Conheça 10 mitos e verdades sobre a Hipertensão Arterial
Mundialmente a hipertensão afeta um em cada três adultos, e quase metade das pessoas com hipertensão desconhecem essa condição. Esses dados foram divulgados no relatório mais recente da Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgado pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) em setembro do ano passado.
No Brasil, a realidade não é diferente. Aproximadamente 24% da população tem pressão alta, segundo o relatório “Estatística Cardiovascular da Sociedade Brasileira de Cardiologia de 2023”.
Por isso, a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) convidou dois especialistas para responder os mitos e verdades sobre a hipertensão arterial: Rodrigo Aguilar, cardiologista no Hospital Universitário da Universidade Federal de São Carlos (HU-UFSCar) e Jamila Xavier, cardiologista no Hospital Universitário Júlio Müller da Universidade Federal de Mato Grosso (HUJM-UFMT). Confira abaixo.
1. Basta reduzir a quantidade de sal na hora do preparo dos alimentos para evitar o aumento da pressão arterial?
Mito. Segundo Rodrigo Aguilar, retirar o sal da comida é um passo importante para reduzir o consumo de sódio, mas é igualmente importante estar ciente de outros alimentos que também contêm sódio, como alimentos processados, enlatados e fast-foods. Além de reduzir o consumo de sal, é importante manter uma dieta equilibrada, rica em frutas, vegetais, grãos integrais e proteínas magras para ajudar controlar a pressão arterial.
A cardiologista Jamila Xavier orienta que retirar o saleiro da mesa de refeição é uma boa iniciativa, mas também são necessárias outras mudanças de hábitos, tais como o uso de ervas, especiarias e misturas de temperos sem sal para cozinhar, diminuir ou evitar o consumo de carnes processadas (presunto, mortadela, salame), enlatados, temperos e molhos prontos, além de lanches industrializados (batata frita, salgadinhos). A redução no consumo de sal na população brasileira continua sendo prioridade de saúde pública, mas requer um esforço combinado entre indústria de alimentos, governos nas diferentes esferas e público em geral, já que 80% do consumo de sal envolve aquele contido nos alimentos processados. Outro importante hábito a ser incorporado na rotina é de ler os rótulos nutricionais dos alimentos e escolher aqueles com baixo teor de sal (cloreto de sódio).
2. O consumo de sódio em excesso está relacionado com o aumento da pressão arterial?
Verdade. O cardiologista do HU-UFSCar explica que a ingestão elevada de sódio é comprovadamente um fator de risco para o aumento da pressão arterial. Quando há excesso de sódio na corrente sanguínea, há um estímulo para que haja aumento da quantidade de água dentro dos vasos sanguíneos. Com um volume maior de sangue fluindo através de seus vasos sanguíneos, a pressão arterial aumenta. A literatura científica mostra que a ingestão de sódio está associada a doenças cardiovasculares como o infarto e o derrame cerebral, quando a ingestão média é superior a 2g de sódio, o equivalente a 5g de sal de cozinha por dia.
3. Hipertensos devem consumir menos sal?
Mito. A maioria dos brasileiros deve consumir menos sal do que o habitual, não somente os hipertensos. A cardiologista do HUJM-UFMT explica que a quantidade de sal recomendada diariamente, tanto para indivíduos hipertensos como para a população geral, é de 5g/dia (ou 2g de sódio por dia). A ingestão média de sal no Brasil é de 9,3 g/dia (9,63 g/dia para homens e 9,08 g/dia para mulheres). Ou seja, quase o dobro do recomendado.
4. Estresse eleva a pressão?
Verdade. Segundo o cardiologista Rodrigo Aguiar, o estresse pode ter um impacto significativo na pressão arterial. Quando uma pessoa está estressada, seu corpo libera hormônios do estresse, como a adrenalina, que podem causar um aumento temporário na pressão arterial. Se o estresse é crônico, ou seja, persiste por um longo período de tempo, isso pode levar a problemas de saúde mais graves, incluindo hipertensão arterial.
Além disso, o estresse também pode levar a comportamentos que aumentam o risco de pressão alta, como má alimentação, falta de exercício físico, consumo excessivo de álcool e tabagismo. Portanto, é importante encontrar maneiras saudáveis de lidar com o estresse, como praticar exercícios regularmente, meditar, fazer atividades relaxantes e manter uma rede de apoio social forte. Essas medidas podem ajudar a reduzir o impacto do estresse na pressão arterial e na saúde geral.
A musicoterapia e meditação aqui entendida como a experiência de esvaziar a mente, tornando-a livre de pensamentos mostram tendência a diminuição dos níveis de pressão arterial.
A cardiologista Jamila Xavier reforça que toda vez que episódios/situações de estresse ultrapassam os limites do indivíduo, seja em intensidade e/ou duração, isso é considerado uma agressão ao organismo e pode ter consequências cardiovasculares. Há, consequentemente, o estímulo do sistema nervoso simpático resultando em aumento da frequência cardíaca e da pressão arterial, assim como há o estímulo à produção de substâncias vasoconstritoras. Caso as situações de estresse estiverem presente cronicamente, isso pode contribuir para o desenvolvimento da hipertensão arterial. A magnitude da resposta ao estresse (reatividade cardiovascular) pode ter influência desde fatores genéticos como das experiências que o paciente está vivendo.
5. Hipertensão na gravidez é uma das principais causas de mortalidade materna no Brasil?
Verdade. Segundo a cardiologista HUJM- UFMT Jamila Xavier, a hipertensão é uma condição potencialmente grave durante a gravidez, visto que pode ser um sinal de insuficiência placentária (pré-eclâmpsia) e pode levar a complicações materno-fetais ameaçadoras à vida, tais como parto prematuro, pré-eclâmpsia e eclampsia – estas são as principais causas de mortalidade materna no Brasil.
