação ao mês anterior. Notavelmente, a proporção é mais significativa para as famílias com renda até 10 salários-mínimos, atingindo 52,5%, enquanto para aquelas com renda superior, a taxa é de 34,8%.

“A maior incidência de endividamento pode estar relacionada à necessidade de financiar despesas essenciais, como moradia, educação e saúde, dado que essa faixa salarial geralmente possui menos margem para cobrir gastos extras. Por outro lado, as famílias com renda superior podem apresentar uma menor taxa de endividamento devido a uma maior capacidade de liquidez e possíveis reservas financeiras, permitindo uma gestão mais eficiente de suas obrigações. Além disso, as diferenças nas condições de acesso ao crédito e nas estratégias de gestão financeira também contribuem para a disparidade nas taxas de endividamento entre as duas faixas de renda”, salienta.

O período de atraso no pagamento das dívidas registrou um aumento, agora totalizando 54 dias, com um acréscimo de 2 dias em relação ao mês anterior. Destaca-se um impacto mais acentuado nas famílias com renda até 10 salários-mínimos, que enfrentam um acréscimo de quase 3 dias nesse intervalo, mantendo-se no mesmo padrão observado no mês anterior. Em contrapartida, as famílias de maior renda, acima de 10 salários-mínimos, apresentam um atraso médio nas dívidas de 37 dias.

No entanto, o ponto crucial reside na análise da extensão do impacto financeiro decorrente das dívidas, revelando o tempo em que a renda da pessoa permanece comprometida. Atualmente, esse período se estende por 7,1 meses, com um acréscimo ainda mais prolongado para as famílias de maior renda, atingindo até 7,2 meses. Notavelmente, as famílias com renda inferior a 10 salários-mínimos seguem o mesmo padrão que a média geral.

“O prolongamento dos períodos de atraso no pagamento e a extensão do comprometimento financeiro refletem complexidades nas dinâmicas econômicas locais. A disparidade entre as faixas de renda, com as famílias de menor poder aquisitivo enfrentando maiores impactos, sugere um desafio estrutural relacionado ao acesso a crédito e às condições econômicas desiguais. O aumento no tempo de comprometimento financeiro destaca a persistência dos desafios, enquanto a variação nos padrões de endividamento evidencia a necessidade de abordagens diferenciadas para distintos estratos socioeconômicos”, salienta.

A média do comprometimento de renda atingiu 29,4% no cenário geral, enquanto as famílias com até 10 salários-mínimos (SM) apresentaram um índice ligeiramente superior de 29,7%. Por outro lado, aquelas com renda superior a 10 SM registraram um comprometimento menor, situando-se em 27,6%.

Em resumo, a análise realizada para Belo Horizonte sugeriu um aumento nas taxas de endividamento e períodos de atraso. As disparidades entre faixas de renda indicam desigualdades estruturais, exigindo abordagens diferenciadas. Compreender esses indicadores é essencial para orientar políticas e estratégias financeiras em busca de uma estabilidade econômica mais equitativa na cidade. Com informações da Assessoria de Comunicação da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de Minas Gerais.

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