Vacina inédita de dose única contra a dengue do Butantan será aplicada a partir de janeiro
Novo imunizante, integralmente produzido no Brasil, terá aplicação prioritária em profissionais da saúde a partir de janeiro de 2026. Meta é expandir gradualmente a imunização para a população de 15 a 59 anos.
O Ministério da Saúde (MS) divulgou nesta semana, as diretrizes para a utilização da mais nova arma contra a dengue: a vacina desenvolvida pelo Instituto Butantan. Este é o primeiro imunizante de dose única contra a doença fabricado integralmente em território nacional.
Imunização começa por profissionais da saúde
O lote inicial de 1,3 milhão de doses, já produzido, será destinado aos profissionais que atuam na Atenção Primária à Saúde, seguindo uma recomendação da Câmara Técnica de Assessoramento de Imunização (CTAI). A expectativa é que essa primeira remessa esteja acessível para aplicação até o final de janeiro de 2026.
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, justificou a escolha do público-alvo inicial pela necessidade de proteger os trabalhadores da linha de frente.
“Atenção primária é a porta de entrada para os casos de dengue, por isso é fundamental proteger o mais rápido possível esses profissionais”, afirmou Padilha, enfatizando a importância de resguardar quem realiza os primeiros atendimentos nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) e em visitas domiciliares.
Eficácia comprovada e plano de expansão
A vacina do Butantan obteve registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) na segunda-feira (8) e demonstrou alta capacidade de proteção. Os estudos apresentados indicaram uma eficácia de 74,7% contra a dengue sintomática em pessoas de 12 a 59 anos e de 89% contra as formas graves da doença e com sinais de alarme.
Com o aumento da capacidade produtiva, o MS planeja estender a vacinação ao público em geral. A campanha começará pela faixa etária de 59 anos e será ampliada de forma progressiva, até atingir pessoas de 15 anos.
O aumento da oferta de doses será viabilizado por uma cooperação técnica entre o Instituto Butantan e a empresa chinesa WuXi Vaccines, que inclui a transferência de tecnologia e a produção em escala industrial. A definição das prioridades de vacinação considerou o perfil epidemiológico do país e critérios técnicos debatidos na reunião da CTAI, realizada no início de dezembro.
Estratégia de vacinação em massa e estudo em Botucatu
Uma parcela das doses será destinada a uma estratégia de estudo de impacto no município de Botucatu (SP). A cidade paulista será uma área de pesquisa para avaliar o efeito da vacinação em massa na dinâmica de transmissão da doença, aplicando o imunizante mais rapidamente em toda a sua população entre 15 e 59 anos.
A expectativa é que uma adesão entre 40% e 50% do público-alvo já seja suficiente para observar um impacto notável no controle da dengue. Botucatu já havia participado de uma iniciativa semelhante de vacinação em massa durante a pandemia de covid-19. Outros municípios onde o sorotipo DENV-3 – considerado crucial para o crescimento de casos em 2024 – é predominante, também estão em avaliação para integrar a estratégia.
Outro imunizante e cronograma de doses
O Sistema Único de Saúde (SUS) já disponibiliza outro imunizante contra a dengue, produzido por um laboratório japonês, que exige a aplicação de duas doses e é voltado para adolescentes de 10 a 14 anos.
Desde 2024, quando o Brasil se tornou o primeiro país a incluir essa vacina na rede pública, mais de 7,4 milhões de doses foram aplicadas. Para os anos seguintes, o Ministério da Saúde já garantiu o fornecimento de 9 milhões de doses do imunizante japonês para 2026 e mais 9 milhões para 2027. Com informações da Agência Brasil