O cardiologista do HU-UFSCar reforça que a pré-eclâmpsia pode levar a complicações graves, como danos aos órgãos, parto prematuro e restrição do crescimento fetal. Portanto, é importante que as mulheres grávidas monitorem sua pressão arterial regularmente e recebam cuidados médicos adequados para prevenir e gerenciar a hipertensão durante a gravidez.
6. Consumo de álcool pode levar a hipertensão arterial crônica?
Verdade. Segundo o cardiologista Rodrigo Santos o álcool é conhecido por aumentar temporariamente a pressão arterial, e o consumo crônico e excessivo pode levar a hipertensão arterial crônica.
Há maior ocorrência de hipertensão ou elevação dos níveis de pressão arterial naqueles que ingerem seis ou mais doses ao dia, o equivalente a 30g de álcool/dia = 1 garrafa de cerveja (5% de álcool, 600 mL); = 2 taças de vinho (12% de álcool, 250 mL); = 1 dose (42% de álcool, 60 mL) de destilados (uísque, vodca, aguardente). Esse limite deve ser reduzido à metade para homens de baixo peso e mulheres.
7. A hipertensão não apresenta sintomas e, por isso, é difícil de diagnosticar?
Verdade. Segundo o cardiologista Rodrigo Aguilar, a hipertensão arterial é frequentemente chamada de “assassina silenciosa” porque, na maioria dos casos, não apresenta sintomas óbvios. Muitas pessoas com hipertensão não percebem que têm a condição até que sejam diagnosticadas durante um exame médico de rotina ou até que ocorram complicações relacionadas. Quando os sintomas estão presentes, eles podem incluir: dores de cabeça, tontura, falta de ar, visão embaçada, sangramento nasal, fadiga e zumbido nos ouvidos.
A cardiologista Jamila Xavier lamenta que é muito difícil a hipertensão apresentar sintomas: “Este é o perigo da doença, ela é silenciosa. Quando os sintomas aparecem, principalmente de forma aguda, pode ser tarde demais, pois podemos estar diante de quadros ameaçadores à vida, como infarto e derrame, por exemplo”.
8. Quem tem pressão alta tem mais risco de apresentar doenças?
Verdade. Segundo a cardiologista do HUJM- UFMT, o paciente hipertenso tem maior risco de ter doenças cardíacas, cerebrais e renais. Apresentam, também, até quatro vezes mais chances de apresentar doenças ateroscleróticas (placas de gordura), como o infarto e o derrame.
O cardiologista Rodrigo Aguilar reforça que a hipertensão arterial, se não controlada adequadamente, é um fator de risco significativo para uma série de condições médicas graves. Alguns dos riscos associados à pressão arterial elevada incluem doenças cardiovasculares, como: infarto, insuficiência cardíaca e derrame cerebral; doença renal crônica, perda da função dos rins com risco de hemodiálise; problemas oculares, com risco de comprometimento da visão; e complicações durante a gestação.
9. Apenas pessoas mais velhas podem ter hipertensão?
Mito. Segundo o cardiologista Rodrigo Aguilar, embora a hipertensão seja mais comum em adultos mais velhos, ela pode ocorrer em pessoas de todas as idades, incluindo crianças e jovens adultos. Fatores de risco para hipertensão incluem histórico familiar da condição, excesso de peso, falta de atividade física, consumo excessivo de álcool, tabagismo, estresse crônico e dieta pouco saudável. É importante que pessoas de todas as idades monitorem regularmente sua pressão arterial e adotem um estilo de vida saudável para prevenir ou controlar a hipertensão. Aguilar lamenta: “Hipertensão é a doença crônica mais comum entre brasileiros. Estima-se que 38 milhões tenham pressão alta – ou cerca de 32% dos adultos. Entre os idosos, a situação é mais crítica: em torno de 60% têm hipertensão. Como a população idosa no Brasil deve crescer nos próximos anos, a incidência da doença deve aumentar junto”.
10. Hipertensão tem cura?
Verdade. Apesar de ser mais incomum, a cardiologista Jamila Xavier revela que em 5% dos casos, a pressão alta é sinal de alguma outra doença e, nesses casos específicos, é chamado de hipertensão secundária. A depender da causa, podem ser condições que apresentem cura se tratadas adequadamente, reestabelecendo os níveis normais de pressão do paciente. Já em 95% dos casos a hipertensão é uma doença crônica, de longa duração, e sua cura é muito difícil. Pode ocorrer em situações em que o paciente conquiste uma mudança radical no seu estilo de vida, com hábitos alimentares e físicos saudáveis, ou mesmo aqueles que são submetidos a cirurgia bariátrica e conseguem, através da perda importante de peso, controlar seus níveis pressóricos. Infelizmente, na maioria dos casos, a cura não é possível e o controle dos níveis de pressão arterial dependerá do uso correto de medicações anti-hipertensivas e de hábitos saudáveis de vida.
O cardiologista HU-UFSCar reforça que apesar de geralmente não apresentar cura, a hipertensão pode ser controlada eficazmente com mudanças no estilo de vida e, se necessário, medicação. As mudanças no estilo de vida que podem ajudar a controlar a pressão arterial incluem: dieta saudável, exercício físico regular, manutenção de um peso saudável, limitação do consumo de álcool e parar de fumar. O objetivo do tratamento é manter a pressão arterial dentro de faixas saudáveis para reduzir o risco de complicações relacionadas à hipertensão. Com informações da Assessoria de Comunicação da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares.