Conheça os sintomas e formas de prevenção as hantaviroses

Pouco conhecidas por grande parte da população, as hantaviroses são doenças que podem ser transmitidas para o homem por meio da mordedura ou do contato com fezes, urina ou saliva de roedores urbanos ou silvestres. A chegada do período de seca e de outono e inverno é muito propícia para a disseminação dessas doenças, uma vez que estes animais se direcionam para os locais de vivência dos humanos em busca de alimento e abrigo.

Referência técnica da Vigilância das Hantaviroses da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), Andréia Roberto Santos explica que são zoonoses causadas por vírus do grupo hantavírus e estão relacionadas, principalmente, às atividades agropecuárias, domésticas ou de lazer que estejam ligadas à exposição a esses animais. Elas podem se apresentar sob diferentes formas. “A reação humana pode variar desde assintomática até as formas mais graves, como a febre hemorrágica com síndrome renal (FHSR) e a síndrome cardiopulmonar por hantavírus (SCPH), que é a mais ocorrente no Brasil”, afirma.

Cada paciente desenvolve uma forma variável de sintomas da doença. Na fase inicial, os sinais mais frequentes são febre, dor muscular ou no dorso lombar, dor abdominal, diminuição da força física, dor de cabeça intensa e sintomas gastrointestinais como náuseas, vômitos e diarreia. Os sintomas podem durar de um a 15 dias, regredindo após esse período. “É muito importante deixar claro que, se houver algum desses sinais, após o contato com roedores, o indivíduo deve procurar atendimento médico”, explica Andréia.

Dados do Sistema de informação de agravos de notificação (Sinan) apontam que, em 2023, Minas Gerais recebeu 19 notificações de casos suspeitos da doença. De 2012 a 2023 foram notificados 737 casos e 50 óbitos em decorrência das hantaviroses. As Unidades Regionais de Saúde que registraram o maior número de notificações neste período foram Divinópolis, Passos, Patos de Minas, Uberaba e Uberlândia.

Ainda de acordo com o Sinan, Minas teve 78 casos confirmados para síndrome cardiopulmonar por hantavírus (SCPH) e 41 óbitos foram relacionados às complicações da doença, entre os anos de 2012 e 2023. A SCPH acomete predominantemente homens em faixa etária produtiva e, por isso, é considerada uma doença ocupacional. Dos casos notificados, o gênero masculino representa 71,8%. As faixas etárias mais acometidas, no caso dos homens, são de 35-49 anos, 20-34 anos e 50-64 anos, nessa ordem.

Andréia Roberto Santos esclarece ainda que a SCPH é dividida em quatro fases: prodrômica, cardiopulmonar, diurética e de convalescença. “A fase mais grave é a cardiopulmonar, na qual ocorrem sintomas como febre, dispneia (sensação de falta de ar), taquipneia (respiração muito acelerada), aumento da frequência cardíaca, tosse seca, hipotensão, edema pulmonar não cardiogênico e choque circulatório”, destaca.

Transmissão
Os humanos são infectados pelo hantavírus por meio da inalação dos aerossóis presentes na urina, fezes e saliva de roedores infectados. Outras formas de transmissão são por meio de escoriações cutâneas, mordedura de roedores, pelo contato do vírus com as mucosas (olho, boca ou nariz) ou pela contaminação das mãos com as excretas dos roedores.

O período de incubação do vírus é de uma a cinco semanas, em média, podendo variar de três a 60 dias. Em países da América do Sul, a transmissão pessoa a pessoa foi notificada esporadicamente.

Diagnóstico e tratamento
A orientação é de que o paciente procure atendimento médico em uma Unidade de Saúde assim que observar os sintomas similares aos da hantavirose, para que seja feita uma avaliação clínica.

O diagnóstico é realizado por exames laboratoriais, disponibilizados pelo SUS. A coleta de sangue deve ser feita logo após o médico suspeitar da doença, pois a produção de anticorpos pelo organismo acontece junto ao início dos sintomas.

É indicado que o profissional de saúde também solicite exames diagnósticos diferenciais para doenças com sintomatologia similar, como leptospirose, febre maculosa, influenza, triquinelose, malária, pneumonias, histoplasmose, síndrome respiratória aguda, doenças reumatoides e doença pulmonar obstrutiva crônica.

Não existe tratamento com drogas antivirais específicas para o hantavírus. O tratamento para a doença é disponibilizado pelo SUS e os medicamentos prescritos são baseados nos sintomas clínicos apresentados. Recomenda-se o isolamento do paciente. Outras opções para tratar os sintomas podem incluir hidratação, assistência ventilatória, hemodiálise, internação em UTI e terapia para evitar choque.

Medidas preventivas: 

  • Eliminar os resíduos que possam servir para abrigos, construções de tocas e ninhos, assim como reduzir as fontes de água e alimento para ratos e outros roedores;
  • Não deixar entulhos e objetos inúteis no interior e ao redor do domicílio, mantendo limpeza diária, pois esses objetos podem servir de proteção e/ou abrigo para roedores;
  • Manter a vegetação rasteira em um raio de pelo menos 40 metros ao redor de qualquer edificação (casa, silo, paiol, abrigo de animais e outros), visando dificultar o acesso do roedor a esses locais, dessa forma ele não encontrará refúgio e proteção;
  • Acondicionar alimentos de consumo humano, grãos e rações para animais armazenados em recipientes fechados, à prova de roedores, no interior das edificações. Para facilitar a limpeza, esses recipientes devem estar sobre mesas, prateleiras ou estrados a pelo menos 40 cm do solo;
  • Vedar fendas e outras aberturas com diâmetro superior a 0,5 cm, para evitar o ingresso de roedores no interior dos domicílios e anexos;
  • Não deixar rações de animais expostas e remover diariamente, no período noturno, as sobras dos alimentos de animais domésticos, dando-lhes destino adequado;
  • Enterrar o lixo orgânico, caso não exista coleta regular, respeitando-se uma distância mínima de 30 m de qualquer edificação;
  • Limitar o plantio a uma distância mínima de 40 m de qualquer edificação;
  • Os produtos colhidos, assim como os restos de colheita, não devem pernoitar no campo;
  • Armazenar insumos e produtos agrícolas (adubos, sementes, grãos e hortifrutigranjeiros) sobre estrados a 40 cm de altura do piso, em depósitos (silos e tulhas) situados a uma distância mínima de 40 m do domicílio ou de áreas de plantio, pastagens e matas nativas;
  • Construir o paiol ou tulha a uma altura mínima de 40 cm do solo, com escada removível e rateiras dispostas em cada suporte, para evitar o acesso dos roedores a edificações.

Com Agência Minas

PUBLICIDADE
[wp_bannerize_pro id="valenoticias"]
Don`t copy text!