MG lidera redução de mortes por Hepatite C e avança no combate à Hepatite B

No mês dedicado à conscientização sobre as hepatites virais, o Ministério da Saúde lançou a campanha “Um teste pode mudar tudo”, focando na importância do diagnóstico precoce e do tratamento. O novo Boletim Epidemiológico de Hepatites Virais revela que Minas Gerais obteve uma redução notável de 70% nos óbitos por hepatite C entre 2014 e 2024, caindo de 116 para 34 mortes. Os óbitos por hepatite B também diminuíram 28,9% no mesmo período, passando de 38 para 27. Apesar desses avanços, os dados indicam a necessidade de intensificar a testagem e a adesão ao tratamento, especialmente nos casos de hepatite B.
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, enfatizou o papel do SUS: “O Brasil conta com o maior e mais abrangente sistema público de vacinação, que garante a oferta de terapias e testagem. Desde a implementação dos testes rápidos no SUS, avançamos no enfrentamento das hepatites virais. É importante reforçar: temos vacinas, testes e orientações claras disponíveis sobre o enfrentamento das hepatites. Por isso, quero chamar a atenção da população para a importância do diagnóstico precoce”.
Avanços nacionais e metas da OMS
Entre 2014 e 2024, o Brasil registrou uma redução de 50% nos óbitos por hepatite B, com um coeficiente de mortalidade de 0,1 óbito por 100 mil habitantes. Em relação à hepatite C, a queda foi de 60% no período, alcançando um coeficiente de 0,4 óbito por 100 mil habitantes. Esses progressos aproximam o país da meta da Organização Mundial da Saúde (OMS), que prevê uma redução de 65% nas mortes por hepatites B e C até 2030.
Entre crianças menores de 10 anos, os casos de hepatite A diminuíram 99,9% no período. Houve também uma queda de 55% na detecção de hepatite B em gestantes e de 38% nos casos em menores de cinco anos, indicando uma redução na transmissão vertical. Em 2024, o Brasil registrou 11.166 casos de hepatite B e 19.343 casos de hepatite C.
Mariângela Simão, secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente da pasta, afirmou que o Brasil está no caminho certo para a eliminação das hepatites. “Os dados do boletim, do painel e a campanha lançada hoje mostram que é possível avançar mais no enfrentamento das hepatites. A hepatite B ainda não tem cura, mas pode ser controlada com a vacina, que é segura, eficaz e ofertada gratuitamente pelo SUS. As vacinas no Brasil são certificadas pela Anvisa e têm eficácia comprovada por estudos”, declarou.
Nova ferramenta para monitoramento e busca ativa
De forma inédita, o Ministério da Saúde lançou uma plataforma de monitoramento que permite identificar, por estado e município, o número de pessoas diagnosticadas com hepatites B e C, quantas iniciaram o tratamento e o tempo médio desse cuidado. Inspirado na estratégia de combate ao HIV no Brasil, o painel visa otimizar as ações de saúde.
Dados consolidados de 2024 indicam que 115,3 mil pessoas foram indicadas para tratamento contra a hepatite B; dessas, 58,8 mil iniciaram o tratamento e 14,8 mil o interromperam. É importante ressaltar que nem todos os diagnosticados têm indicação para tratamento. Em Minas Gerais, 6.168 pessoas tiveram indicação e 2.592 iniciaram o acompanhamento. Para a hepatite C, 12,5 mil pessoas foram indicadas para tratamento, e 9,1 mil já o iniciaram. Em Minas Gerais, 905 indicações resultaram em 686 tratamentos.
Com a nova plataforma, o Ministério da Saúde busca dobrar o número de pessoas em tratamento para hepatite B, alinhando-se à meta da OMS de alcançar 80% de cobertura. A ferramenta também auxiliará gestores a planejar estratégias de cuidado regionalizadas, superando desafios de baixa procura por tratamento e ampliando o acesso em todo o país.
Campanha “Um teste pode mudar tudo” e prevenção
A campanha publicitária nacional “Um teste pode mudar tudo” visa conscientizar e alertar a população sobre a importância da prevenção, do diagnóstico precoce e do tratamento. A testagem para hepatites é gratuita no SUS e pode ser realizada por meio de testes rápidos ou laboratoriais, conforme indicação. É recomendado que pessoas com mais de 20 anos façam o teste ao menos uma vez, disponível nas Unidades Básicas de Saúde (UBS).
Para o tratamento da hepatite B, estão disponíveis medicamentos como alfapeginterferona, tenofovir desoproxila (TDF), entecavir e tenofovir alafenamida (TAF). O tratamento da hepatite C é feito com antivirais de ação direta (DAA), que apresentam taxas de cura superiores a 95%.
A vacinação permanece como a principal forma de prevenção. A vacina contra a hepatite A é aplicada em dose única aos 15 meses de idade, e em esquema de duas doses para pessoas acima de 1 ano com condições clínicas especiais, disponível nos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE). A vacina contra a hepatite B segue o esquema de quatro doses: uma ao nascer e outras aos 2, 4 e 6 meses. Para adultos não vacinados, são recomendadas três doses.
Além da vacinação, o Ministério da Saúde reforça medidas preventivas complementares, como o uso de preservativos, higienização das mãos e o não compartilhamento de objetos que possam ter contato com sangue. O SUS oferece gratuitamente vacinas, testes rápidos e preservativos em todo o país.
Vacinação contra hepatite A e guia de eliminação
A inclusão da vacina contra hepatite A no SUS em 2014 resultou em uma queda contínua no número de casos da doença em todo o país, passando de 6.261 em 2013 para 437 em 2021, uma redução de 93% em todas as faixas etárias. A aplicação de doses em meninos e meninas a partir de 12 meses de idade e menores de 5 anos diminuiu significativamente a incidência da doença entre as crianças: 97,3% entre menores de 5 anos e 99,1% na faixa etária de 5 a 9 anos, comparando 2013 a 2023.
Além disso, foi lançado o Guia de Eliminação das Hepatites Virais, que orienta estados e municípios sobre ações de prevenção e eliminação da doença e prevê a concessão de selos de reconhecimento. Até o momento, 18 municípios já foram certificados nas categorias Ouro, Prata e Bronze, conforme critérios técnicos. Com informações da Assessoria de Comunicação do Ministério da Saúde