Brasil busca nova fronteira para produção de etanol com estudo sobre a planta da tequila
O Agave tequilana, planta conhecida por ser a base da tequila no México, está sendo testado no Brasil para novos usos. Um estudo da Embrapa Algodão, em parceria com a empresa Santa Anna Bioenergia, avalia a espécie como uma nova fonte para a produção de etanol. O objetivo é diversificar a matriz energética do país, impulsionar a bioeconomia e contribuir para a transição energética com uma cultura adaptada ao semiárido.
Mais que etanol uma inovação social
O Brasil é o maior produtor mundial de Agave sisalana, usado principalmente para fazer cordas e tapetes. Apenas 4% da biomassa foliar é aproveitada na industrialização. Por isso, a pesquisa da Embrapa busca usar todo o potencial da planta, o que pode impulsionar a bioeconomia e gerar uma importante contribuição social.
De acordo com o pesquisador Tarcísio Gondim, a inovação tecnológica pode diminuir as desigualdades sociais e a precarização do trabalho em regiões de baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Mesmo com um ciclo mais longo que o da cana-de-açúcar, a principal vantagem do agave é sua adaptação a climas secos, onde outras culturas não se desenvolvem de forma competitiva.
Primeiras mudas já em campo
Em março, pesquisadores da Embrapa Algodão estiveram no México para buscar parcerias em pesquisas. As primeiras 500 mudas de Agave tequilana Weber var. Azul foram trazidas pela Santa Anna Bioenergia e, após a quarentena, começaram a ser estudadas em Jacobina, na Bahia. Outras 1.300 mudas serão instaladas em Alagoinha e Monteiro, na Paraíba, na primeira fase do projeto.
O estudo terá duração de cinco anos e também servirá para definir arranjos de plantio, fertilização e tratamentos para garantir a viabilidade econômica e a produtividade da planta no Brasil. A equipe da pesquisa também desenvolverá uma metodologia para quantificar o carbono e analisar as propriedades químicas da biomassa.
Outras possibilidades de uso
Além da produção de etanol, o estudo também investiga outras possibilidades para o agave. Segundo o zootecnista Manoel Francisco de Sousa, os resíduos do processo de produção de etanol podem se tornar uma fonte importante de forragem para a alimentação de animais ruminantes, principalmente em épocas de seca.
Outro desafio do projeto é a viabilidade da mecanização do plantio e colheita do agave, já que a visão para o futuro é ter grandes áreas cultivadas com a planta. Para isso, o pesquisador Odilon Reny Ribeiro explica que é necessário buscar soluções para a mecanização de todo o processo de cultivo. Com informações da Assessoria de Comunicação da Embrapa


